domingo, 5 de dezembro de 2021

O fascista da Cultura contrata sem licitação

Por Altamiro Borges

Todo metido a valentão, o ex-ator global Mário Frias, que hoje comanda a Secretaria Especial de Cultura, está calado e até escondeu a arminha que gosta de ostentar pela Esplanada dos Ministérios em Brasília. O jornal O Globo revelou nesta semana que a sua pasta contratou sem licitação, por R$ 3,6 milhões, uma empresa sem funcionários ou sede física.

Segundo a bombástica denúncia, a Construtora Imperial Eireli, da Paraíba, foi escolhida a dedo para prestar serviços de conservação e manutenção do Centro Técnico Audiovisual, no Rio de Janeiro. Ainda de acordo com a matéria, a empresa está em nome de Danielle Nunes de Araújo, que em 2020 se inscreveu e recebeu o auxílio emergencial por oito meses.

Sede da empresa é uma caixa postal

A sede da empresa seria uma caixa postal em um escritório virtual a 2.400 km do Rio de Janeiro. Entrevistada pelo jornal, a “empresária” Danielle Araújo jurou que faz reuniões no local, mas o dono da propriedade diz que não se lembra dela. A construtora não possui nenhum funcionário registrado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia, desde a sua inauguração, em 2019.

O Centro Técnico Audiovisual (CTAv) é um órgão do governo federal, fundado em 1985. A sede, na zona norte do Rio de Janeiro, reúne títulos, fotos e documentos da história do cinema nacional. Um estudo técnico encomendado pelo próprio CTAv mostrou risco de incêndio e desabamento, além da necessidade de “isolamento imediato” da construção.

Requerimento da deputada Alice Portugal

Segundo matéria do site UOL, requerimento de informações feito pela deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) registrou que os servidores temem que a sede tivesse o mesmo fim de outros órgãos federais da área da cultura, como a interdição do Centro de Documentação e Pesquisa da Funarte, no Rio de Janeiro, e o incêndio do depósito da Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

“A parlamentar pediu que o Ministério do Turismo – pasta em que a Cultura está inserida – informasse quais providências estavam sendo tomadas acerca do estudo. Em resposta, a coordenadora-geral do CTAv, Valquíria Salgado, informou que ‘ao detectar possíveis problemas estruturais na unidade, de imediato, contratou-se equipe de engenharia para laudar o real estado’... Salgado disse ainda que ‘não há qualquer risco de dano ao patrimônio’, visto que o sistema de climatização foi renovado neste ano”.

Nesse contexto foi contratado o serviço de manutenção sem licitação pelo montante de R$ 3.676.841,75. Será que Mario Frias, o fascista que está devastando a Cultura, vai explicar a estranha contratação? Até hoje, o bravateiro não esclareceu outros episódios sinistros da sua pasta, como o financiamento de R$ 3,1 milhões para a digitalização da fiel TV Record.

E os R$ 3,1 milhões para digitalização da Record?

A grana foi abocanhada do Fundo Nacional da Cultura (FNC) em agosto passado. A desculpa apresentada pelo medíocre ex-ator global é de que a emissora do “bispo” Edir Macedo precisava dos recursos para preservar e digitalizar seu acervo de 55 anos. Na ocasião, porém, a Folha publicou reportagem insinuando que houve maracutaia nessa operação.

Segundo a matéria, o acervo da TV Record, localizado na sede da empresa na Barra Funda, em São Paulo, já estaria todo digitalizado, reunindo mais de 4 milhões de GB disponíveis para armazenamento, espaço para mais de 150 mil horas de conteúdo em formato digital. Diante da denúncia, o secretário nacional de cultura do PT, Márcio Tavares, protestou: na ocasião

“Mário Frias e Bolsonaro deram R$ 3,1 milhões do Fundo Nacional da Cultura para a TV Record, de Edir Macedo, cuidar do seu acervo. É um desvio absurdo dos recursos do FNC para beneficiar aliados políticos do bolsonarismo. Enquanto isso deixaram a Cinemateca queimar. Rejeitamos isso e iremos questionar por vias políticas e jurídicas”.

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