terça-feira, 25 de setembro de 2018

Bolsonaro e o ovo da serpente

Por Henrique Matthiesen

Há tempos é germinado, em meio às classes dominantes pátrias, o ovo da serpente cuja objetivação é a negação da política, a consolidação de um senso comum conservador, e a eliminação de seus antagonistas, aniquilando a democracia e bestificando a sociedade.

Países mais sofisticados, culturalmente, já pariram este mal como no caso da Alemanha, de Adolfo Hitler; da Itália, de Benito Mussolini; entre outros.

Contemporaneamente a Europa, em alguns países, volta a este período obscuro com a crescente extrema-direita em ascensão naquele continente.

No Brasil o ovo germinado se apresenta apocalipticamente com sete cabeças, ou seja, é a bestialização inconteste da patologia que atinge nossa sociedade indiscriminadamente.

Todos os rancores, preconceitos e ódios afloram em uma campanha eleitoral que renega qualquer discussão programática de projetos ou de vindouro. Há uma desertificação aguda da esperança; e o que vale é exterminar, eliminar o adversário.

Responsável direto por esta ameaça real e eminente que faz o Brasil bailar a beira do precipício está o sistema rentista, o monopólio midiático, as classes dominantes e os partidos que não enxergam qualquer projeto nacional, mas, única e exclusivamente o poder.

Esta serpente nasce com uma de suas cabeças negando absolutamente toda a política; porquanto assim, as próprias instituições e o sistema da conceituação do Estado Democrático de Direto. É autoritária e saudosista do totalitarismo e dos métodos anti-humanistas.

Outra característica intrínseca a uma de suas cabeças está o mais vil racismo. É segregacionista, não perdoa a Lei Áurea, e acredita na superioridade racial, onde classifica o ser humano por conta da cor de sua pele.

Homofônica em sua origem quer ditar comportamentos à base de um conservadorismo, a partir da força e da imposição de seus pensamentos, muitos dos quais messiânicos.

Atributo peculiar desta serpente, em uma de suas cabeças, está o liberalismo selvagem. Liberal e seguidora do estado mínimo é herdeira da corrente elitista que advoga um estado, apenas para sua autolocupletação; porquanto o estado tem a prerrogativa apenas para servi-la.

Machistas adjetivam a mulher como ser inferior; apenas como reprodutoras; sem função social; como meros apêndices do homem; retrógrados na mais fiel síntese da hierarquia de uma superioridade masculina.

Predicado capital desta serpente é sua violência. É acéfala de urbanismo, argumentos, civilidade, composta por bestas feras agressivas e selvagens que nutrem um profundo desprezo pelo debate. Vulgares em suas ações e irracionais em suas atitudes, para esta cabeça o que vale é a força, a imposição.

Como não poderia deixar de ser são discípulos do preconceito de classe, não admitem cidadania ao pobre, ao marginalizado; e são higienistas, afinal, esta categoria social se apresenta como uma praga a ser eliminada.

Este é o ovo da serpente que assombra as eleições brasileiras.

Suas sete cabeças: o autoritarismo, o racismo, a homofobia, o liberalismo selvagem, o machismo e a violência e o preconceito de classes são os predicados que têm se colocado como uma das pontas da extremidade ideológica contemporânea.

É preciso vencer esta serpente e termos responsabilidade para a pacificação nacional.

É urgente trilharmos o caminho do nosso processo civilizatório para o bem do Brasil.

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