Por Laura Capriglione, no site Jornalistas Livres:
Desaba a circulação dos jornais (circulação impressa e assinaturas digitais)
O jornal “Folha de S.Paulo” promoverá no próximo dia 19 um debate importantíssimo. Tema: “A Guerra das Palavras: Os Limites do Politicamente Correto”. Trata-se de uma das atividades comemorativas do lançamento da enésima edição do chamado “Manual de Redação”, editado pela “Folha” desde a década de 1980.
Sim, é uma coisa velha, datada.
Sim, é pura pretensão querer normatizar como se deve redigir nesses tempos polifônicos.
Sim, a “Folha” está atrasada 40 anos. O tempo passou na janela da alameda Barão de Limeira (onde fica a sede do jornal), e só os editores minions de lá não viram.
A justa reivindicação por respeito, vocalizada por grupos discriminados e marginalizados, como as mulheres, os negros, os índios, LGBTQs, deficientes físicos, dependentes químicos e moradores das periferias, entre outros, deu origem a um questionamento mais do que legítimo da língua portuguesa, por ela espelhar a estrutura mental racista, sexista e excludente urdida pelos detentores do poder no Brasil desde sempre.
Baniram-se dos círculos esclarecidos expressões, palavras e piadas humilhantes e depreciativas, que serviam apenas para corroborar a condição subalternizada das pessoas não brancas, não heterossexuais, não cisgêneras. Para corroborar a condição subalternizada de todo mundo que não se encaixa no padrão machista e consumista das campanhas publicitárias de cartões de crédito, aquele de gente que “precisar, não precisa”, mas compra.
Para a “Folha”, essa exigência de respeito é apenas uma “Guerra das Palavras”, como se fossem significantes sem significados que deitam raízes em séculos de exclusão, em séculos de machismo e escravidão.
Nossa, coitados dos minions que não podem mais falar que é “coisa de Preto” uma buzinada inesperada durante uma gravação… (Como todos sabem, foi por causa dessa frasezinha que William Waack, ô dó!, perdeu seu empregão no “Jornal da Globo”).
Mais incrível do que tudo, entretanto é o fato de que a mesa chamada “A Guerra das Palavras: Os Limites do Politicamente Correto” terá como debatedores: William Waack (o próprio!), Sergio Rodrigues (Folha) e Carlos Maranhão (ex-Abril), todos sob a batuta do mediador Vinicius Mota (também da Folha).
São todos homens, todos brancos, todos auto-declarados heterossexuais, todos de classe média. Não ocorreu à Folha convidar os negros ofendidos pelo ex-âncora do “Jornal da Globo”. Nem falemos sobre os demais grupos marginalizados e excluídos.
Seria uma piada infame, se não fosse mais da mesma trágica exclusão que estrutura o capitalismo brasileiro. A “Folha” é o jornal da Casa Grande. Não é por nada que lhe desabam a circulação, o alcance e o leitorado. Bem feito!
Sim, é uma coisa velha, datada.
Sim, é pura pretensão querer normatizar como se deve redigir nesses tempos polifônicos.
Sim, a “Folha” está atrasada 40 anos. O tempo passou na janela da alameda Barão de Limeira (onde fica a sede do jornal), e só os editores minions de lá não viram.
A justa reivindicação por respeito, vocalizada por grupos discriminados e marginalizados, como as mulheres, os negros, os índios, LGBTQs, deficientes físicos, dependentes químicos e moradores das periferias, entre outros, deu origem a um questionamento mais do que legítimo da língua portuguesa, por ela espelhar a estrutura mental racista, sexista e excludente urdida pelos detentores do poder no Brasil desde sempre.
Baniram-se dos círculos esclarecidos expressões, palavras e piadas humilhantes e depreciativas, que serviam apenas para corroborar a condição subalternizada das pessoas não brancas, não heterossexuais, não cisgêneras. Para corroborar a condição subalternizada de todo mundo que não se encaixa no padrão machista e consumista das campanhas publicitárias de cartões de crédito, aquele de gente que “precisar, não precisa”, mas compra.
Para a “Folha”, essa exigência de respeito é apenas uma “Guerra das Palavras”, como se fossem significantes sem significados que deitam raízes em séculos de exclusão, em séculos de machismo e escravidão.
Nossa, coitados dos minions que não podem mais falar que é “coisa de Preto” uma buzinada inesperada durante uma gravação… (Como todos sabem, foi por causa dessa frasezinha que William Waack, ô dó!, perdeu seu empregão no “Jornal da Globo”).
Mais incrível do que tudo, entretanto é o fato de que a mesa chamada “A Guerra das Palavras: Os Limites do Politicamente Correto” terá como debatedores: William Waack (o próprio!), Sergio Rodrigues (Folha) e Carlos Maranhão (ex-Abril), todos sob a batuta do mediador Vinicius Mota (também da Folha).
São todos homens, todos brancos, todos auto-declarados heterossexuais, todos de classe média. Não ocorreu à Folha convidar os negros ofendidos pelo ex-âncora do “Jornal da Globo”. Nem falemos sobre os demais grupos marginalizados e excluídos.
Seria uma piada infame, se não fosse mais da mesma trágica exclusão que estrutura o capitalismo brasileiro. A “Folha” é o jornal da Casa Grande. Não é por nada que lhe desabam a circulação, o alcance e o leitorado. Bem feito!
Desaba a circulação dos jornais (circulação impressa e assinaturas digitais)
0 comentários:
Postar um comentário