Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
A recusa do empresário Josué Alencar em ser vice de Geraldo Alckmin, que parece consumada, foi um tropeço, mas isso não tira do tucano a vantagem conseguida com o apoio do Centrão.
Este apoio, por sua vez, não é garantia automática de um crescimento que o leve ao segundo turno.
Mas, com sua ampla coligação, Alckmin firmou-se como candidato do establishment, em situação que contrasta com a dos partidos de esquerda. Unindo suas forças, a direita agora vai com tudo em busca de uma vaga no segundo turno.
A resposta tem que ser a unidade, gritam todos na esquerda, mas ninguém se move.
Prevalece a velha dificuldade para avaliarem conjuntamente o quadro, definindo a estratégia e abdicando de ganhos partidários, em nome da vitória ou da mera sobrevivência.
Foi intensa a boataria ontem sobre os rumos do PSB, dividido entre apoiar Ciro Gomes ou o candidato do PT.
A reunião do diretório nacional, no dia 30, empurrará a decisão para a convenção, dia 5.
Ciro precisa deste apoio muito mais que o PT, seja para ampliar seu curto tempo de televisão, seja para provar alguma capacidade de agregação, depois de ter sido preterido pelo Centrão.
Se a decisão do PSB for não apoiar ninguém, será igualmente ruim para Ciro e o PT, hoje também isolado.
Em 2002, foi ampliando as alianças ao centro – trabalho realizado por José Dirceu – que Lula finalmente se elegeu.
O PCdoB, na ausência de qualquer disposição para a unidade, segue com a candidatura de Manuela D'Ávila.
Diz-se também que é tarde, porque o PT fincou pé na decisão de levar ao limite a candidatura de Lula.
Nenhum partido que tivesse o líder nas pesquisas encarcerado por conta de uma condenação sem provas, num processo que correu com celeridade inédita para os padrões da justiça brasileira, tomaria posição diferente, abdicando por antecipação em favor do candidato de outro partido, com menor potencial.
Esgotados os recursos jurídicos, o substituto será apresentado, numa aposta ousada e arriscada na transferência de votos.
Uma chance?
Mas haverá um momento, e uma chance, para a unidade ainda no primeiro turno, dizem os utópicos da unidade.
Quando Lula for definitivamente impedido, o que deve acontecer em meados de setembro, o PT pode não necessariamente lançar o nome a ser ungido por Lula.
Nesta hora, será preciso avaliar o potencial de Ciro e as chances reais de transferência. Da mesma forma, nessa hora Ciro deverá considerar a hipótese de desistir para apoiar o candidato do PT, se os indicadores forem favoráveis a ele.
É difícil acreditar que isso possa acontecer, por tudo que já se viu em matéria de autofagia na esquerda.
Para não ir longe, Collor não teria ganhado em 1989 se Brizola e Lula não tivessem disputado a segunda vaga. Anos mais tarde Lula admitiu que não estava preparado e que Brizola tinha precedência.
A propósito da incapacidade atávica da esquerda para a unidade, ouvi o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) relatar a um amigo conversações recentes com o PSOL, que o chamara a examinar a possibilidade de uma aliança local com o PSB.
Ouviu inicialmente que a vaga de vice não poderia ser cedida ao PSB. Molon obteve o OK do partido.
Quando foram discutir o Senado, o PSOL informou que teria de ficar com as duas vagas. Mais uma vez o PSB cedeu.
Foram discutir o legislativo, e o PSOL informou que não haveria coligação para deputados estaduais, só para federais, mas com uma condição: o tempo de televisão teria que ser dividido igualmente. E o PSB tem um tempo cinco vezes maior. A conversa acabou. “Na esquerda falta generosidade até para receber apoio”, diz Molon.
O preferido
O PR vendeu o nome de Josué Alencar a Alckmin sem consultá-lo. Muito antes, a preferência do tucano já era por Mendonça Filho (DEM-PE), embora ele vincule a chapa a Temer, de quem foi ministro.
Um caso
Nem tudo é desunião na esquerda.
A presidente do PCdoB, Luciana Santos, será vice na chapa do governador Paulo Câmara (PSB-PE).
