terça-feira, 25 de julho de 2017

Os Macrons de cada um

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

(Dedico este artigo a Marco Aurélio Garcia)

O informe da Fundação Alternativas e da Fundação Friedrich Ebert, “El Estado de La Unión Europea – Relanzar Europa”, deste ano de 2017, traz uma apresentação firmada por Nicolás Sartorius (Alternativas) e Gero Mass (Ebert), que chama a atenção para os quatro déficits do projeto Europeu, assim classificados: o déficit de estabilidade, originário do endividamento conjunto das famílias e dos orçamentos dos países integrantes da União; o déficit estrutural, decorrente da política econômica da zona do euro, que gera um custo-benefício dramático para os países mais pobres; o déficit social, causado pelas políticas de flexibilização de direitos, exigidas para implementação da moeda única, que atinge de maneira mais dura os trabalhadores dos países mais pobres; o déficit político, causado pela tomada decisões sem a legitimidade obtida nos espaços nacionais, em que essas medidas geram incidência.

A democracia brasileira sob ataque

Por Leonardo Boff, em seu blog:

O pressuposto básico de toda democracia é: o que interessa a todos, deve poder ser decidido por todos, seja direta, seja indiretamente por representantes. Como se depreende, democracia não convive com a exclusão e a desigualdade que é profunda no Brasil.

Verdadeiro é o juízo de Pedro Demo, brilhante sociólogo da Universidade de Brasíia em sua Introdução à sociologia:”Nossa democracia é encenação nacional de hipocrisia refinada, repleta de leis “bonitas”, mas feitas sempre, em última instância, pela elite dominante para que a ela sirva do começo até o fim. Político é gente que se caracteriza por ganhar bem, trabalhar pouco, fazer negociatas, empregar parentes e apaniguados, enriquecer-se às custas dos cofres públicos e entrar no mercado por cima…Se ligássemos democracia com justiça social, nossa democracia seria sua própria negação”(p.330.333).

Pode um povo ir para o cadafalso sem lutar?

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Desde que uma quadrilha assaltou o governo há pouco mais de um ano, a rapinagem das riquezas nacionais, a roubalheira mais escrachada, a destruição de direitos históricos do povo, o fim dos programas sociais, a volta da fome e dos sinais mais aviltantes da miséria, além da humilhação internacional do país, têm sido a tônica do nosso pesaroso dia a dia.

Motivos existem de sobra para que uma população revoltada ocupe permanentemente as ruas, elevando gradativamente os níveis de radicalização dos protestos até que seja posto abaixo o governo ilegítimo e usurpador. Mas, por que será que isso não acontece entre nós, se até a Organização das Nações Unidas reconhece o direito à rebelião popular diante de governos opressores?

8 medidas contra o povo que o PSDB apoia

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Ao longo dos últimos anos, em época eleitoral, os petistas vinham apontando uma série de medidas contra o povo que seriam tomadas pelos tucanos se voltassem ao poder. O PT dizia que o PSDB iria acabar com todas as conquistas sociais dos governos Lula e Dilma. E os marqueteiros e candidatos tucanos, com o apoio explícito da mídia comercial, diziam que o PT fazia “terrorismo” e que queria colocar “medo” nas pessoas.

Alta de impostos e as mentiras de Meirelles

Por Ruben Berta, no site The Intercept-Brasil:

O aumento da alíquota do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), anunciado no fim da tarde desta quinta (20) pelo governo, escancara uma realidade: no mundo político (e econômico também, neste caso), não é possível confiar no que é dito.

Queridinho do mercado, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, usou o programa “A voz do Brasil”, em 31 de outubro do ano passado, para tranquilizar a todos e garantir que não haveria aumento de impostos, graças à mais uma solução mágica que havia sido elaborada na gestão Temer: a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabeleceu um teto para os gastos públicos para os próximos 20 anos.

Moro, o juiz que sequestra a liberdade

Por Wanderley Guilherme dos Santos, no blog Segunda Opinião:

O Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4) modificou 34 das 48 apelações de sentenças do juiz Sergio Moro em processos da Lava Jato, assim distribuídas: 18 penas foram aumentadas, 10 reduzidas e, 6, anuladas. A taxa de acerto impecável limitou-se a 30% das sentenças. Os estatísticos da magistratura avaliarão a normalidade ou a excepcionalidade das correções impostas a um juiz primário. Surpreende que o número de sentenças modificadas por maior severidade (18) seja praticamente igual ao de sentenças retificadas em favor dos réus (16). Em estatística geral, decisões que ora caem 50% de um lado e ora 50% do outro indicam a predominância do acaso. Estatisticamente, as chances de um acusado ser favorecido ou injustiçado seriam as mesmas, mas este não é o caso de nenhum dos 50% das sentenças do juiz Sergio Moro, seja condenando, seja passando a mão na cabeça do réu.

Brasil perde, rentistas ganham. É o golpe!

