terça-feira, 18 de abril de 2017

Bresser e a tentativa de reerguer o Brasil

Da revista Carta-Capital:

As reuniões aconteceram ao redor de uma sólida mesa de madeira de 6 metros de comprimento por 1,5 metro de largura numa ampla sala na zona oeste de São Paulo. Na coordenação, o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira. No centro dos debates, a questão nacional.

Ao longo dos últimos meses, economistas, empresários, advogados, sociólogos, embaixadores, artistas e políticos discutiram a dramática situação do País e propostas para a retomada do crescimento consistente, com inclusão e independência. Das conversas nasceu o manifesto Projeto Brasil Nação. “Três substantivos unidos que dizem bem o que queremos: um Brasil que volte a ser uma nação e tenha um projeto de desenvolvimento econômico, político, social e ambiental”, afirma Bresser-Pereira na entrevista a seguir.

A compreensível ascensão de Mélenchon

Jean-Luc Mélenchon
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A relevância internacional da ascenção de Jean-Luc Mélenchon na eleição presidencial francesa não pode ser desprezada.

O crescimento de um candidato de perfil nitidamente de esquerda, de pais e avós socialistas, representa uma boa advertência contra o conformismo que ameaça se transformar na principal corrente de pensamento dos dias atuais.

Numa situação que os brasileiros conhecem muito bem, e que dá uma ideia de que o provincianismo autoritário não é uma exclusividade verde-amarela, nos últimos dias a mídia francesa transformou Melénchon no adversário a destruir.

Cadê as provas contra Lula?

As manchetes sonegadas e o fascismo

Por Tarso Genro

As delações premiadas são confissões-informações prestadas por cidadãos que já reconhecem ter cometido delitos e pretendem, através de uma colaboração formal com o Ministério Público e o Poder Judiciário, obter reduções significativas de penas e até condições especiais para o cumprimento das mesmas. Defendo que o instituto da “delação” - usado com as devidas cautelas constitucionais - pode ser um bom instrumento para nortear investigações e constituir provas para comprovar delitos de difícil aferição.

Diretas Já ou Brasil Nunca Mais

Por Marcelo Zero

O moralismo hipócrita e neoudenista, utilizado para tirar a presidenta honesta do poder, destruiu a democracia, a economia e a política do Brasil. O país está em frangalhos. E tende a piorar.

Os nossos moralistas de ocasião, que insuflaram paneleiros de classe média e procuradores messiânicos contra Dilma e o PT, com discurso raso e equivocado, agora se veem tragados pelo maelstrom das investigações “purificadoras”.

Cometeram o mesmo erro de certos setores da classe política alemã, que acharam que Hitler podia ser útil no combate aos “comunistas”. Mas, uma vez deflagrados, esses processos de histeria coletiva adquirem dinâmica própria, intensificando-se com a crise política e econômica. A caixa de Pandora do protofascismo moralizante, uma vez aberta, é muito difícil de ser fechada. Em pouco tempo, o Reichstag (o parlamento) já está pegando fogo e as instituições democráticas são reduzidas a cinzas.

O golpe e o apagão da Petrobras

Do site da Federação Única dos Petroleiros (FUP):

No dia 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados Federais protagonizou um dos mais vergonhosos capítulos da história do nosso país, ao aprovar a instalação do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, sob a falsa acusação de crime de responsabilidade, as supostas pedaladas fiscais, que meses depois foram liberadas para os exercícios seguintes.

Moralistas sem moral transformaram o Plenário da Câmara em uma arena, golpeando a democracia em rede nacional, em nome de Deus e de suas famílias, homenageando torturadores, criminalizando os partidos de esquerda e os movimentos sociais, em um espetáculo dantesco que indignou a nação brasileira.

O golpe e a república da delação

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

Cá estamos, pessoas comuns, sentados no alto de nosso isolamento, contemplando um triste e violento espetáculo. Lá embaixo, na planície, a república arde em chamas, diante de um público fascinado, perplexo, confuso. A Lava Jato cumpre, enfim, o seu destino, que é assumir o poder político no país.

Os delatores foram usados como combustível humano. Os representantes da Odebrecht, em particular, foram tratados com um cuidado muito especial, porque a Lava Jato cultivou, desde o início, a esperança de que a bala de prata contra Dilma, Lula e o PT viria do ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht.

O silêncio covarde de Bolsonaro

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Uma boa medida da coragem e do caráter impoluto de Jair Bolsonaro está em sua atitude depois da divulgação da lista de Fachin.

