Semanas antes de deixar a Procuradoria-Geral da República, Rodrigo Janot entregou a primeira denúncia encaminhada ao Supremo Tribunal Federal contra o presidente ilícito Michel Temer. Nela o procurador equiparava o acusado a um chefe de quadrilha apoiado em três crimes: corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.
Por ter julgado os indícios apontados como consistentes, o relator da Lava Jato, ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de investigação. “Temer dava a necessária estabilidade e segurança ao aparato criminoso, figurando ao mesmo tempo como cúpula e alicerce da organização”, Janot apontou na denúncia. Isso significa que Michel Temer comprou a consciência da Câmara.
Ele estabeleceu a diferença entre os parlamentares que tradicionalmente cobravam verbas para os municípios e aqueles prontos para protegê-lo por interesses absolutamente pessoais. O mesmo ocorreria quando a Câmara julgou a segunda denúncia contra Temer.
Em um país no qual alguns cidadãos navegam na corrupção com profundo conhecimento de causa e muita tranquilidade, a acusação contra o ilícito presidente da República, uma ou duas vezes, não provocou alvoroço.
A vergonha do País parece ter voado pela janela. Atestam os dados recentíssimos do índice de corrupção no Brasil divulgado pela Transparência Internacional. No apogeu da Operação Lava Jato, o rastreamento dessa entidade sustentou uma verdade crucial, mas não surpreendente: 78% dos brasileiros acreditam que o nível da corrupção aumentou.
Como isso aconteceu? Não era para o majestoso Moro acabar com a corrupção? Ao contrário, a corrupção da política no Brasil continua na ordem do dia e se sobrepõe a outros problemas nacionais.
Muitos deles, certamente, mais graves, como é o caso da fome e do desemprego. Os corruptos são antigos e parecem acomodados. Talvez seja assim desde os tempos da Sé de Braga.
Por coincidência, acredite-se assim, está aberta na sede da Associação Paulista de Medicina uma mostra sobre Al Capone, ícone da criminologia mundial. A exposição conta com apoio da Interpol. São 23 imagens do lendário gângster. O espírito dele está por aqui.
Al Capone era chefão de uma gangue. Talvez, guardada a distância, como aquela composta, principalmente, por militantes do PMDB. Temer e Al Capone, no entanto, são iguais e diferentes. Capone foi preso por sonegação de Imposto de Renda. Ainda não se sabe o que, hoje ou amanhã, levará Michel Temer para a cadeia.
0 comentários:
Postar um comentário