Desde a semana passada, o governo Jair Bolsonaro sofreu sucessivas derrotas políticas associadas à CPI da Covid. Começou pela determinação de criação da comissão pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira (13). A ordem foi ratificada pelo plenário da Corte na quarta (14). Na quinta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), leu em plenário os nomes dos membros da CPI, de maioria oposicionista ou “independente” em relação ao Planalto. E nesta sexta (16), mais uma má notícia referente à CPI da Covid, embora relativa: a quase confirmação de que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) será o relator e Omar Aziz (PSD-AM) presidirá a comissão.
A confirmação dos dois nomes, porém, só ocorrerá no momento de instalação da comissão, em sua primeira reunião, talvez na próxima semana. Por isso, o Planalto ainda tenta conseguir um cenário melhor do que com o opositor Renan na relatoria. A derrota do governo, se confirmados os dois nomes, é relativa porque o cenário não é o pior para ele. Se Renan era persona non grata até mesmo como membro da CPI, a escolha de Aziz para a presidência satisfaz o Planalto pelo menos inicialmente. O senador se coloca como independente.
O presidente da comissão é o responsável por conduzir os trabalhos de investigação. “Renan Calheiros como presidente da CPI da Covid seria mais complicado para o governo, porque ele tem o controle dos requerimentos a serem colocados em pauta e das autoridades a serem ouvidas”, diz Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Mas, se não é dotada do poder da presidência, a relatoria tem potencial de criar situações bombásticas contra o governo, já que é responsável pelas conclusões do parecer final, inclusive quanto a sugestões de indiciamentos.
MDB e Bolsonaro
Depois que a criação da CPI da Covid se tornou inevitável, Bolsonaro e aliados no Senado – onde o presidente tem menos força que na Câmara – fizeram o possível para emplacar nomes mais “confiáveis” ao Planalto. Primeiro, na CPI. Não conseguiu mais do que quatro de 11 nomes (veja abaixo). E, depois, em postos chave. Desde o início, o presidente da República, por meio de emissários, tentou articular para que os senadores Márcio Bittar (MDB-AC) ou Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, representassem o MDB no colegiado. Mas terá de engolir Renan e Eduardo Braga (MDB-AM).
Aziz, o provável presidente, tem posição dúbia. Já criticou a postura do governo na pandemia, mas afirmou, ao O Estado de S. Paulo, que “não tem governo, seja de direita, centro ou esquerda, que não tenha cometido equívocos nessa pandemia”. Ele acrescentou: “O João Doria (PSDB, governador de São Paulo) é 100% contrário ao pensamento do Bolsonaro. São Paulo, por acaso, está vivendo um mar de rosas?”
Mas, à Globonews, na tarde de hoje, afirmou ser preciso apurar os fatos. O governo “bate cabeça”, disse. Criticou o fato de o ministro Marcelo Queiroga (da Saúde) ir para “um lado, o presidente a outro” e se mostrou defensor da ciência. Aziz é do Amazonas, estado que se tornou símbolo do descaso do governo Bolsonaro perante a tragédia sanitária que se abateu sobre Manaus, sobretudo em janeiro. Por isso, pode se ver obrigado, em determinados momentos, a dar satisfações à sua base sobre os motivos que levaram o sistema de saúde de Manaus ao colapso.
A confirmação dos dois nomes, porém, só ocorrerá no momento de instalação da comissão, em sua primeira reunião, talvez na próxima semana. Por isso, o Planalto ainda tenta conseguir um cenário melhor do que com o opositor Renan na relatoria. A derrota do governo, se confirmados os dois nomes, é relativa porque o cenário não é o pior para ele. Se Renan era persona non grata até mesmo como membro da CPI, a escolha de Aziz para a presidência satisfaz o Planalto pelo menos inicialmente. O senador se coloca como independente.
O presidente da comissão é o responsável por conduzir os trabalhos de investigação. “Renan Calheiros como presidente da CPI da Covid seria mais complicado para o governo, porque ele tem o controle dos requerimentos a serem colocados em pauta e das autoridades a serem ouvidas”, diz Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Mas, se não é dotada do poder da presidência, a relatoria tem potencial de criar situações bombásticas contra o governo, já que é responsável pelas conclusões do parecer final, inclusive quanto a sugestões de indiciamentos.
MDB e Bolsonaro
Depois que a criação da CPI da Covid se tornou inevitável, Bolsonaro e aliados no Senado – onde o presidente tem menos força que na Câmara – fizeram o possível para emplacar nomes mais “confiáveis” ao Planalto. Primeiro, na CPI. Não conseguiu mais do que quatro de 11 nomes (veja abaixo). E, depois, em postos chave. Desde o início, o presidente da República, por meio de emissários, tentou articular para que os senadores Márcio Bittar (MDB-AC) ou Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, representassem o MDB no colegiado. Mas terá de engolir Renan e Eduardo Braga (MDB-AM).
Aziz, o provável presidente, tem posição dúbia. Já criticou a postura do governo na pandemia, mas afirmou, ao O Estado de S. Paulo, que “não tem governo, seja de direita, centro ou esquerda, que não tenha cometido equívocos nessa pandemia”. Ele acrescentou: “O João Doria (PSDB, governador de São Paulo) é 100% contrário ao pensamento do Bolsonaro. São Paulo, por acaso, está vivendo um mar de rosas?”
Mas, à Globonews, na tarde de hoje, afirmou ser preciso apurar os fatos. O governo “bate cabeça”, disse. Criticou o fato de o ministro Marcelo Queiroga (da Saúde) ir para “um lado, o presidente a outro” e se mostrou defensor da ciência. Aziz é do Amazonas, estado que se tornou símbolo do descaso do governo Bolsonaro perante a tragédia sanitária que se abateu sobre Manaus, sobretudo em janeiro. Por isso, pode se ver obrigado, em determinados momentos, a dar satisfações à sua base sobre os motivos que levaram o sistema de saúde de Manaus ao colapso.
Confira quem é quem na CPI (titulares)
Oposição: Humberto Costa (PT-PE), Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Tasso Jereissati (PSDB-CE)
Independentes: Omar Aziz (PSD-AM), Eduardo Braga (MDB-AM), Otto Alencar (PSD-BA)
Governistas: Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Girão (Pode-CE), Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC)
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