Por Eric Nepomuceno
Cada vez que abre a boca, Paulo Guedes sabe o que diz.
Economista formado, no mais puro sentido da palavra, pela escola de Chicago, ex-funcionário do regime sanguinário de Augusto Pinochet no Chile – dava aulas numa faculdade comandada por um general do governo exterminador –, Guedes é ardoroso defensor das teses neoliberais mais fundamentalistas.
Isso mesmo: as mesmas teses que, aplicadas no Chile desde os tempos de Pinochet, acabaram resultando na explosão social que há mais de um mês sacode as ruas do mesmo país que até agora era visto por ele como uma espécie de modelo a ser seguido.
Aliás, visto por ele e pelo empresariado brasileiro que apoiou e continua apoiando esse governo demencial que leva o Brasil ao precipício onde cairemos todos, os endinheirados e os endividados.
Na cabeça de Guedes e de grande parte do empresariado e dos donos do dinheiro, o único norte é desmontar tudo, entregar tudo, privatizar tudo.
E fazer isso de maneira sistemática, usando toda e qualquer medida com tal de alcançar o objetivo.
Para eles, Mauricio Macri levou a Argentina ao fundo de um poço sem fundo porque foi frouxo.
Se ao invés de ir destruindo aos poucos tivesse desmantelado e entregado tudo de uma vez, numa sequência veloz, o panorama seria outro. Frouxo, aliás, em mais de um aspecto.
Um exemplo dessa frouxidão de Macri?
Ora, não ter imposto medidas extremas para impedir as manifestações populares que levaram correntezas de gente para as ruas de Buenos Aires e culminaram com a volta dos adversários nas eleições de outubro.
Para evitar perigos semelhantes, nada melhor do que se precaver.
E Jair Bolsonaro já deu amplas e reiteradas mostras de que até mesmo em seu permanente desequilíbrio, sua permanente ebulição de ódio e fúria, é uma figura extremamente precavida.
Quando os países vizinhos começaram e enfrentar turbulências de diversas intensidades, ele, em viagem à China, contou que tinha alertado o ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo, para a eventual necessidade de botar as tropas na rua.
Eduardo, o filho deputado, foi mais direto, ameaçando a volta do Ato Institucional número 5, o famigerado AI5.
Até aí, nada de tão anormal: o general empijamado não fez maiores comentários, e cada nova estupidez proferida pelo ex-quase-futuro-embaixador não faz outra coisa além de se somar ao vasto estoque anterior.
A novidade foi Guedes, falando em seu recanto favorito – o país de Donald Trump – ter mencionado o AI5. E não para recriminar, mas para deixar claro que, se houver resistência popular ao desmonte perverso do país – isso que ele, o empresariado, os donos do dinheiro e os integrantes desse governo bestial chamam de ‘programa de reformas – a repressão virá forte.
O registro desse ponto específico é essencial.
É um aviso claro, absolutamente claro, de que para implantar aqui o que Pinochet implantou no Chile, vale tudo.
E que, precavido como é, Bolsonaro não titubeará um átimo de segundo em radicalizar ainda mais, e não apenas em frases tresloucadas e bizarras, mas em iniciativas concretas.
Sim, sim: Paulo Guedes está certo, melhor prevenir que remediar.
Melhor ostentar o espantalho do AI5 antes que os desesperados sequer pensem na hipótese de sair às ruas.
Afinal, há dois Chiles. Um, o do programa de ‘reformas’ de Pinochet, que deve ser copiado rapidamente no Brasil.
E outro, o Chile das consequências do tal programa, o que hoje está em ebulição. Esse deve ser evitado a qualquer preço.
Guedes e seus apoiadores sabem que não dá para ser radical na hora de liquidar direitos e desmantelar, destroçar o país e, ao mesmo tempo, ser tolerante com os desvalidos.
O neoliberalismo em sua vertente mais radical depende, essencialmente, de um duro programa de defesa. Ou seja, de repressão radical e sem limites. Sem limites.
E nisso, Guedes mostrou estar absolutamente certo.
As consequências desse desvario? Ah, isso não é com ele.
Afinal, seu ministério é técnico. Defesa e segurança são temas alheios à sua área.
