quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Nem os evangélicos botam fé no Crivella

Por Altamiro Borges

O jornal O Dia divulgou na segunda-feira (2) uma pesquisa preocupante para o "capetão" Jair Bolsonaro e o "bispo" Edir Macedo. Realizada pelo instituto Inteligence Serviços, ela mostra o atual prefeito, Marcelo Crivella, em quarto lugar – tendendo a ficar excluído do segundo turno das eleições no Rio de Janeiro.

Segundo a sondagem, o candidato do DEM, o camaleônico ex-prefeito Eduardo Paes, segue liderando a corrida eleitoral. Ele aparece com 32% das intenções de voto. "A surpresa é a ascensão de Benedita da Silva (PT), na segunda posição, com 12%", registra o jornal O Dia.

De acordo com o instituto Inteligence Serviços, Eduardo Paes e Benedita da Silva devem disputar o segundo turno. Martha Rocha (PDT) surge na terceira posição (10,5%) e o “pastor” bolsonarista Marcelo Crivella (Republicanos) despencou para o quarto lugar (9,5%).

Ibope aponta rejeição de 55%

Na sexta-feira (30), o Ibope também havia divulgado uma sondagem sobre as eleições no Rio de Janeiro. Ela não era tão negativa para o prefeito, mas já era bem preocupante. Apontava, entre outros desastres, que a rejeição de Marcelo Crivella já atingia 55% da população.

Pela pesquisa, o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) tinha 14% das intenções de voto, mesmo número da deputada estadual Martha Rocha, do PDT. A candidata do PT, a deputada Benedita da Silva, tinha 9%. Pela margem de erro, os três estavam embolados.

Como registrou o jornal Estadão, “o prefeito não cresceu nas pesquisas mesmo após associar com frequência sua imagem ao presidente Bolsonaro. Essa tem sido a principal estratégia da campanha do mandatário, que enfrenta críticas por sua gestão” – pessimamente avaliada.

Rejeição até na base eleitoral religiosa

O “pastor” também tem explorado sem qualquer escrúpulo o tema da religiosidade popular. Mas também nesse ponto o oportunista não está tão tranquilo. Segundo longa reportagem da Folha, publicada no domingo (1), “Crivella sofre rejeição até de base eleitoral religiosa”.

De acordo com a matéria, assinada pelo repórter Italo Nogueira, “alvo de ações sob acusação de beneficiar grupos evangélicos, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), vê a rejeição a sua candidatura à reeleição invadir sua base eleitoral entre os cristãos”.

“Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, o prefeito é rejeitado por 38% dos evangélicos, segundo pesquisa Datafolha divulgada no dia 22. O número é menor do que os 58% no eleitorado como um todo, mas representa mais de um terço no grupo religioso”.

“O cenário fez com que Crivella reforçasse o vínculo religioso de sua candidatura, estratégia pública oposta àquela que adotou em todas as eleições majoritárias em que acumulou derrotas desde 2004.Nas eleições anteriores, o prefeito sempre buscou se desvincular da Igreja Universal e seu passado como bispo. Com o novo cenário político após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Crivella tem repetido as menções a Deus e religião”.

Duas ações por uso indevido da prefeitura

A mistura indevida e ilegal de religião e política é tão descarada que o prefeito da Iurd já foi alvo de duas ações civis públicas movidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e até de um pedido de impeachment na Câmara Municipal. A Folha relembra os casos:

“A primeira ação foi proposta em 2018 e narra nove situações nas quais, segundo a Promotoria, Crivella beneficiou grupos evangélicos... O processo, ainda não julgado, inclui o episódio conhecido como ‘Fala com a Márcia’. Trata-se da uma reunião no Palácio da Cidade na qual ele oferecia privilégios a líderes de igrejas evangélicas em demandas de serviços públicos”.

“No mês passado, Crivella foi alvo de nova ação civil pública, na qual foi acusado de ceder ilegalmente um terreno do município para projeto da igreja evangélica Marca de Cristo. Além da cessão, a prefeitura realizou obras no local, segundo a Promotoria. Uma das peças desta ação revela uma estratégia de Crivella nos bastidores da pré-campanha: a participação intensa na inauguração de igrejas ou espaços a elas vinculadas”.

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