domingo, 29 de novembro de 2020

Um balanço inicial do 2º turno das eleições

Por Altamiro Borges

A mídia hegemônica solta rojões e afirma que o segundo turno das eleições municipais confirmou "a derrota dos extremos, de Bolsonaro e da esquerda". Na Globo News, os comentaristas não escondem os sentimentos de alegria – só falta um Guga Chacra chorando como no pleito ianque. Será que o resultado foi esse mesmo?

Quanto a Jair Bolsonaro, o fascista que foi chocado pela própria mídia, o resultado foi mesmo um fiasco no seu primeiro teste como presidente. Os candidatos que receberam seu apoio direto foram derrotados. Alguns até esconderam o "capetão" na campanha. A eleição tornou o frágil presidente um refém dos profissionais do DEM e do "Centrão", que cresceram no pleito.


Forças de esquerda estancaram a sangria

Já no que se refere às forças de esquerda, tão demonizadas pela mídia venal, é preciso analisar melhor o resultado do segundo turno. Aparentemente, elas estancaram a sangria, contiveram os danos – o que já é uma vitória política importante. Em 2016, a esquerda levou uma surra nas urnas. Muitos inclusive decretaram sua morte!

Na capital paulista, por exemplo, a esquerda sequer foi ao segundo turno no pleito passado – apesar de estar na máquina, na prefeitura. Desta vez, com a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), que uniu o campo, ela obteve 40,62% dos votos e deu um susto no tucanato e na cloaca burguesa de São Paulo.

Já em Porto Alegre, capital do Fórum Social Mundial e de experiências avançadas de administração – como o orçamento participativo –, a esquerda ficou de fora do segundo turno nas duas eleições passadas. Agora, com a candidatura de Manuela D'Ávila (PCdoB), que também uniu as forças populares, ela teve 45,37% dos votos.

Unidade das esquerdas e juventude cativada

Tanto em São Paulo como em Porto Alegre, só pra ficar nestes dois casos, as jovens candidaturas da esquerda cativaram a juventude, uniram os movimentos sociais e os coletivos de luta contra todas as formas de ódio e preconceito fascista, promoveram o debate político de alto nível, encheram as pessoas de esperança.

Em 2016, o ano da sangria, o PT despencou de 18 para uma única vitória no chamado G96 – grupo que reúne as 26 capitais e as 70 cidades com mais de 200 mil eleitores. Agora, o partido mais estigmatizado pela direita elegeu prefeitos em quatro cidades do G96 (Diadema, Mauá, Contagem e Juiz de Fora) e disputou em 15.

Neste balanço parcial é preciso contabilizar a emblemática vitória de Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém (PA). Já no campo ampliado da centro-esquerda, o PDT venceu em três das quatro prefeituras que disputou José Sarto, em Fortaleza (CE), Edvaldo Nogueira, em Aracaju (SE) e Sergio Vidigal, em Serra (ES). E o PSB elegeu João Campos, em Recife (PE); João Henrique Caldas, em Maceió (AL) e Rubens Bomtempo, em Petrópolis (RJ).

Não dá para falar em "vitória" das esquerdas nas eleições municipais deste ano. Mas também não dá para fazer coro com a mídia hegemônica e gritar que foi uma "baita derrota". A sangria foi estancada e há sinais de recuperação. Agora é preciso tirar ensinamentos para o futuro.

1 comentários:

Anônimo disse...

Para uma primeiro análise Miro, vc foi certero, muito bela visão aprender com os erros, contruir pontes de dialofos, com o. Amo democrático, contrução permanente do campo progressitas, em defesa da democracia , como já foi dito, sem estremos, assim conseguiremos reverter o quadro caótico , abs