Editorial do site Vermelho:

O arrocho a que o governo golpista de Michel Temer submete o país afeta principalmente o povo e os trabalhadores, que perderam mais de 14 milhões de empregos e, em conseqüência tiveram seu rendimento reduzido – a massa salarial (que indica o total dos rendimentos dos trabalhadores no país) teve um pico de 186,2 bilhões de reais m 2014, e caiu para 175,3 bilhões no segundo trimestre de 2016, perdendo 11 bilhões de reais – uma queda de quase 6% na renda dos trabalhadores. E que, com o crescimento do desemprego, deve ter aumentado ainda mais. Esta é a dimensão do empobrecimento provocado pelo golpe midiático-judicial-parlamentar conduzido por Michel Temer e sua turma, em benefício da especulação financeira.

A crise brasileira e o fator Meirelles

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Avolumam-se, nos jornais, os sinais de insatisfação mútua entre Michel Temer e Henrique Meirelles.

Meirelles não deu a Temer a redução do déficit público prometida e o reaquecimento da economia.

Temer não deu a Meirelles a aprovação modelo “blitzkrieg” das reformas e e, pior, não entregou o posto de Ministro do Planejamento ao Ministro da Fazenda, que já pegara para si a área previdenciária. Ao contrário, manteve lá Romero Jucá, pela interposta pessoa de Dyogo de Oliveira que, não sendo nada, não é ninguém.

Elio Gaspari e a desonestidade da mídia

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

Entende-se que a Secom de Temer já tenha, na metade do ano, torrado todo o dinheiro de publicidade reservado para 2017, conforme noticiado hoje, e que tenha decidido buscar mais recursos públicos para abastecer a imprensa chapa-branca.

A coluna de Elio Gaspari justifica esse gasto do governo.

Pode-se gastar, hoje, dinheiro à vontade em itens como: publicidade na Folha e compra de deputados.

Medíocres e ferozes mandam no Brasil

Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

Pobre país, entregue aos caprichos de Michel Temer e de Sergio Moro, mas a mediocridade e a ferocidade destas personagens não são delas somente, e sim de uma larga fatia da sociedade nativa. Temer e Moro conseguem ser altamente representativos de milhões e milhões de péssimos intérpretes da cidadania, ignorantes e prepotentes, primários e primitivos, trogloditas intelectuais e morais. O Brasil é samba de uma nota só.

A situação em que precipitamos é a “consequência inevitável”, como diria a letra da canção de Jobim, de cinco séculos de história, o resultado da colonização predadora sem a mais pálida intenção de escapar à pauta da terra arrasada. Acrescente-se três séculos e meio de escravidão para manter de pé até hoje casa-grande e senzala.

Os problemas da Dallagnol paulista

Foto: Reprodução do Twitter
Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Não começou bem a história da Lava Jato paulista.

Resume-se à transferência, para São Paulo, do desmembramento de algumas denúncias analisadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), contra réus que não disponham de foro privilegiado. De imediato, ganhou a cara da procuradora Thaméa Danellon, lotada em São Paulo, apresentada como a chefe da Lava Jato paulista.

Pelos primeiros movimentos, Thaméa representa a face mais comprometedora da Lava Jato.

Quem financia a campanha de Bolsonaro

Por Eduardo Reina, no blog Diário do Centro do Mundo:

“Agro é show, agro é pop, agro é tudo” é o que declama insistentemente propaganda na televisão, no horário nobre.

Mas agro também é bala, que junto à indústria da bala (armamentos, munição e segurança privada) está financiando o périplo do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) pelas cidades do Brasil para fazer palestras e campanha eleitoral.

Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República na eleição de 2018.

MST ocupa fazenda de Blairo Maggi

Do site do MST:

Como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, cerca de 1000 famílias de todos os estados da região centro-oeste e Distrito Federal ocuparam a fazenda ocuparam, nesta madrugada (25), a fazenda do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), localizada em Rondonópolis, a 210 quilômetros da capital Cuiabá.

Conhecido como “Rei da Soja”, Maggi é dono de um grande império econômico, o grupo Amaggi, e envolvido em conjunto de denúncias de uso das legislaturas, como o de senador, para legislar em causa própria e para o fortalecimento das empresas de agronegócio. No ano de 2006 o Greenpeace lhe concedeu o prêmio Motosserra do ano, por elevados danos ao meio ambiente. Blairo também estava envolvido em eventos ainda não esclarecidos como a interceptação pela Força Área Brasileira (FAB) de uma aviação que transportava 500 quilos de cocaína. Segundo a FAB, a aeronave decolou da Fazenda Itamarati Norte, localizada no município de Campo Novo do Pareceis (MT). A fazenda pertence ao grupo Maggi.


segunda-feira, 24 de julho de 2017

As quatro patas do molosso

Por João Guilherme Vargas Netto

A lei nº 13.467 de 13/07/2017 (duplo azar) já provoca um terremoto nas relações de trabalho no Brasil. Seus efeitos terão que ser enfrentados de modo sério porque a agressão aos direitos que materializa cria um clima de conflitos sem precedentes, ao mesmo tempo em que dificulta a ação sindical.

