Da revista CartaCapital:
Um edital da Funarte (Fundação Nacional das Artes) para promover a reposição de instrumentos de sopro em bandas restringiu a participação para grupos de um gênero musical popular: o rock.
O detalhe passaria despercebido e, na verdade, já foi condição de um edital passado da Funarte, de 2013, que possuía o mesmo objetivo de conceder instrumentos para determinados tipos de banda. No entanto, a figura do novo presidente da Funarte, Dante Mantovani, deixa a situação ao menos irônica.
Isso porque Mantovani tem um vídeo publicado em seu canal do Youtube em que explica, com detalhes, como que bandas de rock foram “planos soviéticos” para espalhar o comunismo pelo mundo.
No vídeo, o presidente da Funarte comenta longamente sobre a Escola de Frankfurt e a relação dos filósofos com a cultura, em especial, a música. Para isso, exemplificou usando a banda inglesa The Beatles. “Eles precisavam destruir as famílias americanas porque elas eram a sustentação do capitalismo”, diz, relacionando os quatro britânicos a um plano da União Soviética de dominação global.
O que cravou a análise de Dante Mantovani, no entanto, foi a associação em escala feita como conclusão de suas ideias: “O rock ativa as drogas, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto”, comenta.
Segundo o edital deste ano, são elegíveis conjuntos de bandas municipais, bandas sinfônicas e de concerto, bandas filarmônicas, sociedade musical e orquestra de sopro. Serão disponibilizados cerca de 5 milhões de reais para a “ampliação ou reposição do instrumental”.
No edital de 2013, a categoria de orquestras de sopro estava restrita a receber o recurso assim como as bandas de rock, o que caracteriza uma pequena mudança em relação aos parâmetros aplicados pela Funarte.
Outro lado
No fim da tarde de quinta-feira 23, a Funarte divulgou uma nota de esclarecimento endereçada inicialmente ao colunista Lauro Jardim, que primeiro publicou a notícia, e depois aos demais veículos que repercutiram a informação, como CartaCapital. Confira o outro lado da entidade:
Nota de esclarecimento – Prêmio Funarte de Apoio a Bandas de Música 2020
A Fundação Nacional de Artes – Funarte comunica que há equívoco na matéria da Coluna Lauro Jardim, do Jornal O Globo, já repercutida em outros veículos de imprensa.
A alegação da matéria de que “a proibição específica à bandas que tocam rock cai como uma luva para o presidente da Funarte, Dante Mantovani” não corresponde à realidade. Primeiro, porque esse edital serve à distribuição de instrumentos apenas para bandas civis “tradicionais”, e não para outros tipos de bandas. Em segundo lugar, porque a Funarte realiza o Projeto Bandas (do qual faz parte essa ação) há 44 anos, desde 2007 por edital, com os mesmos critérios atuais. A redação atual é quase igual nas três versões anteriores, 2007, 2010 (Procultura) e 2012, não sendo absolutamente uma novidade da gestão Dante Mantovani.
A redação desse item sempre visou apenas a evitar confusão com outros tipos de bandas, não somente as de rock. Estas, como outros tipos de bandas diferentes das bandas civis “tradicionais”, nunca foram incluídas nesse prêmio, como se comprova no texto do edital de 2012: “Não poderão participar deste Edital… ‘bandas de pífanos’, ‘bandas de rock’, ‘bigbands’, orquestra de sopro, bem como conjuntos musicais assemelhados, conjuntos musicais de instituições religiosas, bandas militares…”, etc., conforme comprovado na nota de 2013, cujo link é: https://www.funarte.gov.br/edital/premio-funarte-de-apoio-a-bandas-de-musica-2013/ .
Além disso, “bandas de música” sempre foi considerada pela Funarte como uma linguagem musical específica, distinta das demais. As bandas tradicionais realizam, em milhares de municípios brasileiros, um trabalho de formação musical, que qualifica artistas para orquestras. Por tudo isso, a Fundação mantém há anos a Coordenação de Bandas. Portanto, a Funarte nunca teve, não tem e nunca poderá ter preconceito contra nenhum estilo musical – como se espera de uma instituição federal de Estado.