Cada vez que abre a boca, Paulo Guedes sabe o que diz.
Economista formado, no mais puro sentido da palavra, pela escola de Chicago, ex-funcionário do regime sanguinário de Augusto Pinochet no Chile – dava aulas numa faculdade comandada por um general do governo exterminador –, Guedes é ardoroso defensor das teses neoliberais mais fundamentalistas.
Isso mesmo: as mesmas teses que, aplicadas no Chile desde os tempos de Pinochet, acabaram resultando na explosão social que há mais de um mês sacode as ruas do mesmo país que até agora era visto por ele como uma espécie de modelo a ser seguido.
Aliás, visto por ele e pelo empresariado brasileiro que apoiou e continua apoiando esse governo demencial que leva o Brasil ao precipício onde cairemos todos, os endinheirados e os endividados.
Na cabeça de Guedes e de grande parte do empresariado e dos donos do dinheiro, o único norte é desmontar tudo, entregar tudo, privatizar tudo.
E fazer isso de maneira sistemática, usando toda e qualquer medida com tal de alcançar o objetivo.
Para eles, Mauricio Macri levou a Argentina ao fundo de um poço sem fundo porque foi frouxo.
Se ao invés de ir destruindo aos poucos tivesse desmantelado e entregado tudo de uma vez, numa sequência veloz, o panorama seria outro. Frouxo, aliás, em mais de um aspecto.
Um exemplo dessa frouxidão de Macri?
Ora, não ter imposto medidas extremas para impedir as manifestações populares que levaram correntezas de gente para as ruas de Buenos Aires e culminaram com a volta dos adversários nas eleições de outubro.
Para evitar perigos semelhantes, nada melhor do que se precaver.
E Jair Bolsonaro já deu amplas e reiteradas mostras de que até mesmo em seu permanente desequilíbrio, sua permanente ebulição de ódio e fúria, é uma figura extremamente precavida.
Quando os países vizinhos começaram e enfrentar turbulências de diversas intensidades, ele, em viagem à China, contou que tinha alertado o ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo, para a eventual necessidade de botar as tropas na rua.
Eduardo, o filho deputado, foi mais direto, ameaçando a volta do Ato Institucional número 5, o famigerado AI5.
Até aí, nada de tão anormal: o general empijamado não fez maiores comentários, e cada nova estupidez proferida pelo ex-quase-futuro-embaixador não faz outra coisa além de se somar ao vasto estoque anterior.
A novidade foi Guedes, falando em seu recanto favorito – o país de Donald Trump – ter mencionado o AI5. E não para recriminar, mas para deixar claro que, se houver resistência popular ao desmonte perverso do país – isso que ele, o empresariado, os donos do dinheiro e os integrantes desse governo bestial chamam de ‘programa de reformas – a repressão virá forte.
O registro desse ponto específico é essencial.
É um aviso claro, absolutamente claro, de que para implantar aqui o que Pinochet implantou no Chile, vale tudo.
E que, precavido como é, Bolsonaro não titubeará um átimo de segundo em radicalizar ainda mais, e não apenas em frases tresloucadas e bizarras, mas em iniciativas concretas.
Sim, sim: Paulo Guedes está certo, melhor prevenir que remediar.
Melhor ostentar o espantalho do AI5 antes que os desesperados sequer pensem na hipótese de sair às ruas.
Afinal, há dois Chiles. Um, o do programa de ‘reformas’ de Pinochet, que deve ser copiado rapidamente no Brasil.
E outro, o Chile das consequências do tal programa, o que hoje está em ebulição. Esse deve ser evitado a qualquer preço.
Guedes e seus apoiadores sabem que não dá para ser radical na hora de liquidar direitos e desmantelar, destroçar o país e, ao mesmo tempo, ser tolerante com os desvalidos.
O neoliberalismo em sua vertente mais radical depende, essencialmente, de um duro programa de defesa. Ou seja, de repressão radical e sem limites. Sem limites.
E nisso, Guedes mostrou estar absolutamente certo.
As consequências desse desvario? Ah, isso não é com ele.
Afinal, seu ministério é técnico. Defesa e segurança são temas alheios à sua área.
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