Por Gilberto Maringoni
A direita e o conservadorismo decidiram que Bacurau é um filme ruim, raso, populista e de narrativa pobre. O roteiro é unidimensional, são desconsideradas as contradições em uma sociedade complexa e os personagens são arquétipos toscos de manuais de política esquerdista.
Penso serem essas as melhores recomendações para quem não liga para preconceitos pedantes ir correndo ver a fita.
Pois Bacurau rompe a ideia disseminada de apresentar os pobres como figurantes passivos da máquina de moer carne de uma sociedade para lá de injusta. Bacurau vale-se de uma linguagem de paródia à Tarantino – como muitos já apontaram – para injetar sangue nos olhos de quem assiste. Há um pique de gibi na tela.
Sem interpretações chapadas do elenco, com humor sulfúrico e com uma câmera esperta e direção ágil, o filme nos leva a um povoado que se tornou lugar-nenhum nas entranhas do mercado. Foi apagado das redes e mapas internéticos e virtualmente expulso do planeta Terra. É nessa dimensão que a película explode.
Ao contrário de Bom dia para os defuntos, de Manuel Scorza, que faz contundente denúncia de uma derrota camponesa, Bacurau se aventura pela vitória dos de baixo. E aí está a raiz do estranhamento que provoca.
Há algo de Black Mirror nas pouco mais de duas horas de projeção. Fala-se de um futuro próximo, com miseráveis conectados em rede e de um Brasil pós termidor bolsonárico.
O debate estético-narrativo e os ataques nesse terreno – “glauberismo tardio” – encobrem o incômodo político que o filme suscita.
Vejamos Bacurau! Sejamos Bacurau! Bacurauzemo-nos todos! Nada temos a perder a não ser um grande filme e um prazer estético raro.
Os malas que reclamem.
Penso serem essas as melhores recomendações para quem não liga para preconceitos pedantes ir correndo ver a fita.
Pois Bacurau rompe a ideia disseminada de apresentar os pobres como figurantes passivos da máquina de moer carne de uma sociedade para lá de injusta. Bacurau vale-se de uma linguagem de paródia à Tarantino – como muitos já apontaram – para injetar sangue nos olhos de quem assiste. Há um pique de gibi na tela.
Sem interpretações chapadas do elenco, com humor sulfúrico e com uma câmera esperta e direção ágil, o filme nos leva a um povoado que se tornou lugar-nenhum nas entranhas do mercado. Foi apagado das redes e mapas internéticos e virtualmente expulso do planeta Terra. É nessa dimensão que a película explode.
Ao contrário de Bom dia para os defuntos, de Manuel Scorza, que faz contundente denúncia de uma derrota camponesa, Bacurau se aventura pela vitória dos de baixo. E aí está a raiz do estranhamento que provoca.
Há algo de Black Mirror nas pouco mais de duas horas de projeção. Fala-se de um futuro próximo, com miseráveis conectados em rede e de um Brasil pós termidor bolsonárico.
O debate estético-narrativo e os ataques nesse terreno – “glauberismo tardio” – encobrem o incômodo político que o filme suscita.
Vejamos Bacurau! Sejamos Bacurau! Bacurauzemo-nos todos! Nada temos a perder a não ser um grande filme e um prazer estético raro.
Os malas que reclamem.
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