Por Caroline Oliveira, no jornal Brasil de Fato:
“Devemos lutar por uma alternativa que saia da polarização entre o que é inaceitável, a reeleição de (Jair) Bolsonaro (PL), e o que é indesejável, a reeleição do Lula”. A frase é do empresário Pedro Passos, copresidente do conselho de administração da empresa Natura, em entrevista ao jornal O Globo publicada em outubro do ano passado. Em sua avaliação, a reeleição do atual presidente seria inaceitável, pelos arroubos antidemocráticos, enquanto a nova eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria indesejável, pelo suposto risco de uma política econômica intervencionista, que viria a gerar prejuízos. Esta parece ser a tônica do que pensa e sente boa parte dos atores que compõem o chamado mercado financeiro no Brasil.
Na interpretação de Mauro Rochlin, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), o centro de preocupação do referido setor é a política fiscal do Estado brasileiro, que envolveria um conjunto de medidas pelo qual o governo arrecada e gasta recursos, com o objetivo de atingir um crescimento econômico junto com a manutenção de preços de mercado estáveis e baixo desemprego.
De acordo com Rochlin, no fim do segundo mandato do governo Lula (2007-2010), aos olhos dos mais liberais, houve uma política fiscal intervencionista, que incluiu a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre determinados produtos a fim de incentivar seu consumo, novas linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), iniciativas para recuperar empresas estatais e maior participação do Estado na exploração do pré-sal.
Mas, naquele momento, “Lula foi visto com uma certa tolerância pelo mercado exatamente porque essa política foi interpretada como uma reação à crise econômica internacional de 2008. Como o mundo todo adotou em 2009 e 2010 uma política fiscal muito expansionista, a receita para saída da crise foi o Estado propor gastos em vários setores”, afirma.
“É como se o mercado entendesse que essas medidas não seriam tomadas caso a crise não tivesse acontecido. Mas, na verdade, ficou uma preocupação, principalmente, com relação à intervenção no pré-sal e política de juros subsidiados.”
Em 2010, quando a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi escolhida como candidata da situação à Presidência, o mercado financeiro olhou como uma indicação direta do então presidente Lula, para conduzir uma continuação dos seus dois mandatos, afirma o economista, que argumenta:
“O mercado interpretou a candidata Dilma como o poste do Lula.” A partir de 2011, quando Rousseff assume a Presidência, de fato, a política econômica intervencionista é mais expressiva: manipulação dos juros, aumento do volume de crédito, retenção de preços dos combustíveis e de energia.
Segundo Rochlin, foi “visto como uma tentativa do governo em fazer com que o Estado liderasse investimentos com presença estratégica no que se refere a novas fronteiras de expansão. O mercado identifica essas propostas como resultado de uma proposta ideológica mesmo. É como se o Estado tivesse ocupando um espaço que o mercado poderia ocupar e como se o Estado estivesse ali em condições de definir os rumos que a Economia deveria tomar, enquanto o mercado financeiro pensa que o próprio mercado deveria se encarregar disso. No limite, o mercado financeiro entende o seguinte: Estado não, mercado sim e ponto”.
Dívida Pública
Conforme argumenta o professor, o mercado olha principalmente como anda o endividamento do Estado. “No caso do Brasil, especificamente se vê o endividamento extremamente elevado e, no limite, esse endividamento muito elevado pode conduzir à necessidade de o Estado emitir moeda ou dar um calote. Acredito que o calote é impensável, até porque a dívida é em reais. O mercado, então, passa a ter medo de inadimplência ou de emissão de moeda, o que significa ter inflação”.
Com a Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, a quase 10%, “o crescimento da dívida é absurdo. Hoje o país tem uma relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) que se aproxima de 90%. Ou seja, a dívida da União em títulos públicos equivale a 90% do PIB”, explica.
“O ponto objetivo para gente entender onde se localiza exatamente o medo está na eventual incapacidade do Estado de honrar dívida e ter que emitir moeda e a gente voltar a viver um ambiente de hiperinflação.”
