segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Uma autópsia da ascensão do bolsonarismo

Por Victor Saavedra, no site Carta Maior:

Os resultados da última eleição trouxeram à tona a idiossincrasia retrógrada na sociedade brasileira, uma característica que, desde o fim da ditadura, se manteve de certa forma oculta dentro de muitos dos mais de 57 milhões de brasileiros que não duvidaram na hora de entregar o país à única alternativa à volta do PT à presidência durante o segundo turno das eleições presidenciais.

Se por um lado a campanha do capitão reformado, baseada em novas ferramentas e estratégias de comunicação, foi extremamente importante para inculcar medo e apresentar o Messias que salvaria o país da ameaça vermelha, o livro A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI permite conhecer de forma leve, e até mesmo didática, os complexos elementos que definiram o resultado.

Para Cesar Calejon cinco grandes forças motivaram a votação maciça de Jair Bolsonaro: o antipetismo, o elitismo histórico, o dogma religioso, o sentimento de antissistema e o uso de novas ferramentas e estratégias de comunicação. Para o autor esses elementos “seguem totalmente presentes e têm sido usados para fazer a manutenção do governo Bolsonaro, até porque é uma proposta de gestão federal totalmente vazia. Enquanto estadista ele conhece muito pouco, por sua trajetória como deputado do baixo clero durante 30 anos”.

Destrinchando cada um dos tópicos A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI entrega ao leitor uma visão macro de como o discurso apropriado pela direita no Brasil desde as manifestações de 2013 entregaram o poder a uma elite liberal, que em apenas 9 meses de governo já apresenta contradições explícitas entre o que foi proposto durante a campanha e o que está realizando.

Sem pretender se aprofundar na discussão da eleição presidencial, o livro apresenta dados e recursos que permitem a refutar afirmações tão recorrentes quanto equívocas, como que o PT quebrou o Brasil. “Em última análise a despeito da narrativa oficial, usada no impeachment da Dilma Rousseff, em 2016, por exemplo, não resiste à análise dos dados. As reservas internacionais estavam em US$ 370 bilhões, e esse número nunca foi tão alto. O PIB, que teve uma variação macroeconômica entre 2015 e 2016, mas que também foi verificada no PIB global. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o índice de GINI (usado para medir a desigualdade dentro do país), nunca foram tão bons. Os dados desmentem essa afirmação”, afirma Calejon.

Para aqueles que pretendem entender e estudar esses pilares, o livro permite conhecer quais elementos levaram à eleição de Jair Bolsonaro, e quem sabe evitar que o país volte a cair em erros tão grosseiros e crassos enquanto sociedade, e, por extensão, na escolha de seus representantes. O livro conta com as fotos de Adriano Vizoni, fotógrafo que esteve presente durante todo o processo relatado pelo livro.

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