domingo, 15 de agosto de 2021

Ministro da Justiça entra na mira do STF

Por Altamiro Borges

Mesmo sofrendo ameaças de Jair Bolsonaro e das suas milícias – digitais e reais –, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), parece não estar disposto a recuar no seu enfrentamento ao fascistoide. Na semana passada, ele pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que investigue o ministro-capacho da Justiça, Anderson Torres, por "campanha eleitoral antecipada". É mais um integrante do laranjal bolsonariano que entra na mira da Justiça.

A solicitação foi feita ao corregedor-geral do TSE, Luís Felipe Salomão, tendo como foco a presença de Anderson Torres na famigerada “live” do presidente em 29 de julho – aquela em que o farsante prometeu apresentar provas sobre fraudes nas urnas eletrônicas e confessou, na maior caradura, que não tinha nada de concreto. O serviçal da Justiça, que é delegado da Polícia Federal, teria pedido ao chefinho para participar da transmissão ao vivo, segundo reportagem da revista Veja.

Alexandre de Moraes anexou ao seu pedido a matéria, na qual um amigo do capacho da Justiça relata à revista que ele queria aproveitar a live para “ganhar visibilidade”. Em conversas reservadas, Anderson Torres já revelou a sua intenção de disputar algum mandato público em 2022 pelo Distrito Federal. Jair Bolsonaro estaria garantindo palanque antecipado ao seu capacho, usando transmissões oficiais da presidência, o que pode caracterizar crime eleitoral.

Como lembra a Folha, o ministro do STF já havia determinado semanas antes que a Polícia Federal colhesse depoimento do serviçal da Justiça, mas por outro motivo – o das fake news divulgadas na citada live presidencial. Segundo a matéria, Anderson Torres teria envolvido “peritos da PF na tentativa de Bolsonaro de achar provas contra as urnas eletrônicas. Ele levou dois técnicos para uma reunião no Palácio do Planalto seis dias antes da live sobre o tema... Os peritos que foram ao Planalto participaram dos testes de segurança das urnas nos últimos anos. Eles defendem em relatórios a adoção do voto impresso como forma adicional de auditoria, mas não falam em fraude”.

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