Por Natália Ramos, no jornal Brasil de Fato:
“Cloroquina.”
“Só uma gripezinha.”
“Todos nós vamos morrer um dia.”
“Eu não sou coveiro, tá?”
“E daí?”
Essas foram algumas das falas do presidente da república Jair Messias Bolsonaro em plena pandemia do novo coronavírus. Qual a relação dessas falas com a saúde mental? E por que seriam um perigo?
A cloroquina e a minimização da gravidade da pandemia pelo presidente são as mais novas formas de fake news de Bolsonaro. Se antes houve uma rede organizada de mentiras para elegê-lo, agora essas têm o intuito de mantê-lo no cargo. O problema das falsas notícias é que muitas pessoas de fato acreditam nelas, algumas ingênuas, outras mal intencionadas. E, assim, o presidente segue vendendo mentiras. Se antes o custo das fake news era o cargo de presidente, agora custam vidas.
Ele vende a falsa ideia de que não é necessário se prevenir porque todos pegarão a doença mesmo. Vende a ideia de que é só tomar o remédio "milagroso" que tudo ficará bem. Mas o que os estudos mostram é que não existe relação entre a cloroquina e melhora significativa da doença, ou seja, até o presente momento seguimos sem tratamento com medicamentos específicos para a doença e sem uma vacina. Somando a tudo isso, seguimos com um governo que apenas piora nossa situação.
Aqui no Brasil, além da pandemia, temos um presidente irresponsável para lidar com ela. Seus discursos perigosos incentivam muitos a não apenas abandonar as medidas de segurança, a exemplo do distanciamento social, como também a serem contra essas medidas. Viraram manchetes de jornal as agressões por parte do seu eleitorado a profissionais que atuam no combate à pandemia.
Essa conjuntura de pandemia, por si só, já aumenta o nível de estresse e ansiedade, se tornando um fator desencadeador e intensificador dos adoecimentos psicológicos. No Brasil, em que não cuidamos da nossa saúde mental e com nosso problema maior, a desigualdade social, esse nível de estresse e ansiedade são ainda maiores. Sendo assim, cada um vai lidando com esse momento como pode. Os discursos de Bolsonaro levam a uma forma de lidar com a pandemia pelo viés da negação. Mas negar um problema não o faz desaparecer. Negar um problema não é uma forma de resolvê-lo, muito pelo contrário. Ao negar, criamos uma realidade que não existe para nos confortarmos, e empurramos para debaixo do tapete o que precisamos encarar de forma coletiva.
Ao negar as complicações de uma pandemia, os níveis de contágio continuam subindo; isso implica em mais sofrimento emocional, físico, individual e coletivo. Podemos fechar os olhos e tentar ignorar, mas em algum momento a realidade crua e nua baterá nas nossas portas. Nós sofremos, o Brasil sofre. Por isso Bolsonaro é um perigo. A saída não é pela negação e nem com Bolsonaro. A saída é pelo enfrentamento. Enfrentamento ao coronavírus com amparo na ciência e enfrentamento ao perigo que representa os discursos de Bolsonaro e seu governo.
* Natália Ramos é psicóloga e militante da Consulta Popular.
“Só uma gripezinha.”
“Todos nós vamos morrer um dia.”
“Eu não sou coveiro, tá?”
“E daí?”
Essas foram algumas das falas do presidente da república Jair Messias Bolsonaro em plena pandemia do novo coronavírus. Qual a relação dessas falas com a saúde mental? E por que seriam um perigo?
A cloroquina e a minimização da gravidade da pandemia pelo presidente são as mais novas formas de fake news de Bolsonaro. Se antes houve uma rede organizada de mentiras para elegê-lo, agora essas têm o intuito de mantê-lo no cargo. O problema das falsas notícias é que muitas pessoas de fato acreditam nelas, algumas ingênuas, outras mal intencionadas. E, assim, o presidente segue vendendo mentiras. Se antes o custo das fake news era o cargo de presidente, agora custam vidas.
Ele vende a falsa ideia de que não é necessário se prevenir porque todos pegarão a doença mesmo. Vende a ideia de que é só tomar o remédio "milagroso" que tudo ficará bem. Mas o que os estudos mostram é que não existe relação entre a cloroquina e melhora significativa da doença, ou seja, até o presente momento seguimos sem tratamento com medicamentos específicos para a doença e sem uma vacina. Somando a tudo isso, seguimos com um governo que apenas piora nossa situação.
Aqui no Brasil, além da pandemia, temos um presidente irresponsável para lidar com ela. Seus discursos perigosos incentivam muitos a não apenas abandonar as medidas de segurança, a exemplo do distanciamento social, como também a serem contra essas medidas. Viraram manchetes de jornal as agressões por parte do seu eleitorado a profissionais que atuam no combate à pandemia.
Essa conjuntura de pandemia, por si só, já aumenta o nível de estresse e ansiedade, se tornando um fator desencadeador e intensificador dos adoecimentos psicológicos. No Brasil, em que não cuidamos da nossa saúde mental e com nosso problema maior, a desigualdade social, esse nível de estresse e ansiedade são ainda maiores. Sendo assim, cada um vai lidando com esse momento como pode. Os discursos de Bolsonaro levam a uma forma de lidar com a pandemia pelo viés da negação. Mas negar um problema não o faz desaparecer. Negar um problema não é uma forma de resolvê-lo, muito pelo contrário. Ao negar, criamos uma realidade que não existe para nos confortarmos, e empurramos para debaixo do tapete o que precisamos encarar de forma coletiva.
Ao negar as complicações de uma pandemia, os níveis de contágio continuam subindo; isso implica em mais sofrimento emocional, físico, individual e coletivo. Podemos fechar os olhos e tentar ignorar, mas em algum momento a realidade crua e nua baterá nas nossas portas. Nós sofremos, o Brasil sofre. Por isso Bolsonaro é um perigo. A saída não é pela negação e nem com Bolsonaro. A saída é pelo enfrentamento. Enfrentamento ao coronavírus com amparo na ciência e enfrentamento ao perigo que representa os discursos de Bolsonaro e seu governo.
* Natália Ramos é psicóloga e militante da Consulta Popular.
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