Charge: Jefferson Portela |
Na dúvida sobre o comportamento e as ações de Bolsonaro, vai ganhar sempre quem apostar no pior, pois não há limites para o mau-caratismo do presidente derrotado por Lula em 30 de outubro.
Não acredito em depressão, nem que ele tenha sido tomado por um estado de profunda tristeza depois do revés, pela simples constatação de que estes são sentimentos próprios dos humanos dotados de um mínimo de empatia e capacidade de amar, o que decididamente não é o caso de Bolsonaro. Tampouco comovem suas lágrimas de crocodilo derramadas ultimamente.
O capitão fascista concebeu, na minha visão, um roteiro que, na cabeça antidemocrática e golpista dele, tinha tudo para dar certo. Em ordem cronológica, seria mais ou menos assim:
1) Não reconhecer a vitória de Lula na noite da eleição, como é de praxe em qualquer regime democrático.
2) Desaparecer a partir de então, para transmitir à sociedade e à imprensa sua contrariedade com o resultado das urnas e estimular especulações de toda ordem.
3) Abandonar o trabalho, para expressar pela vagabundagem explícita sua não aceitação do veredicto das urnas.
4) Estimular com seu sumiço a ação dos fanáticos golpistas que estrangularam rodovias e ainda se mantêm em frente aos quartéis clamando pela ruptura da ordem constitucional.
5) Ao mesmo tempo, cobrar de seus comandantes militares notas de apoio aos criminosos entrincheirados diante das unidades militares, tratando esses crimes em sequência contra a democracia como exercício de liberdade de opinião.
6) Escalar seu candidato a vice, general Braga Neto, como articulador junto aos manifestantes e empresários financiadores do movimento delinquente. Coube também ao seu ex-ministro a tarefa de disseminar a ideia do golpe entre os militares da ativa e da reserva.
7) Pressionar o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, para entrar com ação junto ao TSE questionando o resultado das urnas. De acordo com os planos de Bolsonaro, se a justiça eleitoral recebesse o recurso, isso teria o condão de gerar uma crise política e levar cada vez mais gente para os quartéis, atraindo para a causa golpista generais e almirantes com voz de comando na tropa.
8) Por fim, alegar situação de calamidade social e política, para voltar à cena se autoconferindo poderes excepcionais e acima da lei para “pôr ordem casa.”
Mas deu ruim, aliás, deu muito ruim e nem é preciso entrar em detalhes sobre os fatores que levaram a sedição a não dar certo, uma vez que são de amplo domínio público.
Agora, só resta a Bolsonaro, de volta à planície dos mortais, contratar um time de bons advogados, para tentar escapar da prisão.
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