Gravou vídeos contra alguns de seus desafetos, sendo que o mais lunático era dirigido a Maria do Rosário, sua nêmesis, por quem nutre uma obsessão que só pode ser amor.

“Que decepção para a esquerda do Brasil! A petralhada vai chorar a noite toda hoje. Mas tem duas pessoas maravilhosas aqui: Carlos Zarattini e Maria do Rosário! Mas o que é isso, Maria do Rosário? A Papuda lhe espera!”, diz ele, dando uma gargalhada de Coringa.

A Odebrecht conspirou contra Dilma

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A matéria, hoje, no Congresso em Foco, na qual o ex-diretor da Odebrecht João Nogueira diz que o empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, fez ameaças a Dilma Rousseff para tentar frear as investigações da Operação Lava Jato, é mais um sinal de que há, entre a empresa e o PT uma relação de ódio, não de cumplicidade como se transmitiu à opinião pública.

MP de SP e as delações contra os tucanos

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Na semana passada, o Brasil tomou um choque de realidade com a descoberta tardia de que os políticos que vinham posando de virgens escandalizadas com a zona de meretrício não passam de hipócritas desavergonhados que contavam com a proteção da mídia e da direita fundamentalista que controla o Judiciário e a Lava Jato.

Acontece que vinha ficando chato. Ninguém é tão trouxa de acreditar que só existem corruptos no PT e nos partidos que se aliaram ao PT. Foi preciso entregar os anéis (suspeitos tucanos) para salvar os dedos (a destruição do PT e de Lula).

Sob Temer, a grilagem volta sem freios

Por Mauricio Torres e Sue Branford, no site Outras Palavras:

“Aqui não existe assalto. Todo mundo anda armado”, explica, orgulhoso, um taxista da cidade de Novo Progresso, no sudoeste do Pará. As armas podem não estar à vista, mas todos parecem portá-las. Em Novo Progresso, as aparências não enganam.

Sob uma fachada de prosperidade, alguns dos donos dos principais estabelecimentos comerciais do município estão em liberdade condicional. Foram presos por desmatamento, grilagem e formação de quadrilha na Operação Castanheira, em 2014, promovida pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Ibama. A operação foi batizada “em homenagem” a Ezequiel Castanha, dono da ampla rede “Supermercados Castanha” e que, como se soube com as investigações, lucrava mesmo era com a grilagem e a venda de terras públicas.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Xadrez da política após o vendaval

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – sobre o essencial e os detalhes

Para colocar um pouco de ordem nessa barafunda.

1. No epicentro do terremoto relaxe e espere a terra assentar. A realidade nunca é tão ruim quanto parece no olho do furacão.

2. Toda essa movimentação em torno da lista de Fachin tem dois objetivos claros. O atual, é o desmonte do sistema de seguridade social e outras reformas antissociais; o de 2018 obviamente são as eleições.

O que está em jogo é o desenho de país que se terá, o futuro dos avanços civilizatórios das últimas décadas, o destino de milhões de pessoas hoje em dia amparadas pelo sistema de seguridade social.

Esse é o ponto central. O restante são os meios, as táticas políticas.


Trump: o novo xerife da cidade

Por Fernando Horta, no site Brasil Debate:

Desde o século XIX, o mundo não se sentia tão desconfortável pelo surgimento de um “xerife” que se arrogava o direito de intervir em qualquer parte do mundo, a partir de seus pressupostos éticos. Em 1845, a Inglaterra lançou o Bill Aberdeen, declarando-se em condições e legitimidade de atacar qualquer embarcação carregando escravos, em qualquer lugar do mundo. Trump, nos últimos dias, avisou que os ataques que foram lançados sobre a Síria seriam um “aviso” a todos os países “fora da ordem internacional”. Para amenizar o discurso, assessores de Trump rapidamente apontaram para a Coreia do Norte e seu teste de mísseis balísticos próximos ao Japão.

Odebrecht é o outro nome do Estado mínimo

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Marcelo Odebrecht é um capitalista para ninguém botar defeito.

Herdeiro da empresa fundada pelo avô e expandida pelo pai, uma das maiores construtoras do país e do mundo, logo entendeu que era inexorável servir à lógica da acumulação intrínseca ao sistema do qual é senhor, ‘mas também escravo’, como já disse um alemão especializado no assunto no século XIX.

O roteiro dessa dinâmica persegue objetivos sabidos.

Otimizar os fatores pela ampliação da escala.

Explorar oportunidades convergentes.

Um ano depois, onde estão os golpistas?

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Hoje, 17 de abril, faz um ano da tenebrosa sessão em que uma Câmara corrupta votou pela abertura do processo de impeachment de uma presidenta honesta, Dilma Rousseff. Onde estão hoje os principais personagens desta história? E onde está Dilma?

