quarta-feira, 12 de julho de 2017

A febre amarela nos governos Lula e Temer

Por Claudia Malinverni, na revista CartaCapital:

Nos últimos nove anos, dois ciclos de intensificação da febre amarela silvestre (na gramática epidemiológica, epizootia), fenômeno recorrente no cenário brasileiro, chamaram a atenção do jornalismo de massa. O primeiro, no verão de 2008, foi alvo de uma intensa e controversa cobertura, que mobilizou a imprensa nacional e acabou por configurar a doença como uma epidemia midiática.

O segundo, no início deste ano, a despeito de ter provocado um surto entre seres humanos de dimensões inéditas e com potencial para a espetacularização, recebeu um tratamento jornalístico oposto, centrado na objetividade da informação.

Temer rouba os direitos trabalhistas

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Depois do mais evidente no processo golpista que colocou o Brasil de joelho e pires na mão, talvez a segunda coisa mais difícil de digerir seja o cinismo dos autores desse processo.

Na noite anterior à votação da “reforma trabalhista” no Senado, a Globo bateu duro em Temer por conta de suas roubalheiras e, em seguida, entoou o bordão da moda entre autores intelectuais do golpe, ou seja, o grande empresariado:

“A sociedade está separando a política da economia”.

É como se o plano da Fiesp e congêneres de tirar direitos dos trabalhadores fosse uma lei da natureza, imutável, irrefreável, quando, na verdade, é uma mudança na economia que provocará um dos processos de empobrecimento coletivo mais rápidos e dramáticos da história, se não do mundo, ao menos da do Brasil.

Um bando de vigaristas destruiu a CLT

Por Katia Guimarães, no blog Socialista Morena:

As bravas mulheres da oposição bem que tentaram: protagonizaram o ato político mais surpreendente dos últimos tempos na tentativa de barrar a aprovação da macabra reforma trabalhista defendida pelo governo Temer. Por quase sete horas, a mesa diretora do plenário da Casa foi ocupada por cinco senadoras – Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Regina Sousa (PT-PI) e Angela Portela (PSB-RR). Essa foi a única alternativa de protesto encontrada, já que o Senado estava prestes a concluir a última etapa de votação antes da sanção presidencial.

O apito da panela de pressão

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O primeiro semestre deste ano marca o quadragésimo aniversário de uma importante etapa do movimento de luta contra a ditadura militar, que havia se instalado em nosso País em 1º de abril de 1964. Entre maio e junho de 1977 os estudantes foram às ruas em várias capitais denunciando prisões arbitrárias, a repressão generalizada e também as questões específicas da pauta na área da educação. As primeiras manifestações ocorreram na capital paulista.

Parte dessa mobilização, até então inédita desde as passeatas de 1968, foi registrada na forma de um importante documentário realizado por estudantes da USP no calor dos acontecimentos. O filme recebeu o título de “O apito da panela de pressão” e foi divulgado pelo Brasil afora, apesar de proibido pelo governo do General Geisel. O exemplo vindo das imagens registradas em São Paulo operou como catalisador do sentimento generalizado de repúdio ao regime, mostrando que havia espaço para ampliar as lutas.

Senado aprova a volta da escravidão


O plenário do Senado aprovou o projeto de lei (PLC 38) de "reforma" da legislação trabalhista. Foram 50 votos a favor e 26 contrários, com uma abstenção. A votação foi concluída por volta das 19h50, depois de mais de seis horas de sessão suspensa, devido a uma ocupação organizada por um grupo de senadoras da oposição. Conforme queria o governo, o texto foi aprovado sem mudanças.

A oposição ainda tentava aprovar algum destaque, para que o projeto voltasse à Câmara. Sem mudanças, o PLC 38 vai à sanção de Michel Temer. O governo diz que fará alterações via medida provisória. "Esta reforma é para diminuir a rede de proteção social e precarizar as condições de trabalho", disse Humberto Costa (PT-PE). "Este projeto não vai criar empregos, e sim subempregos", afirmou Telmário Mota (PTB-RR).

Por onde andam os 'coxinhas'?

Por Rafael Tatemoto, no jornal Brasil de Fato:

Em meio a escândalos de corrupção que envolvem diretamente o presidente Michel Temer (PMDB), uma pergunta ronda a cabeça de muitas pessoas: por que as manifestações de rua contra a corrupção cessaram?

Algumas respostas já apareceram. Em declarações ao jornal Valor Econômico, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), foi objetivo ao comparar o cenário atual à conjuntura passada: “Não é a mesma circunstância. É diferente. O PSDB tem quatro ministros de Estado. O PSDB não tinha ministros no governo do PT”.