“Mercado não é avesso ao Lula”
André Roncaglia, professor de Economia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), observa o mercado de uma maneira diferente. Para ele, Lula não amedronta mais o mercado como em 2018, por exemplo.
De fato, há muitas frações que se identificam com Paulo Guedes e estão aliadas às pautas da equipe econômica atual. “Por outro lado, além de ter um histórico muito positivo das suas gestões em termos de crescimento econômico e de responsabilidade fiscal, da maneira como o mercado financeiro entende, Lula está causando cada vez menos medo no mercado financeiro”, afirma.
“O Lula também tem um histórico de alguém que sabe negociar e que consegue entender os problemas da economia. Ele é um governo de coalizão, um governo de interação, um governo de reforma. Então esse é o primeiro aspecto.” Para Roncaglia, os próximos passos dependerão das sinalizações do Lula sobre sua equipe econômica.
Além de apresentar nomes que agradem em alguma medida também o mercado financeiro, Giorgio Romano, professor de Economia da Universidade Federal do ABC (UFABC), afirma que Lula terá de lidar com dois aspectos que são importantes para o setor: o Teto de Gastos e a independência do Banco Central (BC).
O primeiro limita os gastos públicos por 20 anos de acordo com a inflação acumulada conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano anterior. O segundo estabelece que o presidente e os diretores do BC terão mandatos fixos de quatro anos e não coincidentes com o da Presidência.
Romano explica que, como o Teto de Gastos e a autonomia do BC são leis que já foram sancionadas, se quiser modificá-las, Lula terá de negociar com o Congresso novas legislações, o que se torna uma garantia para o mercado financeiro. “É isso que o setor financeiro gosta, do que foi feito em anos anteriores. Tem várias coisas que o Lula não vai poder mudar”, afirma.
Governo Lula em números
Nas palavras de Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, durante os dois governos do ex-presidente Lula, foram “muitos” os “benefícios” para o mercado financeiro. Antes de sua eleição, havia muita incerteza, o que levou o petista, inclusive, a lançar a Carta ao Povo Brasileiro, na qual se comprometeu em manter as políticas fiscal e monetária.
Nesse sentido, “ele conseguiu entregar nos primeiros dois anos de mandato um governo parecido com o que o Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava fazendo anteriormente”, o que foi visto com bons olhos pelo mercado.
Dados da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o principal mercado de negociação de ações de empresas de capital aberto do Brasil, onde papéis da Natura Cosméticos SA são negociados, mostram que o lucro da empresa aumentou significativamente ano a ano no período em que Lula esteve na Presidência.
Em 2003, no primeiro ano do governo petista, o lucro da empresa foi de R$ 63,884 milhões. No final do primeiro mandato, em 2006, a empresa registrou ganho real de R$ 460.773 milhões. No fim do segundo mandato, o valor já era de R$ 744,050 milhões.
Os valores da economia nacional também não deixaram a desejar. Se, no segundo mandato do governo FHC, o PIB aumentou a uma taxa média por ano de 2,3%. Nos primeiro e segundo mandatos do governo Lula, a taxa média de crescimento do PIB foi de 3,51% e de 4,64%, respectivamente.
A dívida externa se tornou uma reserva internacional. Em 2002 era de 15,7% do PIB e em 2010 foi a -10%, tornando o Brasil um credor em moeda estrangeira.
Crise internacional e polarização
Para Sergio Vale, a questão que se coloca agora é que as condições, principalmente internacionais, são diferentes daquelas do início da década de 2000. Quando Lula assumiu a Presidência, o mundo estava vivendo o boom das commodities: um período de alta nos preços das matérias-primas, como alimentos, petróleo e metais, que beneficiou principalmente os países exportadores desses artigos, como é o caso do Brasil. Hoje, especialmente devido à pandemia de covid-19, o cenário internacional é de crise.
