Por Altamiro Borges
A imprensa brasileira é mesmo muito cínica e cruel. Durante vários anos, ela endeusou o empresário Eike Batista. Jornalões, revistonas e emissoras de tevê e rádio exibiam o ricaço como um exemplo de sucesso, como a expressão mais reluzente do “deus-mercado”. Depois, quando surgiram as primeiras denúncias de suas falcatruas, a mídia passou a criticá-lo – não com a mesma contundência com que escandaliza os “políticos sujos” e as “estatais corruptas”. Agora, com sua ordem de prisão decretada, ela simplesmente passou a demoniza-lo, sem fazer qualquer autocrítica da bajulação do passado. As capas das revistas ‘Veja’ e ‘Época’ desta semana, que retratam Eike Batista como um marginal, confirmam todo o cinismo da mídia venal.
A revista do esgoto, editada na marginal, é a mais escrota de todas. Ela já deu várias manchetes e chamadas de capa para o bilionário – sabe-se lá a que preço. Na edição de janeiro de 2012, o empresário aparece com trajes chineses e com o título garrafal: “Eike Xiaoping”. Ele foi comparado à pujança econômica da China, sendo tratado como a cara de um Brasil que “trabalha muito, compete honestamente, orgulha-se de gerar empregos e não se envergonha da riqueza”. O servil Eurípedes Alcântara, diretor de redação da ‘Veja”, escreveu um editorial, a “Carta ao Leitor”, só com louvores ao fenômeno empresarial. O jornalista Lauro Jardim – que militava na revista do esgoto e hoje serve ao jornal O Globo – publicou mais de 300 notas sobre o ricaço.
Com o tempo, a máscara do empresário que “trabalha muito, compete honestamente e não se envergonha da riqueza” – tanto que gostava de ostentar seus carrões de luxos e suas mansões – foi caindo. A mídia privada deixou de tratá-lo como exemplo da eficiência e da pujança do capitalismo tupiniquim. Mas nunca fez autocrítica por ter vendido gato por lebre, enganando tantos otários que gozam com a riqueza dos outros – como ironizou o blogueiro Leonardo Sakamoto. Neste sábado (28), o editorial da Folha, “Ilusões desfeitas”, até ensaiou uma retratação – mas só ensaiou. No final, o jornal indaga se seria preciso prender o ricaço. “A prisão preventiva se dá num clima de euforia judicial que, talvez, repita a euforia empresarial de anos atrás”.
Em tempo: Sobre as relações da Folha com o empresário hoje demonizado, vale citar um trechinho de um artigo publicado em janeiro de 2012 pelo colunista Sérgio Malbergier, que deixou o jornal em 2016. Intitulado “Eike para presidente”, o texto confirma a tal “euforia empresarial” do passado. “Ser rico no Brasil sempre foi uma ofensa sociológica. Eike Batista chegou para acabar com isso. Ele não é só um bilionário desinibido, confiante, assumido. O pai de Thor é também carismático, empreendedor genuíno, obcecado com o cabelo, nosso primeiro Donald Trump, com bestseller nas livrarias e um senso de autopromoção que pode levá-lo, quem sabe, a subir a rampa do Palácio do Planalto”.
A imprensa brasileira é mesmo muito cínica e cruel. Durante vários anos, ela endeusou o empresário Eike Batista. Jornalões, revistonas e emissoras de tevê e rádio exibiam o ricaço como um exemplo de sucesso, como a expressão mais reluzente do “deus-mercado”. Depois, quando surgiram as primeiras denúncias de suas falcatruas, a mídia passou a criticá-lo – não com a mesma contundência com que escandaliza os “políticos sujos” e as “estatais corruptas”. Agora, com sua ordem de prisão decretada, ela simplesmente passou a demoniza-lo, sem fazer qualquer autocrítica da bajulação do passado. As capas das revistas ‘Veja’ e ‘Época’ desta semana, que retratam Eike Batista como um marginal, confirmam todo o cinismo da mídia venal.
A revista do esgoto, editada na marginal, é a mais escrota de todas. Ela já deu várias manchetes e chamadas de capa para o bilionário – sabe-se lá a que preço. Na edição de janeiro de 2012, o empresário aparece com trajes chineses e com o título garrafal: “Eike Xiaoping”. Ele foi comparado à pujança econômica da China, sendo tratado como a cara de um Brasil que “trabalha muito, compete honestamente, orgulha-se de gerar empregos e não se envergonha da riqueza”. O servil Eurípedes Alcântara, diretor de redação da ‘Veja”, escreveu um editorial, a “Carta ao Leitor”, só com louvores ao fenômeno empresarial. O jornalista Lauro Jardim – que militava na revista do esgoto e hoje serve ao jornal O Globo – publicou mais de 300 notas sobre o ricaço.
Com o tempo, a máscara do empresário que “trabalha muito, compete honestamente e não se envergonha da riqueza” – tanto que gostava de ostentar seus carrões de luxos e suas mansões – foi caindo. A mídia privada deixou de tratá-lo como exemplo da eficiência e da pujança do capitalismo tupiniquim. Mas nunca fez autocrítica por ter vendido gato por lebre, enganando tantos otários que gozam com a riqueza dos outros – como ironizou o blogueiro Leonardo Sakamoto. Neste sábado (28), o editorial da Folha, “Ilusões desfeitas”, até ensaiou uma retratação – mas só ensaiou. No final, o jornal indaga se seria preciso prender o ricaço. “A prisão preventiva se dá num clima de euforia judicial que, talvez, repita a euforia empresarial de anos atrás”.
Em tempo: Sobre as relações da Folha com o empresário hoje demonizado, vale citar um trechinho de um artigo publicado em janeiro de 2012 pelo colunista Sérgio Malbergier, que deixou o jornal em 2016. Intitulado “Eike para presidente”, o texto confirma a tal “euforia empresarial” do passado. “Ser rico no Brasil sempre foi uma ofensa sociológica. Eike Batista chegou para acabar com isso. Ele não é só um bilionário desinibido, confiante, assumido. O pai de Thor é também carismático, empreendedor genuíno, obcecado com o cabelo, nosso primeiro Donald Trump, com bestseller nas livrarias e um senso de autopromoção que pode levá-lo, quem sabe, a subir a rampa do Palácio do Planalto”.
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