Brasília, 24/5/17. Foto: Mariana Cartaxo/Mídia Ninja |
O Brasil não é um país de metáforas, costuma dizer uma amiga. Por aqui, mar de lama são resíduos de barragem rompida, zica é questão de saúde pública e o partido da Ponte para o Futuro é o mesmo que derruba ciclovia em sua administração. Desta vez a não metáfora é uma manchete de portal: “Brasília está em chamas”.
E não só porque, um ano depois do impeachment, a capital é o cartão-postal de um país longe de ser pacificado, como garantiam os arquitetos da nova (nova?) ordem. Ou porque uma rebelião de partidos aliados promete deixar um presidente rejeitado pela opinião pública sangrando sozinho enquanto tenta, de forma patética, se defender da acusação de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. Ou porque um (outro) auxiliar do mandatário está preso junto com dois ex-governadores acusados de desvios nas obras do estádio Mané Garrincha, um elefante branco que recebeu mais recursos do que torcedores após a Copa do Mundo de inaceitáveis 12 sedes. Ou porque o Congresso tenta aprovar na marra as reformas igualmente rejeitadas pela população que não escolheu a agenda adotada pelo presidente que não foi eleito para o posto.