Outro aspecto existente hoje é a polarização política, que dificulta a governabilidade desejada pelos governos, com mais embates no legislativo e, consequentemente, adversidades para avançar com os projetos.
Mercado financeiro ainda insistirá na terceira via
Apesar de estar cada vez mais distante a chance de uma terceira via decolar, com base nas pesquisas de intenção de voto, o mercado investe em uma alternativa. Ainda que o setor olhe para o governo Bolsonaro sob o guarda-chuva do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente é, no final das contas, sempre o fiador da equipe econômica.
Por isso, Vale afirma que o mercado tende a preferir Bolsonaro: porque não está claro o que seria um governo Lula. “A gente não tem ideia de equipe econômica, a gente não tem ideia de pronunciamento sobre o que seria e há muita dúvida sobre o que o PT e o Lula fariam dadas as restrições fiscais todas que a gente foi construindo ao longo dos últimos anos”, como o Teto de Gastos, afirma Vale. Para o economista, Lula e sua equipe precisarão demonstrar um esforço expressivo para garantir a “responsabilidade fiscal”.
Para o mercado, houve diversos erros na gestão de Paulo Guedes que são lidos como um intervencionismo, principalmente devido à pandemia de covid-19. Mas o programa liberal seria mantido numa possível reeleição, envolvendo concessão e privatização, por exemplo.
Em um governo Lula, “a gente sabe que teriam muitas dificuldades nesse caminho. Então, por hora, me parece que o mercado ainda está mais favorável ao Bolsonaro. Tem o desejo explícito de uma terceira via, mas que nesse momento, concentrado aí na figura do Moro, com dificuldades crescentes para de fato isso se viabilizar”, afirma.
Vale vê três momentos nos próximos meses: “A tendência é por hora tentar forçar a terceira via com o Moro. O mercado está concentrado nisso agora, mas eventualmente volta-se para Bolsonaro. E se ficar claro que Lula vai vencer, vai ter de haver um entendimento e uma pressão para saber o que vai ser exatamente a política econômica do governo Lula”.
A última pesquisa de intenção de voto, publicada pelo Poder360 em 1º de janeiro, mostra Lula em primeiro lugar, com de 40% a 48% das intenções votos, seguido por Bolsonaro, que fica entre 21% e 30%, e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), com de 6% a 9% das intenções.
Na interpretação de Mauro Rochlin, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), o centro de preocupação do referido setor é a política fiscal do Estado brasileiro, que envolveria um conjunto de medidas pelo qual o governo arrecada e gasta recursos, com o objetivo de atingir um crescimento econômico junto com a manutenção de preços de mercado estáveis e baixo desemprego.
De acordo com Rochlin, no fim do segundo mandato do governo Lula (2007-2010), aos olhos dos mais liberais, houve uma política fiscal intervencionista, que incluiu a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre determinados produtos a fim de incentivar seu consumo, novas linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), iniciativas para recuperar empresas estatais e maior participação do Estado na exploração do pré-sal.
Mas, naquele momento, “Lula foi visto com uma certa tolerância pelo mercado exatamente porque essa política foi interpretada como uma reação à crise econômica internacional de 2008. Como o mundo todo adotou em 2009 e 2010 uma política fiscal muito expansionista, a receita para saída da crise foi o Estado propor gastos em vários setores”, afirma.
“É como se o mercado entendesse que essas medidas não seriam tomadas caso a crise não tivesse acontecido. Mas, na verdade, ficou uma preocupação, principalmente, com relação à intervenção no pré-sal e política de juros subsidiados.”
Em 2010, quando a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi escolhida como candidata da situação à Presidência, o mercado financeiro olhou como uma indicação direta do então presidente Lula, para conduzir uma continuação dos seus dois mandatos, afirma o economista, que argumenta:
“O mercado interpretou a candidata Dilma como o poste do Lula.” A partir de 2011, quando Rousseff assume a Presidência, de fato, a política econômica intervencionista é mais expressiva: manipulação dos juros, aumento do volume de crédito, retenção de preços dos combustíveis e de energia.
