segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Ciro Gomes parece biruta de aeroporto

Por Altamiro Borges

Talvez ainda abatido com o resultado das eleições presidenciais do ano passado, Ciro Gomes segue dando tiros para todos os lados, parecendo biruta de aeroporto. Em entrevista ao site UOL neste domingo (13), ele decidiu destilar seu veneno contra dois renomados jornalistas da mídia alternativa, Paulo Moreira Leite e Kiko Nogueira, e seus respectivos sites – o Brasil-247 e o Diário do Centro do Mundo.

Ao velho estilo dos coronéis, o ex-governador do Ceará não se contrapôs às posições políticas dos dois jornalistas – o que seria compreensível e até positivo no jogo democrático –, mas partiu para ataques pessoais do mais baixo nível. Ele mentiu sobre a trajetória profissional de ambos e fez acusações levianas, rotulando-os de “picaretas” e “corruptos”. Diante dessas difamações grosseiras, 247 e DCM já decidiram ingressar com ação na Justiça – o que fazem muito bem. Deveriam exigir uma indenização bem alta para coibir novas diarreias verborrágicas.

Ainda não se sabe qual foi o motivo que levou o ex-presidenciável a atacar esses dois importantes sites da mídia alternativa – que também são alvos da fúria bolsonarista, assim como o próprio político do PDT quando defende suas teses nacionalistas. O UOL, famoso por estimular a cizânia no campo progressista, nem pode ser acusado de ter provocado a histeria. Foi Ciro Gomes quem insistiu em acionar a sua metralhadora giratória. O que se sabe é que o velho político não tolera críticas, é muito vaidoso, e nunca possuiu qualquer espírito unitário e agregador.

Desde a campanha eleitoral do ano passado, ele adotou uma tática política bastante pragmática – para não dizer oportunista. Achando que devido à prisão de Lula herdaria automaticamente os votos do eleitorado à esquerda, ele tentou seduzir os setores de centro e da direita. Esse pragmatismo exacerbado deu chabu. Não atraiu a cloaca burguesa, que nunca tolerou seu programa desenvolvimentista, e gerou desconfiança no campo popular. O resultado foi a fragorosa derrota nas urnas, o que retroalimentou velhas mágoas e o levou a um desastroso “exílio” na França em pleno segundo turno das eleições presidenciais.

Na sequência, Ciro Gomes dobrou sua aposta nessa tática suicida. De forma pusilânime, passou a tratar Lula como um inimigo e não como um preso político, injustiçado pela midiática Lava-Jato e satanizado pela direita nativa. Ele também se converteu em um antipetista hidrófobo, em nada contribuindo para a formação de uma frente mais ampla para enfrentar a atual onda fascista no Brasil, o que inclusive destoa das posições do seu próprio partido. Essa trajetória errática talvez ajude a entender as calúnias desferidas agora aos jornalistas e sites progressistas.

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