sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Rádio golpista do Paraná terá outorga cassada?

Charge: Nando Motta
Por Altamiro Borges


No mundo inteiro e no Brasil, as emissoras de rádio e televisão são concessões públicas outorgadas pelo Estado. As empresas privadas que usufruem o direito de transmissão deveriam ser mais cuidadosas na sua exploração. Mas muitas se acham acima da Constituição, das leis e das normas reguladoras. É o caso da Rádio Cidade de Cascavel, do Paraná, que agora poderá até perder sua outorga por insuflar o golpismo e o terrorismo no país.

Nesta semana, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito contra a emissora acusada de financiar atos contra a democracia, incentivar discursos extremistas e até fazer propaganda em acampamento bolsonarista em frente à sede do Exército na cidade. Segundo o MPF-PR, há suspeitas de que a rádio, cujo nome comercial é Rádio Estúdio 92,3 FM, tenha inclusive financiado a ida de caravanas a Brasília no dia 8 de janeiro, quando os vândalos atacaram as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com as investigações, no final do ano passado, Duka Siliprandi, apresentador da rádio, envenenou os ouvintes com diversas afirmações de teor criminoso, “sem qualquer lastro na realidade”. Após a derrota de Jair Bolsonaro e o início dos acampamentos golpistas, ele afirmou que o fascista “foi roubado nas urnas”. O difusor de ódio e mentiras também disse que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, “surtou, apresenta visíveis sinais de alucinação, atingiu faz muito tempo o delírio, é uma espécie de demência”.

Em outras ocasiões, a rádio incitou os militares a darem um golpe para evitar a posse de Lula na presidência. “Se as Forças Armadas, porventura, não tomarem o lado dos patriotas, creio eu que o povo deve ir para o sacrifício, em nome da liberdade e da honra”, afirmou o âncora terrorista. Diante dessa e de outras graves posições, o MPF do Paraná decidiu abrir o inquérito. A rádio terá 15 dias para prestar explicações. A empresa está proibida de mudar qualquer conteúdo publicado nas redes sociais, inclusive transmissões no YouTube. Dependendo do avanço das investigações, seria justo pedir o fim da outorga da Rádio Estúdio.

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