Segundo Rochlin, foi “visto como uma tentativa do governo em fazer com que o Estado liderasse investimentos com presença estratégica no que se refere a novas fronteiras de expansão. O mercado identifica essas propostas como resultado de uma proposta ideológica mesmo. É como se o Estado tivesse ocupando um espaço que o mercado poderia ocupar e como se o Estado estivesse ali em condições de definir os rumos que a Economia deveria tomar, enquanto o mercado financeiro pensa que o próprio mercado deveria se encarregar disso. No limite, o mercado financeiro entende o seguinte: Estado não, mercado sim e ponto”.
Dívida Pública
Conforme argumenta o professor, o mercado olha principalmente como anda o endividamento do Estado. “No caso do Brasil, especificamente se vê o endividamento extremamente elevado e, no limite, esse endividamento muito elevado pode conduzir à necessidade de o Estado emitir moeda ou dar um calote. Acredito que o calote é impensável, até porque a dívida é em reais. O mercado, então, passa a ter medo de inadimplência ou de emissão de moeda, o que significa ter inflação”.
Com a Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, a quase 10%, “o crescimento da dívida é absurdo. Hoje o país tem uma relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) que se aproxima de 90%. Ou seja, a dívida da União em títulos públicos equivale a 90% do PIB”, explica.
“O ponto objetivo para gente entender onde se localiza exatamente o medo está na eventual incapacidade do Estado de honrar dívida e ter que emitir moeda e a gente voltar a viver um ambiente de hiperinflação.”
“Mercado não é avesso ao Lula”
André Roncaglia, professor de Economia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), observa o mercado de uma maneira diferente. Para ele, Lula não amedronta mais o mercado como em 2018, por exemplo.
De fato, há muitas frações que se identificam com Paulo Guedes e estão aliadas às pautas da equipe econômica atual. “Por outro lado, além de ter um histórico muito positivo das suas gestões em termos de crescimento econômico e de responsabilidade fiscal, da maneira como o mercado financeiro entende, Lula está causando cada vez menos medo no mercado financeiro”, afirma.
“O Lula também tem um histórico de alguém que sabe negociar e que consegue entender os problemas da economia. Ele é um governo de coalizão, um governo de interação, um governo de reforma. Então esse é o primeiro aspecto.” Para Roncaglia, os próximos passos dependerão das sinalizações do Lula sobre sua equipe econômica.
Além de apresentar nomes que agradem em alguma medida também o mercado financeiro, Giorgio Romano, professor de Economia da Universidade Federal do ABC (UFABC), afirma que Lula terá de lidar com dois aspectos que são importantes para o setor: o Teto de Gastos e a independência do Banco Central (BC).
O primeiro limita os gastos públicos por 20 anos de acordo com a inflação acumulada conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano anterior. O segundo estabelece que o presidente e os diretores do BC terão mandatos fixos de quatro anos e não coincidentes com o da Presidência.
Romano explica que, como o Teto de Gastos e a autonomia do BC são leis que já foram sancionadas, se quiser modificá-las, Lula terá de negociar com o Congresso novas legislações, o que se torna uma garantia para o mercado financeiro. “É isso que o setor financeiro gosta, do que foi feito em anos anteriores. Tem várias coisas que o Lula não vai poder mudar”, afirma.
Governo Lula em números
Nas palavras de Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, durante os dois governos do ex-presidente Lula, foram “muitos” os “benefícios” para o mercado financeiro. Antes de sua eleição, havia muita incerteza, o que levou o petista, inclusive, a lançar a Carta ao Povo Brasileiro, na qual se comprometeu em manter as políticas fiscal e monetária.
Nesse sentido, “ele conseguiu entregar nos primeiros dois anos de mandato um governo parecido com o que o Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava fazendo anteriormente”, o que foi visto com bons olhos pelo mercado.
