Charge: Cacinho |
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo na manhã desta quarta-feira (2) de uma operação da Polícia Federal de busca e apreensão em seu apartamento funcional e gabinete em Brasília. Também foi cumprido mandado de prisão contra Walter Delgatti, o famoso “hacker de Araraquara”. A ação foi deflagrada após o hacker revelar que invadiu o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) a mando da deputada-pistoleira.
Batizada Operação 3FA, a ação da PF visa esclarecer a ação de criminosos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no BNMP. Os crimes ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e de outros tribunais do Brasil, onze alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“As inserções fraudulentas ocorreram após a invasão criminosa dos sistemas, com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita, conduta mediante a qual o(s) criminoso(s) passaram a ter controle remoto dos sistemas. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica”, relata a revista Fórum.
A participação direta de Bolsonaro
Em depoimento à PF, revelado pelo jornalista Joaquim de Carvalho no site Brasil-247, Walter Delgatti garantiu que Jair Bolsonaro ordenou que ele invadisse as urnas eletrônicas. Ele teria afirmado que conversou com o ex-presidente fujão por um celular novo, “tirado da caixa”, durante encontro com a deputada Carla Zambelli em um restaurante da rede Frango Assado na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo.
“Delgatti teria sido levado até o local por um motorista de Carla Zambelli. Na conversa pelo celular, Bolsonaro teria dado uma ‘missão’ a ele: invadir as urnas eletrônicas para provar que o sistema era falho. O hacker, no entanto, não conseguiu cumprir a missão. Além disso, Jair Bolsonaro teria pedido para Delgatti assumir uma gravação clandestina que ele teria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE”.
A tal gravação faria parte de um suposto plano envolvendo o senador afastado Marcos do Val (Podemos-DF) e o ex-deputado Daniel Silveira, o troglodita que se encontra preso na penitenciária Bangu-8, no Rio de Janeiro. “À PF, Delgatti também teria dito que recebeu depósitos feitos por assessores de Carla Zambelli direto em sua conta, o que comprovará o vínculo entre os dois, além de um montante pago em dinheiro vivo”.
Poucos deputados do PL prestam apoio à pistoleira
A prisão de Walter Delgatti e a busca e apreensão no gabinete e residência funcional complicam ainda mais a situação de Carla Zambelli. Nesta mesma quarta-feira, o relator do Conselho de Ética da Câmara Federal, João Leão (PP-BA), votou por aceitar a reclamação contra a pistoleira que mandou o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) “tomar no c...” durante uma audiência da Comissão de Segurança Pública. Ele até chegou a propor que a ação fosse rejeitada desde que a bolsonarista pedisse desculpas. Mas o próprio Duarte Jr. disse que não aceitaria o perdão, já que a desqualificada Carla Zambelli nem sequer admitiu que o agrediu.
Em função de suas atitudes fascistoides e alopradas, a deputada tem se isolado até na bancada do seu partido. Segundo notinha de Mônica Bergamo na Folha, “a presença reduzida de parlamentares do PL ao lado de Carla Zambelli nesta quarta-feira (2) chamou a atenção e até mesmo gerou o sentimento de pena entre alguns dos seus correligionários. Alvo de uma operação da PF, a parlamentar disparou uma mensagem em um grupo com cerca de 70 colegas de bancada pedindo que se juntassem a ela durante uma entrevista coletiva. Cerca de dez compareceram. Ao todo, o PL tem 99 representantes na Casa”.
“Entre os que reconhecem a falta de apoio, há quem aponte as polêmicas atreladas ao nome da deputada como a causa do afastamento. Além da suposta parceria com o hacker Walter Delgatti investigada pela PF, o episódio em que ela sacou uma arma e perseguiu um opositor político pelas ruas de São Paulo ainda é lembrado. Outros afirmam não ter participado da entrevista coletiva por temor de se tornar um alvo do STF”.
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