quarta-feira, 15 de novembro de 2017

No MinC de Temer, a cultura do compadrio

Por Jotabê Medeiros, na revista CartaCapital:

Qual será o interesse que leva uma pessoa a aceitar um cargo em um regime de exceção? A primeira resposta que ocorre é: vantagens? Três meses depois que o jornalista Sérgio Sá Leitão assumiu o Ministério da Cultura do governo Temer, dando fim a uma vacância de 34 dias na pasta, seu currículo levanta dúvidas sobre as motivações no cargo.

Ex-secretário do ministro Gilberto Gil durante dois anos, ex-secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro na gestão de Eduardo Paes (PMDB) e ex-presidente da RioFilme, Leitão tinha, ao contrário do antecessor, Roberto Freire, um perfil de trânsito no meio cultural. E não pesa contra ele acusação de malversação, tráfico de influência ou desvios, ao contrário de quase todo o espectro ministerial do governo Temer.

Corrupção na Fifa e o cinismo da Globo

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O empresário Alejandro Burzaco, um dos delatores do caso Fifa, acusou a Globo de ter pago propina por direitos de transmissão de competições ligadas à Conmebol, como Copa América, Libertadores e Sul-Americana.

Burzaco, que se entregou em 2015, disse que, por meio de sua empresa de marketing esportivo, subornava autoridades.

Segundo ele, Marcelo Campos Pinto, então diretor da área esportiva da Globo, se reuniu em 2012 num restaurante de Buenos Aires chamado Tomo Uno com Julio Grondona, presidente da AFA, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. No encontro, falaram de pagar 600 mil reais aos dois últimos.

A crise do Rio e o golpe de 2016

Por Paula Quental, no site Brasil Debate:

A crise do Rio de Janeiro e a solução proposta pelo governo federal na forma do Plano de Recuperação Fiscal (PRF), homologado em setembro, estão longe de ser uma questão localizada, restrita ao Estado. Tanto o diagnóstico da crise, como o “remédio” prescrito para enfrentá-la fazem parte da orientação da política econômica posta em prática com o golpe de 2016, que destituiu a presidente Dilma Rousseff. São outra “face” do golpe, não tão evidente como a emenda do teto de gastos e a reforma trabalhista, mas com potencial para fazer estragos no país todo, comprometendo políticas e serviços públicos.

O parlamento e o direito à reciprocidade

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

A nova legislação trabalhista brasileira, agora rebatizada de Consolidação das Lesões Trabalhistas, tornou-se uma das mais perversas do mundo, pois está centrada na compreensão de que o trabalho é “mero” custo de produção, uma “coisa” a ser apropriada pelo menor preço. A Reforma Trabalhista, por seu conteúdo demolidor de direitos, não fora aprovada por obra e graça do Divino Espírito Santo, tampouco nascera da vontade altruísta da classe trabalhadora de sacrificar-se em sofrimento temporal na busca da “salvação eterna”.

Waack, racismo e a Rede Globo: tudo a ver

Por Henrique Oliveira, no site Justificando:

O jornalista da Rede Globo, William Waack, foi afastado das funções de jornalismo após vazar um vídeo gravado minutos antes de entrar no ar. Durante a cobertura sobre a eleição de Donald Trump, no dia 8 de Novembro de 2016, o jornalista aparece xingando um motorista que estava buzinando, e faz comentários racistas com o também jornalista Paulo Sotero.

O diálogo:

William Waack: “Tá buzinando por que, ô seu merda do cacete? Deve ser um daqueles… Não vou nem falar de quem é, eu sei o que é… Sabe o que, né? Preto, né?” e Sotero pergunta: “Ahn?” e Waack diz: “Preto, né? Sabe o que é isso? É coisa de preto”, Sotero: “Sim”. E conclui o diálogo: “Com certeza”.

Míriam Leitão e o cachorro hidrófobo

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Mais cedo, registrei que Miriam Leitão tinha ficado “mordida” com a manchete da Folha que dizia que o mercado financeiro flertava com as recém adquiridas virtudes liberais de Jair Bolsonaro.

Bem, esta tarde o que rola nas redes é a mordida, mesmo que em palavras, do candidato respondendo a ela.

Faz aquele “não diga bobagem, Miriam” com que José Serra a brindou, em 2010, parecer coisa de “gentleman”.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Temer e PMDB querem poluir a campanha

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Venho dizendo aqui no 247 que o racha do PSDB pode ter como consequência o lançamento de um candidato governista do PMDB, para fazer a defesa de Temer. O líder do governo no Senado, Romero Jucá, acaba de confirmar isso. Disse ele hoje que, se ninguém o fizer (e quem haveria de fazer isso, após a revoada dos tucanos), o PMDB lançará um candidato para defender o “legado” de Temer, que a seu ver, vem fazendo “mágica”. Se a ameaça se confirmar, os eleitores brasileiros, já castigados pelos retrocessos de Temer, serão também obrigados a ouvir 85,5 segundos diários de bazófia peemedebistas. Embora tenha apenas 5% de preferência dos eleitores e possa até desaparecer em alguns estados – como o Rio, onde todos os quadros do partido estão presos ou sendo investigados - o PMDB tem o maior tempo de televisão e poderá veicular 3,2 inserções diárias, afora o tempo dividido nas edições da tarde e da noite do horário eleitoral.

A Lava-Jato nasceu em Washington

O dinheiro do pré-sal vai para os bancos


A Petrobras anunciou nessa segunda-feira (13) que a companhia registrou lucro líquido de R$ 266 milhões no terceiro trimestre de 2017. No trimestre anterior, chegou a R$ 370 milhões.