A recusa do empresário Josué Alencar em ser vice de Geraldo Alckmin, que parece consumada, foi um tropeço, mas isso não tira do tucano a vantagem conseguida com o apoio do Centrão.
Este apoio, por sua vez, não é garantia automática de um crescimento que o leve ao segundo turno.
Mas, com sua ampla coligação, Alckmin firmou-se como candidato do establishment, em situação que contrasta com a dos partidos de esquerda. Unindo suas forças, a direita agora vai com tudo em busca de uma vaga no segundo turno.
A resposta tem que ser a unidade, gritam todos na esquerda, mas ninguém se move.
Prevalece a velha dificuldade para avaliarem conjuntamente o quadro, definindo a estratégia e abdicando de ganhos partidários, em nome da vitória ou da mera sobrevivência.
Foi intensa a boataria ontem sobre os rumos do PSB, dividido entre apoiar Ciro Gomes ou o candidato do PT.
A reunião do diretório nacional, no dia 30, empurrará a decisão para a convenção, dia 5.
Ciro precisa deste apoio muito mais que o PT, seja para ampliar seu curto tempo de televisão, seja para provar alguma capacidade de agregação, depois de ter sido preterido pelo Centrão.
Se a decisão do PSB for não apoiar ninguém, será igualmente ruim para Ciro e o PT, hoje também isolado.
Em 2002, foi ampliando as alianças ao centro – trabalho realizado por José Dirceu – que Lula finalmente se elegeu.
O PCdoB, na ausência de qualquer disposição para a unidade, segue com a candidatura de Manuela D'Ávila.
Diz-se também que é tarde, porque o PT fincou pé na decisão de levar ao limite a candidatura de Lula.
Nenhum partido que tivesse o líder nas pesquisas encarcerado por conta de uma condenação sem provas, num processo que correu com celeridade inédita para os padrões da justiça brasileira, tomaria posição diferente, abdicando por antecipação em favor do candidato de outro partido, com menor potencial.
Esgotados os recursos jurídicos, o substituto será apresentado, numa aposta ousada e arriscada na transferência de votos.
Uma chance?
Mas haverá um momento, e uma chance, para a unidade ainda no primeiro turno, dizem os utópicos da unidade.
Quando Lula for definitivamente impedido, o que deve acontecer em meados de setembro, o PT pode não necessariamente lançar o nome a ser ungido por Lula.
Nesta hora, será preciso avaliar o potencial de Ciro e as chances reais de transferência. Da mesma forma, nessa hora Ciro deverá considerar a hipótese de desistir para apoiar o candidato do PT, se os indicadores forem favoráveis a ele.
É difícil acreditar que isso possa acontecer, por tudo que já se viu em matéria de autofagia na esquerda.
Para não ir longe, Collor não teria ganhado em 1989 se Brizola e Lula não tivessem disputado a segunda vaga. Anos mais tarde Lula admitiu que não estava preparado e que Brizola tinha precedência.
A propósito da incapacidade atávica da esquerda para a unidade, ouvi o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) relatar a um amigo conversações recentes com o PSOL, que o chamara a examinar a possibilidade de uma aliança local com o PSB.
Ouviu inicialmente que a vaga de vice não poderia ser cedida ao PSB. Molon obteve o OK do partido.
Quando foram discutir o Senado, o PSOL informou que teria de ficar com as duas vagas. Mais uma vez o PSB cedeu.
Foram discutir o legislativo, e o PSOL informou que não haveria coligação para deputados estaduais, só para federais, mas com uma condição: o tempo de televisão teria que ser dividido igualmente. E o PSB tem um tempo cinco vezes maior. A conversa acabou. “Na esquerda falta generosidade até para receber apoio”, diz Molon.
O preferido
O PR vendeu o nome de Josué Alencar a Alckmin sem consultá-lo. Muito antes, a preferência do tucano já era por Mendonça Filho (DEM-PE), embora ele vincule a chapa a Temer, de quem foi ministro.
Um caso
Nem tudo é desunião na esquerda.
A presidente do PCdoB, Luciana Santos, será vice na chapa do governador Paulo Câmara (PSB-PE).
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