terça-feira, 18 de novembro de 2025

Traição à pátria está no DNA do bolsonarismo

Charge: Latuff
Por Jair de Souza

As recentes ofensas contra o povo brasileiro proferidas pelo primeiro-ministro alemão, Friederich Merz, logo após seu retorno da COP-30 em Belém, tiveram repercussões diferenciadas em nosso país.

Se, por um lado, a imensa maioria de nosso povo se sentiu indignada com as ultrajantes palavras do serviçal-maior dos Estados Unidos na Alemanha, a extrema direita bolsonarista se regozijou com as mesmas.

Como entender a existência de brasileiros que se identificam com uma atitude tão deplorável e cheia de preconceitos racistas, como a exibida pelo supremacista germânico?

Lamentavelmente, a aquiescência com esta injúria a nossa nação é tão somente um detalhe menor do real instinto entreguista que caracteriza o bolsonarismo. Na verdade, a subserviência aos poderes e culturas dos centros capitalistas hegemônicos vai muitíssimo além deste episódio envolvendo o Chanceler alemão.

Os bolsonaristas são todos, vou repetir para que não haja mal-entendidos, absolutamente todos, sem exceção, adeptos da ideia de que nosso país é composto por gente de categoria inferior, que, por isso, precisa e deve ser sempre tutelada por quem tem mais inteligência, juízo e capacidade, como, por exemplo, os Estados Unidos.

O entreguismo bolsonarista coloca sempre em primeiro lugar aquilo que é considerado prioritário pelos que comandam os Estados Unidos. Por isso, a linha política do bolsonarismo é traçada a partir dos centros estadunidenses, e não de nossas próprias especificidades.

Tendo isto em mente, vamos poder compreender as razões que impulsam os bolsonaristas a admitirem, e desejarem, até mesmo uma intervenção armada direta de forças militares gringas em nosso país. Isto ocorre porque as pretensões da grande potência norte-americano no momento vão por este caminho.

Então, como o governo de Donald Trump estabeleceu o pretexto do combate aos cartéis do narcotráfico como sua estratégia principal para a justificação de sua intervenção nos países latino-americanos, seus subordinados tupiniquins se puseram imediatamente em ação para incluir o Brasil como seu alvo potencial.

Então, ao mesmo tempo em que vários dos próceres bolsonaristas se instalaram nos Estados Unidos para, de lá, coordenarem com as autoridades gringas ações e medidas que pudessem desestabilizar o Brasil, tanto na economia como na política, no interior de nosso país, os bolsonaristas se puseram a agir de modo a gerar condições para justificar a intrusão militar estrangeira em nosso território.

Assim, embora todos os indícios revelem que a coluna vertebral do tráfico de drogas, e do crime organizado em geral, está amparada nas grandes instituições financeiras (quase todas de propriedade de simpatizantes e apoiadores do bolsonarismo), as forças bolsonaristas estão empenhadas na campanha que visa oficializar a inclusão das quadrilhas narcotraficantes no rol das organizações terroristas.

Evidentemente, não há neste encaminhamento nenhum propósito real de combater aquilo que de fato viabiliza o tráfico de drogas. Nenhuma das grandes corporações financeiras (quase todas de bolsonaristas) que financiam as operações do narcotráfico seriam atingidas por essa medida. Mas, de todas maneiras, as portas estariam abertas para que os Estados Unidos possam desfechar ataques armados contra nosso país, sempre que julgarem oportuno fazê-lo.

Com o intuito de criar um clima político que favorecesse a aprovação do projeto que busca legitimar a intervenção dos Estados Unidos no Brasil, o governo do Rio de Janeiro levou a cabo um massacre de enormes proporções em regiões da periferia pobre da capital do estado. Na matança por atacado que se sucedeu, puderam ser contabilizados mais de 130 mortos, nenhum deles do alto escalão dessas organizações, nenhum deles integrante das milícias que infernizam a vida dos moradores com apoio policial, e vários deles sem nenhuma prova de envolvimento real com o crime organizado.

No entanto, os objetivos bolsonaristas foram plenamente atingidos, pois o que se almejava era pintar um quadro que propiciasse a volta à tona da questão da repressão policial como tema de maior preocupação da população. Porém, longe de representar um verdadeiro desejo de erradicar o narcotráfico de nosso país, o mais provável é que a operação tinha por meta gerar os pré-requisitos para que os Estados Unidos recebessem carta branca para atuar no Brasil.

Pelo que vimos mais acima, e por várias outras razões não mencionadas, está mais do que evidente que a simpatia externada pelos bolsonaristas aos impropérios do chefe de governo da Alemanha não é para nada uma exceção à regra, pois o DNA do entreguismo faz parte da essência do bolsonarismo.

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