domingo, 11 de setembro de 2022

Queimadas na Amazônia batem recorde

Foto: Aiteti Gavião
Por Altamiro Borges


Em apenas três dias da semana passada, a Amazônia registrou mais de 10 mil focos de queimadas, alcançando o maior ritmo de incêndios em 15 anos. A denúncia é do jornalista Carlos Madeiro no site UOL: “Especialistas ouvidos pela coluna apontam que dois fatores são decisivos para essa explosão de casos, inédita há mais de uma década: o medo dos desmatadores de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) perca as eleições – sendo retomadas as ações de fiscalização no bioma – e a seca causada pela força do fenômeno La Ninã em algumas regiões da Amazônia”.

Somente no dia 5 de setembro, foram 3.393 focos de calor medidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o maior número desde 2007. “Antes disso, o recorde havia sido anotado em 22 de agosto, quando foram registrados 3.358 focos de queimadas. No primeiro semestre de 2020, a Amazônia já havia registrado uma alta de 17% nas queimadas”. O alerta sobre a nova tragédia ambiental já repercutiu no mundo inteiro.

Medo da derrota do desmatador Bolsonaro

O Greenpeace advertiu que o número de incêndios na data citada foi 43,4% superior ao episódio conhecido como “Dia do Fogo”, em 11 de agosto de 2019, quando foram totalizados 2.366 focos na floresta amazônica. Já Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil, explicou que uma área gigante de queimada ao mesmo tempo não é fruto de um único fator: “Em algumas regiões, estamos com uma seca muito forte, e isso faz com que as queimadas se propaguem. Além disso, claro, pode ter esse fator das eleições. Não é algo isolado, o número neste ano está muito alto – e olha que o ano passado já tivemos um desmatamento grande”, afirma.

Para o professor Aiala Colares, da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o avanço do desmatamento e das queimadas neste ano tem relação direta com o medo da derrota de Jair Bolsonaro. “Há um temor do fortalecimento das políticas ambientais, com o aumento da fiscalização e de leis mais severas em função de toda a pressão internacional que o Brasil vem sofrendo em relação à proteção da Amazônia. Óbvio que nesse cenário se considera a chance de Bolsonaro perder as eleições, porque a Amazônia é uma pauta política... As áreas onde vêm ocorrendo essas queimadas são onde o bolsonarismo é muito forte”.

Já Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do programa MapBiomas Fogo, afirma que a alta já era prevista, já que houve um desmonte das ações de fiscalização na região. “Isso era esperado, pois esse período pré-eleição parece que a sensação é de tudo ou nada. Esses dados são reflexo da sensação de impunidade em que a Amazônia se encontra”.

Como enfatiza o colunista do UOL, “imagens de satélite atuais e que fazem a medição da concentração de COna atmosfera mostram uma mancha gigante no sul da Amazônia, cobrindo boa parte dos estados de Pará, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Desses cinco estados, três tem Bolsonaro como líder nas pesquisas do Ipec”.

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