Dados da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o principal mercado de negociação de ações de empresas de capital aberto do Brasil, onde papéis da Natura Cosméticos SA são negociados, mostram que o lucro da empresa aumentou significativamente ano a ano no período em que Lula esteve na Presidência.
Em 2003, no primeiro ano do governo petista, o lucro da empresa foi de R$ 63,884 milhões. No final do primeiro mandato, em 2006, a empresa registrou ganho real de R$ 460.773 milhões. No fim do segundo mandato, o valor já era de R$ 744,050 milhões.
Os valores da economia nacional também não deixaram a desejar. Se, no segundo mandato do governo FHC, o PIB aumentou a uma taxa média por ano de 2,3%. Nos primeiro e segundo mandatos do governo Lula, a taxa média de crescimento do PIB foi de 3,51% e de 4,64%, respectivamente.
A dívida externa se tornou uma reserva internacional. Em 2002 era de 15,7% do PIB e em 2010 foi a -10%, tornando o Brasil um credor em moeda estrangeira.
Crise internacional e polarização
Para Sergio Vale, a questão que se coloca agora é que as condições, principalmente internacionais, são diferentes daquelas do início da década de 2000. Quando Lula assumiu a Presidência, o mundo estava vivendo o boom das commodities: um período de alta nos preços das matérias-primas, como alimentos, petróleo e metais, que beneficiou principalmente os países exportadores desses artigos, como é o caso do Brasil. Hoje, especialmente devido à pandemia de covid-19, o cenário internacional é de crise.
Outro aspecto existente hoje é a polarização política, que dificulta a governabilidade desejada pelos governos, com mais embates no legislativo e, consequentemente, adversidades para avançar com os projetos.
Mercado financeiro ainda insistirá na terceira via
Apesar de estar cada vez mais distante a chance de uma terceira via decolar, com base nas pesquisas de intenção de voto, o mercado investe em uma alternativa. Ainda que o setor olhe para o governo Bolsonaro sob o guarda-chuva do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente é, no final das contas, sempre o fiador da equipe econômica.
Por isso, Vale afirma que o mercado tende a preferir Bolsonaro: porque não está claro o que seria um governo Lula. “A gente não tem ideia de equipe econômica, a gente não tem ideia de pronunciamento sobre o que seria e há muita dúvida sobre o que o PT e o Lula fariam dadas as restrições fiscais todas que a gente foi construindo ao longo dos últimos anos”, como o Teto de Gastos, afirma Vale. Para o economista, Lula e sua equipe precisarão demonstrar um esforço expressivo para garantir a “responsabilidade fiscal”.
Para o mercado, houve diversos erros na gestão de Paulo Guedes que são lidos como um intervencionismo, principalmente devido à pandemia de covid-19. Mas o programa liberal seria mantido numa possível reeleição, envolvendo concessão e privatização, por exemplo.
Em um governo Lula, “a gente sabe que teriam muitas dificuldades nesse caminho. Então, por hora, me parece que o mercado ainda está mais favorável ao Bolsonaro. Tem o desejo explícito de uma terceira via, mas que nesse momento, concentrado aí na figura do Moro, com dificuldades crescentes para de fato isso se viabilizar”, afirma.
Vale vê três momentos nos próximos meses: “A tendência é por hora tentar forçar a terceira via com o Moro. O mercado está concentrado nisso agora, mas eventualmente volta-se para Bolsonaro. E se ficar claro que Lula vai vencer, vai ter de haver um entendimento e uma pressão para saber o que vai ser exatamente a política econômica do governo Lula”.
A última pesquisa de intenção de voto, publicada pelo Poder360 em 1º de janeiro, mostra Lula em primeiro lugar, com de 40% a 48% das intenções votos, seguido por Bolsonaro, que fica entre 21% e 30%, e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), com de 6% a 9% das intenções.
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