Michel Temer: citado na Lava-Jato, o presidente ilegítimo já precarizou a vida do trabalhador, congelou gastos com a saúde e a educação pelos próximos vinte anos e agora planeja destruir a aposentadoria.

A pressa de Moro, com a ajuda da mídia

http://pataxocartoons.blogspot.com.br/
Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Pode-se dizer que o estouro das delações da Odebrecht pelo STF não foi politicamente cronometrado e que atingiu todo o sistema político, mas é certo que a explosão criou o tempo perfeito para a pressa que o juiz Moro tem de condenar o ex-presidente Lula em primeira instância, com vistas à sua inelegibilidade. Com o depoimento do ex-presidente marcado para o dia 3 de maio, numa espécie de juízo final que pode resultar em confronto de manifestantes em Curitiba, Moro marcou para o dia 20 de abril, a próxima quinta-feira, o depoimento do executivo da OAS Léo Pinheiro sobre o caso do tríplex do Guarujá. Não havendo até agora colhido provas de que o apartamento pertença ou tenha pertencido a Lula, parece haver uma aposta de Moro em revelações de Pinheiro e de outros executivos da OAS que o incriminem.

Um governo de cretinos nos EUA

Por Paul Craig Roberts, no site Vermelho:

Está se tornando embaraçoso ser (norte)-americano. Nosso país teve quatro presidentes em sucessão, todos criminosos de guerra. Clinton lançou dois ataques militares contra a Sérvia, ordenando que a Otan bombardeasse a antiga Iugoslávia duas vezes, em 1995 e 1999, cometendo assim dois crimes de guerra.

George W. Bush invadiu o Afeganistão e o Iraque e atacou províncias do Paquistão e do Iêmen pelo ar. Quanto a Bush, são então quatro crimes de guerra. Obama usou a Otan para destruir a Líbia e mandou mercenários para destruir a Síria, cometendo desta forma dois crimes de guerra. Trump atacou a Síria com as forças dos Estados Unidos, cometendo assim um crime de guerra logo no início de seu regime.

Aécio pulverizou pagamentos no exterior

Por Breno Costa, Reinaldo Chaves e Rodrigo Menegat, no site The Intercept-Brasil:

O então governador de Minas Gerais Aécio Neves, o empresário Alexandre Accioly e o jornalista Diogo Mainardi (que nega este relato) jantavam no restaurante Gero, um dos mais conceituados do Rio de Janeiro, em algum momento entre o fim de 2007 e começo de 2008. No mesmo salão, mas em outra mesa, estava um velho conhecido de Aécio, Henrique Valadares, então diretor da área de energia da Odebrecht. Valadares achava normal encontrar o mineiro em Ipanema, onde o tucano se habituara a passar seus finais de semana quando era governador.

domingo, 16 de abril de 2017

Quem lucra com as bombas dos EUA na Síria?

Por Mário Augusto Jakobskind, no jornal Brasil de Fato:

De repente, não mais do que de repente, a mídia comercial conservadora mudou da água para o vinho em relação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Motivo foi o bombardeio dos mísseis Tomahawk, disparados do mar Mediterrâneo contra uma base militar síria. E tudo teve por base uma suposta utilização de armas químicas pelos militares sírios, tornando-se o fato uma verdade inquestionável, ou seja, de que os sírios utilizaram armas químicas – gás sarin – provocando dezenas de mortes, entre elas crianças.

O episódio de alguma forma lembra a primeira invasão norte-americana no Iraque quando o então Secretário de Defesa, Collin Powell foi ao Congresso revelar uma mentira, comprovada posteriormente, de que o Iraque de Saddam Hussein não tinha as tais armas de destruição em massa. A diferença é que hoje o mundo pôde assistir, com justa indignação, as imagens das vítimas. E que o Congresso estadunidense na época foi consultado para promover a invasão, o que não aconteceu agora.

O Estado paralelo do capital

Por Jeferson Miola

Parcela importante do conteúdo das delações dos funcionários da Odebrecht já era de conhecimento público há muito tempo. As revelações úteis para a dinâmica do golpe, por exemplo, já eram bem conhecidas, porque estão sendo vazadas seletivamente pela força-tarefa da Lava Jato e divulgadas à exaustão há cerca de dois anos.

O fim do sigilo das delações trouxe, além de algumas poucas novidades, muitas confirmações sobre as suspeitas dos esquemas industriais de corrupção do bando golpista, dos políticos e operadores do PMDB, PP, DEM, PTB, PSB e PSDB.