Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:
Um governo fake. Essa é a definição dada por debatedores aos primeiros 100 dias de João Dória Junior à frente da Prefeitura de São Paulo. Em bate-papo na sexta-feira (5), na sede do Barão de Itararé, a ex-vice prefeita Nádia Campeão (PCdoB), o vereador Antonio Donato (PT) e o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindisep), Sergio Antiqueira, discutiram o espetáculo midiático em torno de uma gestão turbinada por muita propaganda, mas esvaziada de ações concretas.
Para Nádia Campeão, é difícil avaliar uma gestão com apenas cinco meses, mas já é possível detectar tendências muito claras sobre o governo de Dória. "A cara dessa gestão é reflexo direto de uma eleição inesperada em primeiro turno, que é como dar um cheque em branco a uma campanha bastante rasa", diz. O programa eleitoral raso apresentado pelo então candidato tucano, salienta Campeão, ajuda na aparência de que se está fazendo cumprindo alguma promessa.
"O conceito de Cidade Linda pega pequenos trechos de avenidas, redirecionando contratos de limpeza e concentrando em avenidas", explica a vice-prefeita de Fernando Haddad. "Na gestão anterior, essas intervenções de limpeza eram feitas nos bairros". Existe a Cidade Linda do Dória e a cidade verdadeira, de acordo com ela. "A cidade verdadeira sofrerá bastante nos próximos quatro anos, mas também acredito que cobrará a fatura de uma gestão que não está à altura de enfrentar os problemas de SP".
Desde que assumiu o cargo, o prefeito já se vestiu de gari, apagou grafites com tinta cinza, escondeu moradores de rua e até atirou flores (recebidas de uma ciclista contrária ao aumento da velocidade nas marginais) pela janela de seu carro. O espetáculo midiático protagonizado diariamente por Dória foi objeto de crítica por parte dos debatedores.
"Dória gera factoides e busca entregar rápido produtos superficiais, sempre mostrando autoridade de 'chefe'", dispara Campeão. A guerra declarada contra os grafites gerou muita mídia ao prefeito, mas ao mesmo tempo, opina Campeão, escancara o seu autoritarismo e a visão que ele tem da cidade.
"O conceito do João Trabalhador, tão destacado na campanha eleitoral, foi por água abaixo depois de Dória desqualificar a greve geral e outras manifestações da classe trabalhadora. O que tem a ver dar duro, trabalhar muito, com ser um trabalhador que enfrenta dificuldades pra valer?", questiona. O programa "genérico e privatizante" levado a cabo pelo tucano deve gerar consequências graves para São Paulo, acredita a ex-vice prefeita. Para ela, a Prefeitura será empobrecida e esvaziada.
Só embalagem não basta
O balanço dos 100 dias de Dória mostra números muito fracos e evidencia que é um governo fake, opina Antonio Donato. Para o vereador, a fantasia de "gestor" é irreal. "Não existe isso, existe a pessoa fazendo política", sentencia. "Dória nos acusa de posição ideológica contra a privatização como se ele não tivesse uma postura ideológica ao defendê-la", exemplifica.
Na visão de Donato, o candidato tucano projetou uma imagem para seu eleitor e, ao ser eleito, tomou ações midiáticas que corresponderam ao que seu eleitorado esperava. "A história toda do Doutor Saúde foi desenvolvida pelo governo Haddad. Só o envelope e a marca foram dados pelo Dória. É fake", detona. "Dória vende uma coisa por outra, como é o caso do Corujão da Saúde. É uma habilidade grande que ele tem. Ele vende, no campo da saúde pública, que o serviço privado é melhor que o público. É uma posição institucional".
Os números desse governo até o momento são pífios, conforme argumenta Donato. "Antes, Dória ia em tudo o tempo todo. Agora, só vai aos sábados de manhã e concentrado no Cidade Linda. É pífia a quilometragem de calçada que Dória fez em 30 dias. O programa é só um selo, uma marca".
Para além do marketing e do espetáculo midiático promovido por Dória, Donato também salienta que há um projeto político e eleitoral entranhado nas ações do prefeito. Quando ofende Lula ou bate de frente com grevistas, por exemplo, Dória se lança como o candidato conservador que "não é frouxo", como outros nomes do PSDB e da direita em geral. "O eleitor olha e pensa: esse aí sim enfrenta os grevistas", sublinha o vereador.
