Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
A revelação de que sete em cada dez eleitores condenam as privatizações é um dado essencial da conjuntura política. Mostra que o povo está muito mais atento aos assuntos políticos do que é costume reconhecer.
Um placar de 70% representa um apoio indiscutível a ideia de um plebiscito revogatório para mandar para o lixo as medidas anti-nação e anti-povo do governo Temer-Meirelles.
Apesar do pensamento único da grande mídia a favor das privatizações, que teve seu marco inicial num manifesto dos maiores empresários do país reunidos pelo jornal Gazeta Mercantil em 1978 - há 40 anos, portanto - a ideia não conseguiu convencer a maioria da população. A experiência prática também não.
Grandes empresas estatais foram privatizadas de lá para cá, a começar pela Vale do Rio Doce, maior mineradora do mundo. Outras foram entregues ao mercado - como a Embraer -, reservando-se ao Estado apenas a "golden share". A venda da Eletrobrás é vista como fato consumado. Apesar da cobertura desonesta e tendenciosa contra as empresas estatais, financiada por verbas milionárias de publicidade, a mensagem não convenceu. O caso da Petrobras sintomático. Nem mesmo a Lava Jato, utilizada como peça ideológica contra a maior de nossas estatais, conseguiu atingir o efeito desejado.
Pelo contrário: o saldo do debate pode ser descrito como uma típica unanimidade contra. As privatizações são condenadas mesmo em setores onde seria natural imaginar que tivessem apoio significativo.
Entre os eleitores de Geraldo Alckmin, do PSDB, ponta de lança do desmanche do Estado desde os tempos de Fernando Henrique, nada menos que 55% condenam as privatizações. Entre quem pretende votar em Jair Bolsonaro - que apoiou a entrega do Pré-Sal pelo governo Temer - a rejeição é um pouco maior: 58%. Entre os eleitores do MDB, partido de Temer, é de 75%. Na região Sudeste, que sociólogos amigos da Fiesp gostam de apontar como ambiente favorável aos encantos da chamada "livre iniciativa", que remeteria a um certo "espírito bandeirante" dos colonizadores paulistas, a marca é só um pouco abaixo da média nacional: 67% são contra as privatizações.
Na prática, apenas no lado superior da fronteira que separa ricos de pobres, na faixa da minoria que embolsa dez salários mínimos ou mais por mês a ideia tem algum respaldo importante: 55%.Claramente: estamos falando de ricos e pobres; ou de classes sociais.
A partir dessas constatações há um aspecto político a considerar. Basta lembrar que a continuidade da privatização de empresas do Estado, sem qualquer critério, à passo acelerado, constitui a prioridade absoluta da coalizão golpista que assumiu o Planalto em abril de 2016 para entender a contradição fundamental entre a vontade da maioria dos brasileiros e o governo Temer-Meirelles. É impossível imaginar que um programa com tamanha rejeição possa ter apoio nas urnas. Este é o dado explica a comunhão, frequente após a chegada dos governos Lula-Dilma ao Planalto, entre privatização e golpismo.
Na campanha de 2006, Lula recuperou a iniciativa contra Alckmin depois de lembrar a prioridade privatizante do PSDB e seus aliados. Esta consciência dos conservadores, de quem sabe que está condenado a ser minoria, explica o esforço, vergonhoso e sem nenhum tipo de escrúpulo, para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva possa disputar a eleição em 2018. Não há prova contra Lula - apenas o medo de seus adversários, num comportamento que mostra a falta de convicção na possibilidade de uma vitória limpa, nas urnas, na qual cada concorrente tem o direito de defender seu projeto - e permitir que mais de 100 milhões de brasileiros façam sua escolha. Este é o ponto principal. Quando 70% da população de um país tem uma opinião firme sobre determinado assunto, basta recordar que a democracia é a oportunidade para um encontro do povo com sua consciência para entender o que está em jogo em 2018. Alguma dúvida?
