sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Traído, líder do governo renuncia no Senado

Por Altamiro Borges


Jair Bolsonaro, famoso por abandonar seus aliados na estrada, vai colecionando ressentidos por todos os cantos. Nesta quarta-feira (15), o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) entregou o cargo de líder do governo no Senado. Ele se considerou "traído" na disputa por uma vaga ao Tribunal de Contas da União (TCU). Ele teve humilhantes sete votos.

O escolhido para o cobiçado posto foi o veterano Antonio Anastasia (PSD-MG), que recebeu 52 votos dos seus colegas de Casa. Ele era o candidato do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Já a camaleônica Kátia Abreu (PP-TO), que também se jactava de ter a simpatia do presidente e de ser apoiada por alguns ministros do laranjal, obteve 19 votos.

Uma nota lacônica justificou a decisão da renúncia: "O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) entregou nesta manhã o cargo de líder do governo no Senado. O pedido foi formalizado ao presidente Jair Bolsonaro a quem o senador agradece a confiança no exercício da função". Nos bastidores, porém, o clima é de ressentimento, de mágoa.

A humilhação de Bezerra Coelho

Conforme relato da Folha, “apesar de contar com a influência de ser líder do governo e o apoio de governistas e alguns ministros, Bezerra obteve apenas 7 votos, de um total de 78 senadores que participaram da sessão e votaram... Ainda que líder do governo, ele não contou com o empenho do Planalto na sua eleição”.

A baixa votação confirma que ele foi abandonado e traído. “O próprio presidente deixou claro a ele que não se envolveria na disputa... Um dos apoios alardeados nos bastidores era do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente da República. Alguns aliados chegaram a divulgar previsões irrealistas de que ele terminaria a disputa com 35 a 40 votos”.

Ainda de acordo com a Folha, a derrota deve doer no velho cacique pernambucano. “A vaga no TCU é almejada pelos parlamentares, pois oferece salário alto, estabilidade e poder político. Os nove ministros que compõem a corte têm cargo vitalício e só se aposentam compulsoriamente aos 75 anos. O salário também é bem atrativo”.

"Uma mágoa com o Planalto"

“Os integrantes do tribunal ganham remuneração bruta de R$ 37.328,65, mais uma série de benefícios. Politicamente, a corte tem relevância por atuar como fiscal do Poder Executivo. Cabe ao TCU julgar as contas do governo federal realizar inspeções e auditorias de repasse de verbas, por exemplo”.

O jornal apimenta a análise ao afirmar que um aliado do senador do MDB “acredita que a decisão de entregar o cargo tenha a ver com uma mágoa com o Planalto, por não ter recebido o apoio adequado para o seu pleito, após mais de dois anos atuando para apagar os incêndios do governo”.

É só lembrar que o senador Fernando Bezerra Coelho foi um dos jagunços do “capetão” na CPI do Genocídio, tentando livrar o presidente dos seus crimes no enfrentamento à pandemia. Ele também teve papel decisivo na vitória do governo na votação da PEC do Calote, que garantirá espaço de R$ 106 bilhões abertos no orçamento em 2022, ano da reeleição.

Apesar de todos os serviços prestados, ele foi abandonado na estrada, humilhado na votação da vaga para o TCU. O site Metrópoles não vacila em afirmar que o senador e seu poderoso clã em Pernambuco darão o troco. “Fernando Bezerra Coelho ocupava a liderança do governo no Senado desde o início do governo Bolsonaro, ou seja, há quase três anos”.

“Bezerra entregou o posto após se sentir ‘traído’ pelo governo em sua tentativa de ser o nome do Senado ao TCU... O emedebista de Pernambuco afirmou a aliados que um ‘movimento’ de véspera do Planalto o irritou bastante”. A sujeira poderá vir à tona em breve. A conferir os desdobramentos de mais essa traição no laranjal!

0 comentários: