segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Patrões bolsonaristas promovem assédio eleitoral

Por Altamiro Borges

Até quinta-feira passada (20), o Ministério Público do Trabalho (MPT) já tinha recebido 903 denúncias de assédio eleitoral contra 750 empresas em todo o país. A uma semana do segundo turno da eleição, esses crimes já superam os de 2018, quando foram registradas 212 denúncias contra 98 empresários. Os patrões bolsonaristas fazem todo tido de ameaças e promessas para evitar a derrota do “capetão”.

Com a ascensão do fascismo no Brasil, a cloaca burguesa perdeu qualquer escrúpulo e saiu do esgoto. Segundo relatos do MPT, os empresários chantageiam seus funcionários a votar em Jair Bolsonaro (PL) prometendo folga, bônus de R$ 200, 14° e 15° salário ou ameaçando empregados de demissão caso a vitória seja do ex-presidente Lula.

Segundo matéria da Folha, “a quantidade de denúncias registradas pelo MPT tem subido diariamente. Até terça-feira (11), os relatos envolviam 197 empresas. Na quinta (13), o número passou para 242 e, na sexta (14), para 364. Na segunda (17), o total de empregadores já chegava a 396 e, nesta quarta-feira (19), a 572 – a 178 a menos do que nesta quinta-feira”.

Quando um empresário fascista será preso?

Pouquíssimos patrões foram punidos por esse gravíssimo crime, que lembra o período da escravidão. O jornal cita como exemplo a empresa agrícola Stara, do Rio Grande do Sul. “A Justiça determinou que ela divulgue um comunicado aos funcionários reconhecendo que é ilegal coagir, intimidar e influenciar o voto dos empregados ou mesmo realizar campanha pró ou contra determinado candidato”.

“A empresa também deverá divulgar em seu perfil do Instagram garantias de que não vai retaliar os empregados, com medidas como demissão, caso eles queiram votar em um candidato diferente do escolhido pelo dono da empresa. A liminar (decisão provisória) foi assinada pelo desembargador federal do trabalho Manuel Cid Jardon. Cabe recurso”.

Outro caso é do empresário Adelar Lutz, dono de propriedades rurais em Formosa do Rio Preto (BA). “Nos áudios que constam do inquérito, ele afirma que orientou suas funcionárias a esconderem o ‘celular no sutiã’ para provar que votaram em Bolsonaro... Nas gravações, o empresário bolsonarista afirma ainda que demitiu os trabalhadores que não votaram no presidente e defende que outros empregadores façam o mesmo”.

Os casos relatos pelo Ministério Público do Trabalho são revoltantes, mas as punições aos criminosos patrões ainda são bem brandas. Na semana passada, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, foi certeiro ao tratar do assédio eleitoral. “Na hora que prender dois ou três [empresários], eles param rapidinho”. Será que esse “milagre” ainda vai ocorrer no Brasil?

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