O cantor Lobão, um dos ícones das manifestações em defesa do golpe contra Dilma Rousseff (PT), foi na mesma linha: “Mesmo se [Temer] fez falcatrua, se está todo ligado à rede de corrupção, respeitem a interinidade. A economia pela primeira vez tem inflação negativa, depois de 11 anos. Então deixem o cara terminar”, disse à Folha de S.Paulo.

Moro já não é mais “intocável”

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

No site do Conjur, uma matéria reveladora de que se acabou a onipotência - embora não o poder - de Sérgio Moro.

Por unanimidade, os integrantes da turma (a 8ª do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, para onde vão os recursos das sentenças do juiz curitibano) decidiram oficiar (a) Moro para que ele pare de oferecer benefícios em processos sobre os quais não tem competência.

Segundo eles, Sergio Moro “tem tentado amarrar as instâncias superiores” às suas decisões ao fazer acordos com delatores da operação “lava jato”. Em pelo menos duas oportunidades Moro determinou como seria o cumprimento da pena de réus condenados com apelações pendentes de julgamento pela corte, diz o Conjur.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Eunício Oliveira, o homem da escuridão

Por Altamiro Borges

Para evitar o rolo compressor na aprovação da contrarreforma trabalhista, senadoras da oposição – entre elas, Gleisi Hoffmann (PT), Lídice da Mata (PSB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB) – ocuparam nesta terça-feira (11) a Mesa do Plenário do Senado Federal. Diante da combativa e inesperada atitude, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB), mandou cortar a luz, o som dos microfones e o ar condicionado. Numa postura arrogante, o capacho dos patrões – que desejam extinguir os direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e impor a volta da escravidão ao país – ainda esbanjou valentia em uma entrevista ao jornal Estadão: “Deixa elas lá comendo marmita. Nesses três dias não é possível que elas não saiam de lá”.

Maia é o novo menino de recados da Globo

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A face mais reveladora da miséria nacional está num trecho de matéria da Folha sobre a conspiração de Rodrigo Maia, o golpista do golpista.

No domingo, Maia havia se encontrado com Michel Temer para garantir que as instituições estavam funcionando e, claro, reafirmar sua lealdade.

Menos de uma hora depois, “o presidente da Câmara, em carro descaracterizado, foi a uma casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, para um almoço”.

Segue:


A batalha contra as manipulações da mídia

Por Altamiro Borges, no site do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo

Em maio, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé completou sete anos de existência. O aniversário foi comemorado em um restaurante nordestino no centro da capital paulista que reuniu jornalistas, blogueiros, sindicalistas e lutadores pela democratização dos meios de comunicação. A festança foi animada e reafirmou o compromisso dos presentes com a luta pela verdadeira liberdade de expressão – que não se confunde com a liberdade dos monopólios midiáticos. Essa batalha é hoje uma das mais estratégicas para os trabalhadores.

A batalha jurídica em defesa de Lula

Ford e a pós-reforma trabalhista

Por Helena Borges, no site The Intercept-Brasil:

Cerca de 1500 funcionários da fábrica da Ford em Taubaté (SP) tiveram uma pequena prova do que estará por vir caso a Reforma Trabalhista seja aprovada. A empresa está tentando recuperar um antigo acordo de trabalho que permitirá que ela drible o pagamento de horas extras trabalhadas aos sábados. O caso evoca um dois pontos polêmicos da reforma: o chamado “negociado sobre o legislado” e a limitação do poder da Justiça Trabalhista.

Segundo o texto, acordos firmados entre patrão e trabalhador serão superiores à lei, e o Judiciário deverá interferir o mínimo possível nestes contratos. Na teoria, seria um dos pontos da “modernização” que prometem “flexibilizar” os modelos de trabalho. Na vida prática - onde já se contam 13,7 milhões de desempregados -, a conclusão lógica é a de que terá vaga quem estiver disposto a aceitar empregos que só tiram benefícios dos trabalhadores.


Rodrigo Maia, o filho de Cesar

Por Rogério Daflon, no site Pública:

O deputado federal Rodrigo Maia, 46 anos, eleito pelo DEM-RJ, é tido como um dos mais fiéis aliados do presidente Michel Temer. Também é um moço educado, de família influente no Rio de Janeiro. Seu colega Ivan Valente, do PSOL, contou à Pública que, ao contrário do antecessor, Eduardo Cunha, preso em Curitiba, ele costuma ter bons modos quando está fora da cadeira de presidente da Câmara Federal. ‘‘Mas é só sentar naquela cadeira que ele se transforma em um monstro. Age não como um presidente de uma das casas do Legislativo, mas sim como um soldado do presidente ilegítimo Michel Temer’’, se apressa a dizer Valente. ‘‘Ele impede os setores populares de frequentar a Câmara. Exige que a polícia torne o Parlamento algo inóspito’’, acentua.