Fundação Nacional de Artes – Funarte
O detalhe passaria despercebido e, na verdade, já foi condição de um edital passado da Funarte, de 2013, que possuía o mesmo objetivo de conceder instrumentos para determinados tipos de banda. No entanto, a figura do novo presidente da Funarte, Dante Mantovani, deixa a situação ao menos irônica.
Isso porque Mantovani tem um vídeo publicado em seu canal do Youtube em que explica, com detalhes, como que bandas de rock foram “planos soviéticos” para espalhar o comunismo pelo mundo.
No vídeo, o presidente da Funarte comenta longamente sobre a Escola de Frankfurt e a relação dos filósofos com a cultura, em especial, a música. Para isso, exemplificou usando a banda inglesa The Beatles. “Eles precisavam destruir as famílias americanas porque elas eram a sustentação do capitalismo”, diz, relacionando os quatro britânicos a um plano da União Soviética de dominação global.
O que cravou a análise de Dante Mantovani, no entanto, foi a associação em escala feita como conclusão de suas ideias: “O rock ativa as drogas, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto”, comenta.
Segundo o edital deste ano, são elegíveis conjuntos de bandas municipais, bandas sinfônicas e de concerto, bandas filarmônicas, sociedade musical e orquestra de sopro. Serão disponibilizados cerca de 5 milhões de reais para a “ampliação ou reposição do instrumental”.
No edital de 2013, a categoria de orquestras de sopro estava restrita a receber o recurso assim como as bandas de rock, o que caracteriza uma pequena mudança em relação aos parâmetros aplicados pela Funarte.
Outro lado
No fim da tarde de quinta-feira 23, a Funarte divulgou uma nota de esclarecimento endereçada inicialmente ao colunista Lauro Jardim, que primeiro publicou a notícia, e depois aos demais veículos que repercutiram a informação, como CartaCapital. Confira o outro lado da entidade:
Nota de esclarecimento – Prêmio Funarte de Apoio a Bandas de Música 2020
A Fundação Nacional de Artes – Funarte comunica que há equívoco na matéria da Coluna Lauro Jardim, do Jornal O Globo, já repercutida em outros veículos de imprensa.
A alegação da matéria de que “a proibição específica à bandas que tocam rock cai como uma luva para o presidente da Funarte, Dante Mantovani” não corresponde à realidade. Primeiro, porque esse edital serve à distribuição de instrumentos apenas para bandas civis “tradicionais”, e não para outros tipos de bandas. Em segundo lugar, porque a Funarte realiza o Projeto Bandas (do qual faz parte essa ação) há 44 anos, desde 2007 por edital, com os mesmos critérios atuais. A redação atual é quase igual nas três versões anteriores, 2007, 2010 (Procultura) e 2012, não sendo absolutamente uma novidade da gestão Dante Mantovani.
A redação desse item sempre visou apenas a evitar confusão com outros tipos de bandas, não somente as de rock. Estas, como outros tipos de bandas diferentes das bandas civis “tradicionais”, nunca foram incluídas nesse prêmio, como se comprova no texto do edital de 2012: “Não poderão participar deste Edital… ‘bandas de pífanos’, ‘bandas de rock’, ‘bigbands’, orquestra de sopro, bem como conjuntos musicais assemelhados, conjuntos musicais de instituições religiosas, bandas militares…”, etc., conforme comprovado na nota de 2013, cujo link é: https://www.funarte.gov.br/edital/premio-funarte-de-apoio-a-bandas-de-musica-2013/ .
Além disso, “bandas de música” sempre foi considerada pela Funarte como uma linguagem musical específica, distinta das demais. As bandas tradicionais realizam, em milhares de municípios brasileiros, um trabalho de formação musical, que qualifica artistas para orquestras. Por tudo isso, a Fundação mantém há anos a Coordenação de Bandas. Portanto, a Funarte nunca teve, não tem e nunca poderá ter preconceito contra nenhum estilo musical – como se espera de uma instituição federal de Estado.
Fundação Nacional de Artes – Funarte
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