segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Greve dos caminhoneiros: fato ou fake?

Por Altamiro Borges


Devido à relação oportunista de muitas lideranças dos caminhoneiros com o fascista Jair Bolsonaro, há quem duvide da greve do setor marcada para ser iniciada nesta segunda-feira (1). Mas em função das altas seguidas no preço do diesel e do clima tenso com o ministro da Infraestrutura, o bravateiro Tarcísio Gomes de Freitas, há quem aposte que "aumentam as chances da paralisação" – informa a revista Veja. A conferir a partir desta madrugada!

A revista ouviu vários líderes da categoria e o discurso é o mesmo: vai ter greve. “O ministro estabeleceu um clima de confronto com os caminhoneiros autônomos, inclusive, alguns se sentem traídos pelo governo”, afirma o deputado Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas. Já Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), garante que a greve deve ser maior do que em 2018.

A provocação do ministro bolsonarista

A postura recente do arrogante ministro tem gerado bronca até entre os caminhoneiros mais bolsonaristas. Em vídeo que circula na categoria, Tarcísio Freitas afirma que a chance da paralisação ser exitosa é zero. Ele também afirma que a greve de 2018, que balançou o governo golpista de Michel Temer e foi usada oportunisticamente por Jair Bolsonaro, só foi potente porque contou com o apoio das empresas de transporte e dos ruralistas. “Essa turma está fora agora”, menospreza no vídeo.

Mas apesar do aparente descaso do governo, que faz questão de humilhar a categoria e debochar da greve, a tensão está no ar. Duas reuniões agendadas em Brasília com lideranças da categoria foram canceladas sem qualquer explicação – o que indica que o clima esquentou. Ao mesmo tempo, o governo ingressou com 35 processos na Justiça para proibir o bloqueio das rodovias federais, obtendo 24 decisões liminares favoráveis em 17 Estados – o que só demonstra o temor do Palácio do Planalto.

Na convocatória da greve, as várias entidades da categoria pedem mudanças na política de preços da Petrobras em função das seguidas altas no preço dos combustíveis. O diesel acumula alta de 65,3% no ano. Na segunda-feira passada (25), a Petrobras anunciou novo reajuste nos preços, de 7% na gasolina e de 9% no diesel. Diante da pauta de reivindicações, todas as centrais sindicais brasileiras divulgaram um manifesto em apoio à paralisação dos caminhoneiros. Vale conferir a íntegra do documento:

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Centrais Sindicais apoiam a pauta e a greve dos caminhoneiros

As Centrais Sindicais apoiam a mobilização nacional dos trabalhadores caminhoneiros, que realizarão uma greve a partir do próximo dia 01 de novembro, em defesa de uma pauta de interesse da categoria, cujas repercussões são de interesse de toda a classe trabalhadora.

Os caminhoneiros, através das suas organizações, têm atuado para viabilizar as demandas e propostas há muito apresentadas e que não tem obtido retorno por parte do governo federal. Não só não há retorno como os problemas têm se agravado.

Nesse caso, a inflação se expressa na alta dos preços da energia elétrica e dos combustíveis que são de responsabilidade do governo federal que, mais uma vez, nada faz. Neste ano a gasolina já acumula um aumento de 74% e o diesel 65%.

O impacto sobre os preços promove a carestia, como no caso do botijão de gás que custa em torno de R$ 100,00. A inflação anual já beira os 10%.

A privatização da Petrobras, a desmobilização da produção nacional de refino de petróleo, a gestão voltada aos interesses de curto prazo dos acionistas e que não responde aos interesses do país e da nação, têm levado a esse descalabro no preço dos combustíveis com impactos nefastos para o custo de vida.

A pauta dos caminhoneiros que, entre outros pontos, destaca:

- Redução do preço do diesel e revisão da política de preços de Petrobras;

- Piso mínimo de frete;

- Retorno da aposentadoria especial com 25 anos de contribuição;

- Aprovação do novo Marco Regulatório de Transporte Rodoviário de Carga (PLC 75/2018);

- Criação e melhoria dos Pontos de Parada e Descanso (Lei 13.103/2015).

Por tudo isso as centrais sindicais apoiam o movimento dos caminhoneiros e convocam todo o movimento sindical a expressar sua solidariedade à essa luta que é de todos trabalhadores.

São Paulo, 28 de outubro de 2021.

- Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores);

- Miguel Torres, Presidente da Força Sindical;

- Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores);

- Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil);

- José Reginaldo Inácio, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores);

- Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros);

- Atnágoras Lopes, Secretário Executivo Nacional da CSP (Conlutas);

- Edson Carneiro Índio, Secretário-geral da Intersindical (Central da Classe Trabalhadora);

- José Gozze, Presidente da Pública, Central do Servidor;

- Emanuel Melato, Intersindical Instrumento de Luta.

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