Com o desarranjo que provoca torna-se muito difícil, quase impossível, a volta à situação anterior. Mas, por outro lado, não significa o fim do mundo porque a luta de classes não é abolida pela lei, é intensificada por ela e encontrará caminhos para ser travada.

A leitura atenta da lei comparada aos artigos da CLT que modifica (comparação muito facilitada pela edição organizada pela advogada Camila Azevedo) demonstra que ela contém em si quatro deformas:

Nem pop, nem tech. O Agro é corrupto

Por Miguel Stédile

Ao invés de perguntar a Deus como foi parar ali, Michel Temer deveria perguntar à Confederação Nacional da Agricultura ou aos seus associados. O setor do agronegócio esteve entre os setores mais ativos para o financiamento da campanha pelo impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, desde inflar patinhos amarelos a pagar os trabalhos do publicitário particular de Temer, Elsinho Mouco, como o próprio marqueteiro confessou.

As relações entre o agronegócio e a quadrilha que se instalou no Palácio da Alvorada são íntimas. Como é público e conhecido, além de encontros na madrugada para acertarem a mesada para Eduardo Cunha, Michel Temer e Joesley Batista, da JBS, também compartilharam jatinhos e, principalmente, propinas. Em troca, a JBS receberia a intervenção do governo para facilitar seus negócios.

A verdade é dura, a Volks apoiou a ditadura

Do site Nocaute:

Uma força-tarefa investigativa formada pelo jornal Süddeutsche Zeitung e as emissoras estatais NDR e SWR obteve acesso exclusivo à investigação externa, ordenada pela própria Volkswagen, sobre o papel de sua filial brasileira na ditadura militar (1964-1985).

Segundo reportagens publicadas no domingo (23/07), a filial brasileira da montadora colaborou de forma mais ativa do que antes se imaginava com os militares na perseguição de opositores do regime.

Análise extensa de documentações mostrou quão participativo foi o papel da Volkswagen do Brasil e sugere que a sede em Wolfsburg tomou conhecimento disso – o mais tardar em 1979.

A bancada evangélica representa seus fiéis?

Por Marcelo Santos, na Rede Brasil Atual:

Na última sexta-feira (21) foi realizado o debate “Evangélicos, Igrejas Evangélicas e Política”, que fez parte do ciclo de conversas Novos Fenômenos da Realidade Política, promovido pela Fundação Perseu Abramo (FPA), Friedrich Ebert Stiftung (FES) e Instituto Pólis.

Foram apresentados no evento alguns resultados da pesquisa sobre políticas elaborada durante a Marcha para Jesus, realizada em 15 de junho, em São Paulo. “A nossa hipótese de partida é de que existia um descolamento do campo evangélico religioso do campo evangélico político” explicou a pesquisadora Esther Solano, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo ela, apesar de a bancada evangélica no Congresso Nacional ser expressivamente neoliberal e a favor do Estado Mínimo, a imensa maioria dos adeptos da linha religiosa é contra as reformas defendidas pelo atual governo.

O golpe faz a limpeza racial!

Os desafios para resistir e avançar!

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

Em julho de 2014, o país foi palco de uma grande derrota da seleção brasileira na Copa do Mundo. Uma partida, um grande fracasso e a perda definitiva daquele campeonato. A taça, mais uma vez, não ficou para o Brasil, em casa, na segunda Copa realizada aqui. A nação, entre a raiva e a tristeza, desmontou.

Há pouco mais de uma semana, os trabalhadores brasileiros sofreram também uma derrota, mais trágica do que as da seleção brasileira. E foi também uma segunda perda, agora no Senado Federal – a primeira aconteceu na Câmara dos Deputados, em 26/04 – com a aprovação de uma enorme reforma da legislação trabalhista no país. Parte substantiva da legislação brasileira do direito do trabalho foi transformada em normas que visam a proteger as empresas, precarizar as condições de trabalho, arrochar salários, limitar o acesso à justiça, enfim, criar condições permanentes para reduzir e ajustar o custo do trabalho na economia brasileira. Diferentemente do ocorrido na Copa do Mundo, não houve uma comoção nacional. Diferentemente do campeonato, também, o time dos trabalhadores não foi abatido por adversários, mas por aqueles que estavam lá para legislar por todos.

Com Temer, até quando o Brasil aguentará?

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Nesta última semana de julho e do recesso parlamentar, com a população abatida e exausta e a economia destroçada, o Brasil espera por 2 de agosto com uma indagação: vai ter quórum para votar neste dia a licença para que Temer seja processado por corrupção e afastado do cargo? Parece que não. Mais dias, menos dias, entretanto, o plenário da Câmara, o mesmo que afastou uma presidente eleita sem crime demonstrado, cevado por favores governamentais, deve rejeitar a denúncia para manter Temer no cargo. Confirmada esta clara tendência de hoje, Temer terá uma vitória de Pirro e o país sofrerá mais uma grande derrota.