terça-feira, 11 de julho de 2023

Mauro Cid fardado desmoraliza os militares

Charge: Fraga
Por Altamiro Borges


O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do “capetão” Jair Bolsonaro que está preso desde maio passado por fraudar cartões de vacinação e por outros crimes, ficou em silêncio nesta terça-feira (11) durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Em mais um episódio de total desmoralização das Forças Armadas, ele chegou ao Congresso Nacional fardado e sob forte escolta militar.

Segundo o site g1, “o Exército informou que partiu da corporação a orientação para que Mauro Cid usasse a uniforme na sessão”. Em outra postagem, o mesmo site da Globo revela que o ex-faz-tudo do fascista “insistiu com a família e advogados para ir fardado à CPI dos Atos Golpistas para reforçar que é um militar – e, portanto, deve lealdade a seus superiores”. As duas informações – ordem do Exército e prova de lealdade aos generais – só complica a posição dos militares e desgasta ainda mais a já desgastada imagem da instituição.

Milico é investigado por oito crimes

Ao justificar o seu silêncio ensurdecedor, o tenente-coronel listou os “supostos” crimes que teria cometido. “Como é de conhecimento de vossas excelências é importante destacar que sou investigado pelo Poder Judiciário, especialmente pelo STF, até onde tenho conhecimento em pelo menos oito investigações criminais, sendo elas: a suposta participação em incitação aos atos de 8 de janeiro, a suposta falsificação de cartões de vacinas, a suposta fraude na retirada de presentes recebidos pelo ex-presidente, supostas irregularidades em pagamentos realizados em nome do ex-presidente e ex-primeira-dama, o suposto vazamento de inquérito sigiloso da Polícia Federal, a suposta divulgação de notícias inverídicas – fake news, o suposto envolvimento em milícias digitais e o suposto envolvimento em atos antidemocráticos realizados no âmbito de 2019”.

“Exatamente por isso, minha defesa técnica impetrou um habeas corpus perante o Supremo Tribunal Federal requerendo, em razão da minha condição de investigado, que nessa sessão me fosse assegurado o direito de permanecer em silêncio em razão a questionamentos que possam me incriminar... Por todo exposto e sem qualquer intenção de desrespeitar vossas excelências e o trabalho exposto nessa CPI, considerando minha inequívoca condição de investigado, por orientação de minha defesa e com base na ordem do habeas corpus 229323 consentido a meu favor pelo STF farei uso ao meu direito constitucional pelo silêncio”.

Exército até ameaçou abandonar o golpista

Após essa acovardada declaração, o capacho do capitão fascista simplesmente nada mais falou. Os parlamentares até tentaram obter alguma prova das suas ações golpistas, mas nada conseguiram. A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), apresentou várias indagações, mas Mauro Cid repetiu que usaria seu direito de permanecer em silêncio. Da patética sessão, ficaram apenas a lista dos crimes cometidos e a farda do Exército!

Logo após sua prisão, o site Metrópoles especulou que o Exército estava prestes a abandonar o milico golpista. “No dia 3 de maio, quando se teve notícia da prisão, generais e a cúpula das Forças Armadas se preocuparam. O general da reserva Mauro Cesar Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, é respeitado entre os antigos colegas. Especialmente por deferência a ele, o comentário entre os militares no início da manhã era de que a prisão poderia ser injusta. O comandante do Exército, Tomás Paiva, telefonou logo cedo para o ministro da Defesa, José Múcio, e manifestou preocupação com a situação”.

Com o tempo, porém, os oficiais teriam mudado de postura temendo o desgaste da imagem. “Quando vieram à tona as provas de que Cid conversou com interlocutores sobre a adulteração dos cartões de vacinação, bem como a apreensão em sua casa dos certificados falsos, o sentimento mudou. Entrou em jogo o brio militar e a preocupação com a reputação da instituição, ao ver as maçãs podres expostas. Embora integrantes das Forças Armadas não devam dar demonstrações públicas de que abandonaram Cid, a solidariedade a ele diminui a cada novo fato da investigação que vem à tona”.

A ida de Mauro Cid ao depoimento da CPMI, fardado e com escolta, coloca em dúvida essa mudança de comportamento dos generais. O fato é grave e pode indicar que eles seguem com as suas provocações golpistas!

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