Apesar da embalagem, Donato alerta: o governo de Dória é repleto de fragilidades e problemas. "Pelo que sentimos nos bastidores, este é um governo que bate cabeça, por impor ritmos malucos. Não é dinâmico como aparenta", afirma. A demissão de Soninha Francine da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social escancara essa fissura - na ocasião, Dória gravou um vídeo ao lado de sua 'demitida' justificando a demissão pela falta de agilidade de Francine. Visivelmente incomodada, Francine declarou, posteriormente, que os prazos demandados pelo "gestor" estavam completamente fora da realidade.
Por fim, Donato acredita que, pois mais que Dória 'force a barra' para se vender como um prefeito moderno e que entrega resultados, não se pode contar com a aprovação da população só pela imagem que se passa. "O povo já começa a perceber a superficialidade desse monte de slogans de Dória", pontua o vereador.
Cidade Linda, e à venda
Presidente do sindicato que defende os interesses dos servidores municipais, Sergio Antiqueira relata a preocupação da categoria com o projeto entreguista do prefeito tucano. "Antes de assumir, passamos dois anos dialogando com os trabalhadores sobre o golpe que estava em curso no país. Ao lançar um vídeo em inglês colocando a cidade à venda para a iniciativa privada estrangeira, Dória ajudou e muito a clarear o que está em jogo".
O slogan "Acelera SP", na visão de Antiqueira, pode ser traduzido como "vendamos São Paulo e vendamos rápido". Por isso, a luta contra os retrocessos iminentes de sua gestão não pode atrasar. "As atenções de todos estão voltadas principalmente para a resistência contra as reformas da Previdência e trabalhista, mas o enfrentamento a Temer tem de se estender a Dória, pois passa pela mesma lógica", salienta Antiqueira. "A grande tarefa para além dos nossos movimentos é desconstruir essa imagem fake do prefeito. O problema é o que ele fará até lá, por isso não podemos esperar".
Um governo fake. Essa é a definição dada por debatedores aos primeiros 100 dias de João Dória Junior à frente da Prefeitura de São Paulo. Em bate-papo na sexta-feira (5), na sede do Barão de Itararé, a ex-vice prefeita Nádia Campeão (PCdoB), o vereador Antonio Donato (PT) e o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindisep), Sergio Antiqueira, discutiram o espetáculo midiático em torno de uma gestão turbinada por muita propaganda, mas esvaziada de ações concretas.
Para Nádia Campeão, é difícil avaliar uma gestão com apenas cinco meses, mas já é possível detectar tendências muito claras sobre o governo de Dória. "A cara dessa gestão é reflexo direto de uma eleição inesperada em primeiro turno, que é como dar um cheque em branco a uma campanha bastante rasa", diz. O programa eleitoral raso apresentado pelo então candidato tucano, salienta Campeão, ajuda na aparência de que se está fazendo cumprindo alguma promessa.
"O conceito de Cidade Linda pega pequenos trechos de avenidas, redirecionando contratos de limpeza e concentrando em avenidas", explica a vice-prefeita de Fernando Haddad. "Na gestão anterior, essas intervenções de limpeza eram feitas nos bairros". Existe a Cidade Linda do Dória e a cidade verdadeira, de acordo com ela. "A cidade verdadeira sofrerá bastante nos próximos quatro anos, mas também acredito que cobrará a fatura de uma gestão que não está à altura de enfrentar os problemas de SP".
Desde que assumiu o cargo, o prefeito já se vestiu de gari, apagou grafites com tinta cinza, escondeu moradores de rua e até atirou flores (recebidas de uma ciclista contrária ao aumento da velocidade nas marginais) pela janela de seu carro. O espetáculo midiático protagonizado diariamente por Dória foi objeto de crítica por parte dos debatedores.
"Dória gera factoides e busca entregar rápido produtos superficiais, sempre mostrando autoridade de 'chefe'", dispara Campeão. A guerra declarada contra os grafites gerou muita mídia ao prefeito, mas ao mesmo tempo, opina Campeão, escancara o seu autoritarismo e a visão que ele tem da cidade.