Elite escolhe o 'botafogo' da Odebrecht

Por Jeferson Miola

Michel Temer está próximo da sua morte política como nunca esteve em nenhum outro momento em mais de ano exercendo ilegitimamente a presidência do Brasil.

A primeira denúncia da procuradoria da república, por corrupção passiva, deixou-o em situação indefensável. Temer é o “chefe da maior e mais perigosa quadrilha do Brasil” [Joesley Batista], e deverá enfrentar ainda outras três denúncias da procuradoria: por organização criminosa, obstrução da justiça e prevaricação.

A prisão de Geddel Vieira Lima, o terceiro integrante da OrCrim [Organização Criminosa, segundo o dono da JBS] a ter o mesmo destino de Eduardo Cunha e Henrique Alves, diminuiu a esperança de Temer na salvação.

PSDB: preço do apoio ao golpe é o racha

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Zveiter usou o arpão, Temer sangra excitando os tubarões mas o PSDB não consegue decidir-se entre deixar o governo ou engajar-se em sua impossível defesa. A reunião dos caciques ontem em São Paulo serviu apenas para expor e aprofundar a divisão do partido, explicitando o drama que os tucanos já não conseguem esconder de si mesmos: o preço por terem apoiado o golpe contra a presidente eleita Dilma Rousseff, num pacto satânico para remover o PT do governo, pode ser um racha que terá efeitos danosos sobre seu futuro.

Os tucanos sempre foram golpistas

A ascensão Rodrigo Maia e o exílio do povo

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Dizem os jornalões que o “mercado” decidiu desfazer-se do mamulengo que instalou no Palácio do Planalto. Já era tempo. Envolvido em sérios atos de corrupção, ademais de incompetente na gerência do papel que lhe foi atribuído, alvo de denúncias da Procuradoria-Geral da República e aguardando as delações de seu correligionário Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, o ainda presidente Michel Temer já teria, como esperado, se tornado peça descartável, carga pesada e inútil a ser lançada ao mar para que o essencial, as “reformas” do interesse das classes dominantes, aquelas que só atendem ao grande capital, não sofram mais abalos, na medida em que a originalmente frondosa base parlamentar do governo se esvai, na medida inversa em que cresce a rejeição popular.

Efeitos 'invisíveis' da crise nas fábricas

Por Marcelino da Rocha, no site Vermelho:

Em boa medida, os números traduzem a crise que se arrasta no Brasil desde 2013/2014 – e que se acentuou com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff no ano passado. Dois dados revelados pelo IBGE sobressaem. Um deles aponta que, no biênio 2015/2016, o País viveu a pior recessão de sua história, com 7,2% de queda acumulada do PIB. O outro revela que, em março de 2017, o índice de desemprego também bateu recorde – 14,2 milhões de brasileiros estavam sem trabalho.

São estatísticas suficientes para desmascarar o governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), que prometia viabilizar a estabilidade política e o crescimento econômico, numa espécie de “governo de salvação nacional”. Ao mesmo tempo, esses números mostram os desdobramentos mais visíveis da crise – os danos mensuráveis, a “realidade macro”.

Reforma trabalhista é crime contra a História

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

No dia marcado para a votação da reforma trabalhista, não há mais nada para discutir nem esclarecer sobre a decisão de 81 senadores que terão a palavra final num projeto que atinge todo brasileiro que paga o pão com o suor do próprio rosto.

Os argumentos são conhecidos. Os dados estão na mesa e devem permanecer na consciência de cada parlamentar - e cada eleitor. No plenário, pela televisão, todos seremos testemunhas de uma tentativa de crime histórico.

Entre 1943, quando a CLT foi criada, e 2017, quando corre o risco de se transformar num pedaço de papel, num retrato da parede, como dizia o poeta, o país teve 21 presidentes. Dez foram eleitos, cumprindo 13 mandatos. Cinco foram escolhidos pela ditadura militar. Capaz de sobreviver a duas dezenas mudanças de governo – em média com três anos e meio de mandato – a CLT ajudou a construir o Brasil como um país diferenciado entre as economias abaixo da linha do Equador.

Golpe trabalhista e o pêndulo da história

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

A história parece mover-se mais ou menos como um pêndulo. Eu, um irremediável otimista, creio que a base que sustenta este pêndulo, que vai de um lado para o outro, move-se apenas em um sentido, rumo à emancipação humana, à liberdade.

O problema é que o pêndulo brasileiro – e, de resto, o do mundo – é viciado. A enorme força dos detentores do dinheiro e, portanto, do poder acaba viciando o pêndulo da história. Assim, à cada mínimo avanço da liberdade corresponde um brutal e desmedido contra-ataque.

Façamos um breve panorama da história política brasileira desde o golpe de 64 para exemplificar.