terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Arthur Lira, o ditador da Câmara Federal

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados


Por Altamiro Borges

Arthur Lira, o líder do Centrão, projetou-se na política como "soldado" do golpista corrupto Eduardo Cunha. Foi promovido a "general" pelo fascista Jair Bolsonaro. Eleito presidente da Câmara Federal na noite desta segunda-feira (1), ele já dá sinais de que será um ditador. Seu primeiro ato a frente do cargo foi anular a proporcionalidade na composição da Mesa Diretora da Casa.

No mesmo golpe, Arthur Lira também cancelou a formação do bloco que apoiou a candidatura de Baleia Rossi (MDB), principal adversário do bolsonarista na eleição. Ele era formado por 10 siglas (PT, MDB, PSDB, PSB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede). O ditadorzinho alegou que o bloco partidário foi formalizado após o prazo estipulado e convocou nova eleição.

A reação ao seu gesto truculento e arbitrário foi imediata e aponta para um período de fortes tensões no Legislativo. A oposição promete não aceitar calada a ditadura na Câmara dos Deputados. Confira a nota de repúdio dos líderes do PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, PCdoB, Cidadania, PV e Rede:

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“Os partidos que se uniram em torno da defesa de uma Câmara livre e independente repudiam, com a mais intensa veemência, o ato autoritário, antirregimental e ilegal praticado pelo deputado Arthur Lira. A eleição é una: não se pode aceitar só a parte que interessa".

"Ao assim agir, afrontando as regras mais básicas de uma eleição, o referido deputado coloca em sério risco a governabilidade da Casa. A insistir nesse caminho, perderá qualquer condição de presidi-la, já que seu primeiro ato desacredita o que acabara de dizer: que decidiria com imparcialidade".

"Foi a desmoralização mais rápida de um discurso que já se viu. A única voz que o mesmo aceita que se ouça na Mesa Diretora da Câmara é a voz daqueles que com ele concordam. Os que ousam defender uma Câmara altiva ele quer calar, já em seu primeiro ato, tentando esmagar a representatividade de nossos partidos e de nosso bloco.”

Não aceitaremos. Vamos ao Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa da democracia e do Parlamento brasileiro”.

Brasília, 2 de fevereiro de 2021

Líderes e parlamentares do PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, PCdoB, CIDADANIA, PV e REDE


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Em tempo: O PSOL, que não integrou o bloco de apoio a Baleia Rossi, também deve assinar a ação no STF contra o ato arbitrário do bolsonarista Arthur Lira, informa o site G1. "Um presidente não pode pegar a caneta e retroagir a atos anteriores e ainda dificultar qualquer bloco. É obviamente um prenúncio do que virá", justifica a deputada Fernanda Melchionna (RS), vice-líder da sigla.

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