"O conceito do João Trabalhador, tão destacado na campanha eleitoral, foi por água abaixo depois de Dória desqualificar a greve geral e outras manifestações da classe trabalhadora. O que tem a ver dar duro, trabalhar muito, com ser um trabalhador que enfrenta dificuldades pra valer?", questiona. O programa "genérico e privatizante" levado a cabo pelo tucano deve gerar consequências graves para São Paulo, acredita a ex-vice prefeita. Para ela, a Prefeitura será empobrecida e esvaziada.
Só embalagem não basta
O balanço dos 100 dias de Dória mostra números muito fracos e evidencia que é um governo fake, opina Antonio Donato. Para o vereador, a fantasia de "gestor" é irreal. "Não existe isso, existe a pessoa fazendo política", sentencia. "Dória nos acusa de posição ideológica contra a privatização como se ele não tivesse uma postura ideológica ao defendê-la", exemplifica.
Na visão de Donato, o candidato tucano projetou uma imagem para seu eleitor e, ao ser eleito, tomou ações midiáticas que corresponderam ao que seu eleitorado esperava. "A história toda do Doutor Saúde foi desenvolvida pelo governo Haddad. Só o envelope e a marca foram dados pelo Dória. É fake", detona. "Dória vende uma coisa por outra, como é o caso do Corujão da Saúde. É uma habilidade grande que ele tem. Ele vende, no campo da saúde pública, que o serviço privado é melhor que o público. É uma posição institucional".
Os números desse governo até o momento são pífios, conforme argumenta Donato. "Antes, Dória ia em tudo o tempo todo. Agora, só vai aos sábados de manhã e concentrado no Cidade Linda. É pífia a quilometragem de calçada que Dória fez em 30 dias. O programa é só um selo, uma marca".
Para além do marketing e do espetáculo midiático promovido por Dória, Donato também salienta que há um projeto político e eleitoral entranhado nas ações do prefeito. Quando ofende Lula ou bate de frente com grevistas, por exemplo, Dória se lança como o candidato conservador que "não é frouxo", como outros nomes do PSDB e da direita em geral. "O eleitor olha e pensa: esse aí sim enfrenta os grevistas", sublinha o vereador.
Apesar da embalagem, Donato alerta: o governo de Dória é repleto de fragilidades e problemas. "Pelo que sentimos nos bastidores, este é um governo que bate cabeça, por impor ritmos malucos. Não é dinâmico como aparenta", afirma. A demissão de Soninha Francine da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social escancara essa fissura - na ocasião, Dória gravou um vídeo ao lado de sua 'demitida' justificando a demissão pela falta de agilidade de Francine. Visivelmente incomodada, Francine declarou, posteriormente, que os prazos demandados pelo "gestor" estavam completamente fora da realidade.
Por fim, Donato acredita que, pois mais que Dória 'force a barra' para se vender como um prefeito moderno e que entrega resultados, não se pode contar com a aprovação da população só pela imagem que se passa. "O povo já começa a perceber a superficialidade desse monte de slogans de Dória", pontua o vereador.
Cidade Linda, e à venda
Presidente do sindicato que defende os interesses dos servidores municipais, Sergio Antiqueira relata a preocupação da categoria com o projeto entreguista do prefeito tucano. "Antes de assumir, passamos dois anos dialogando com os trabalhadores sobre o golpe que estava em curso no país. Ao lançar um vídeo em inglês colocando a cidade à venda para a iniciativa privada estrangeira, Dória ajudou e muito a clarear o que está em jogo".
O slogan "Acelera SP", na visão de Antiqueira, pode ser traduzido como "vendamos São Paulo e vendamos rápido". Por isso, a luta contra os retrocessos iminentes de sua gestão não pode atrasar. "As atenções de todos estão voltadas principalmente para a resistência contra as reformas da Previdência e trabalhista, mas o enfrentamento a Temer tem de se estender a Dória, pois passa pela mesma lógica", salienta Antiqueira. "A grande tarefa para além dos nossos movimentos é desconstruir essa imagem fake do prefeito. O problema é o que ele fará até lá, por isso não podemos esperar".
1 comentários:
Dizem que se aprende com a história. Não é bem assim. Numa época em que não havia a Internet Collor era modelo de juventude e esperança de um povo. A terceira idade o adorava como modelo de garoto exemplar. Deu no que deu. Hoje João Dória Junior tem a Internet para todo dia dar um show e fazer espetáculo para um povo idiotizado pela mídia.
O povo se comporta a um dromedário, sempre se curva para que montem no lombo dele.
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