A revelação de que sete em cada dez eleitores condenam as privatizações é um dado essencial da conjuntura política. Mostra que o povo está muito mais atento aos assuntos políticos do que é costume reconhecer.
Um placar de 70% representa um apoio indiscutível a ideia de um plebiscito revogatório para mandar para o lixo as medidas anti-nação e anti-povo do governo Temer-Meirelles.
Apesar do pensamento único da grande mídia a favor das privatizações, que teve seu marco inicial num manifesto dos maiores empresários do país reunidos pelo jornal Gazeta Mercantil em 1978 - há 40 anos, portanto - a ideia não conseguiu convencer a maioria da população. A experiência prática também não.
Grandes empresas estatais foram privatizadas de lá para cá, a começar pela Vale do Rio Doce, maior mineradora do mundo. Outras foram entregues ao mercado - como a Embraer -, reservando-se ao Estado apenas a "golden share". A venda da Eletrobrás é vista como fato consumado. Apesar da cobertura desonesta e tendenciosa contra as empresas estatais, financiada por verbas milionárias de publicidade, a mensagem não convenceu. O caso da Petrobras sintomático. Nem mesmo a Lava Jato, utilizada como peça ideológica contra a maior de nossas estatais, conseguiu atingir o efeito desejado.
Pelo contrário: o saldo do debate pode ser descrito como uma típica unanimidade contra. As privatizações são condenadas mesmo em setores onde seria natural imaginar que tivessem apoio significativo.
Entre os eleitores de Geraldo Alckmin, do PSDB, ponta de lança do desmanche do Estado desde os tempos de Fernando Henrique, nada menos que 55% condenam as privatizações. Entre quem pretende votar em Jair Bolsonaro - que apoiou a entrega do Pré-Sal pelo governo Temer - a rejeição é um pouco maior: 58%. Entre os eleitores do MDB, partido de Temer, é de 75%. Na região Sudeste, que sociólogos amigos da Fiesp gostam de apontar como ambiente favorável aos encantos da chamada "livre iniciativa", que remeteria a um certo "espírito bandeirante" dos colonizadores paulistas, a marca é só um pouco abaixo da média nacional: 67% são contra as privatizações.
Na prática, apenas no lado superior da fronteira que separa ricos de pobres, na faixa da minoria que embolsa dez salários mínimos ou mais por mês a ideia tem algum respaldo importante: 55%.Claramente: estamos falando de ricos e pobres; ou de classes sociais.
A partir dessas constatações há um aspecto político a considerar. Basta lembrar que a continuidade da privatização de empresas do Estado, sem qualquer critério, à passo acelerado, constitui a prioridade absoluta da coalizão golpista que assumiu o Planalto em abril de 2016 para entender a contradição fundamental entre a vontade da maioria dos brasileiros e o governo Temer-Meirelles. É impossível imaginar que um programa com tamanha rejeição possa ter apoio nas urnas. Este é o dado explica a comunhão, frequente após a chegada dos governos Lula-Dilma ao Planalto, entre privatização e golpismo.
Na campanha de 2006, Lula recuperou a iniciativa contra Alckmin depois de lembrar a prioridade privatizante do PSDB e seus aliados. Esta consciência dos conservadores, de quem sabe que está condenado a ser minoria, explica o esforço, vergonhoso e sem nenhum tipo de escrúpulo, para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva possa disputar a eleição em 2018. Não há prova contra Lula - apenas o medo de seus adversários, num comportamento que mostra a falta de convicção na possibilidade de uma vitória limpa, nas urnas, na qual cada concorrente tem o direito de defender seu projeto - e permitir que mais de 100 milhões de brasileiros façam sua escolha. Este é o ponto principal. Quando 70% da população de um país tem uma opinião firme sobre determinado assunto, basta recordar que a democracia é a oportunidade para um encontro do povo com sua consciência para entender o que está em jogo em 2018. Alguma dúvida?
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