Contudo, para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), os números realmente importantes são outros. "Nos últimos três trimestres, a empresa registrou R$ 5 bilhões em lucro líquido, mas entregou R$ 108 bilhões ao sistema financeiro", diz a entidade, em nota.

"Às custas de desinvestimentos e de drásticos cortes nas áreas operacionais, o endividamento da Petrobras diminuiu 11% em relação aos três primeiros trimestres do ano passado", diz a FUP. "No mesmo período, os gestores encolheram ainda mais os investimentos, que caíram 19%. Só neste terceiro trimestre, houve uma redução de R$ 10,4 bilhões."

Temer comete crime contra os idosos

13 observações sobre a resistência ao golpe

Por Breno Altman, em seu blog:

1. Nem sempre é possível reagir à contrarrevolução nos moldes empregados, por exemplo, pelo chavismo na Venezuela, especialmente frente ao golpe cívico-militar de 2002.

2. Não depende apenas de vontade e empenho da direção política, no momento exato da ofensiva de direita, a qualidade da reação ao golpismo. Se as condições politicas não são preparadas, com antecedência, por uma correta estratégia de poder, o fracasso geralmente é inevitável.

3. A mais importante dessas condições políticas é ter o apoio mobilizado da maioria dos trabalhadores, construindo sua disposição de defender o governo popular como uma batalha de vida ou morte.

Maduro vence queda de braço contra Trump

Por Fania Rodrigues, no jornal Brasil de Fato:

Apesar do cerco econômico contra a Venezuela, o presidente Nicolás Maduro venceu uma queda de braço contra o governo dos Estados Unidos e a União Europeia, nessa segunda-feira (13). De acordo com informações anunciadas pelo mandatário venezuelano, cerca de 400 compradores dos títulos da dívida do país, o que representa 91% dos investidores, reuniram-se com a equipe econômica do governo para discutir a proposta de renegociação. O encontro ocorreu no Palácio Branco, que faz parte do conjunto de edifícios do Palácio Presidencial de Miraflores.

Globo defende reforma trabalhista de Temer

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

O editorial de hoje do Globo acrescenta ao cinismo e canalhice habituais da empresa dos Marinho uma dose cavalar de ignorância jurídica.

O jornal da família de milionários defende apaixonadamente, para variar, os ataques do governo Temer aos trabalhadores, como a reforma da Previdência e a trabalhista (esta entrou em vigor no último sábado).

O alvo é a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), que aprovou alguns enunciados, ou seja, propostas de interpretação da lei trabalhista, após debates e aprovação por mais de 600 juízes, procuradores e auditores (aqui a notícia no site da Anamatra).

Para uma anatomia do conservadorismo

Por Katya Braghini, no site Outras Palavras:

Este texto condensa, de maneira panorâmica, as questões teóricas e metodológicas que são recuperadas de uma bibliografia que se propõe a discutir o pensamento conservador na sua ação políticas. Fala-se muito em conservadorismo. Mas, pensá-lo na cultura política soa como demérito ou assunto dado. A própria expressão “conservadores” parece explicar tudo, seriam retrógrados. Ao apontar que tal pessoa, grupo ou intelectual é “conservador” estamos pensando em quê? Há questionamentos que exigem uma localização, de onde vem, quem são os conservadores? Outros, que refletem sobre suas formas de abordagem ao que compreendem como ação política.

Lula e a condenação histórica da "Justiça"

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Não se sabe se, sendo candidato em 2018, Lula seria eleito pela população.

Assim como não se sabe se, assumindo mais uma vez a Presidência da República, ele teria forças para resistir a um novo golpe - inspirado de fora - semelhante ao que derrubou Dilma Rousseff.

As intenções de voto que o colocam em primeiro lugar na preferência do eleitorado, da ordem de 35%, correspondem ao percentual histórico de votos da esquerda no Brasil, e anormal seria, considerando-se as circunstâncias políticas e o descarado lawfare movido contra ele pelo Ministério Público e a Operação Lava Jato, que o ex-presidente tivesse menos que um terço da preferência da população.

A vida do trabalhador sem a CLT

Por Guilherme Coutinho, no blog Socialista Morena:

Foi bom enquanto durou, mas acabou. O último sábado, 11 de novembro, será lembrado por ter marcado o fim de uma era no Brasil: a vigência da Consolidação das Leis do Trabalho. Como todo tempo bom, esses 74 anos deixarão saudade – ao menos para a classe trabalhadora, que via nela uma fonte garantidora de direitos. Quem foi beneficiado pela mudança (os patrões) começa agora a colher os frutos de um movimento político iniciado tão logo o resultado das eleições presidenciais de 2014 foi anunciado. Àquela altura já estava mais do que claro que a “reforma trabalhista”, anunciada como solução para a crise financeira, jamais seria sancionada por Dilma Rousseff. Era necessário dar um golpe no povo brasileiro em favor de uma elite empresarial.

Provocação da IstoÉ tem roteiro clássico

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ao comparecer a uma delegacia de Copacabana para pedir proteção policial, o jornalista Mario Vitor Rodrigues cumpre a segunda fase - previsível - de uma provocação iniciada com a publicação do seu infame texto "Lula deve morrer" na revista IstoÉ. Pode-se prever um roteiro clássico.

Após lançar o fantasma de um crime no ar, o passo seguinte é assumir a posição de vítima e alegar que tem sofrido ameaças. O terceiro lance é convencer as autoridades policiais começar a busca de "suspeitos". O quarto é enrolar-se na bandeira da liberdade de imprensa e denunciar "petralhas autoritários que apoiam Lula". E assim por diante, na infinita história das operações sujas contra a luta dos trabalhadores.

Mídia poupa Waack, mas criminaliza Dirceu

Por Dayane Santos, no site Vermelho:

Enquanto a imprensa bota panos quentes na afirmação do jornalista William Waack por ter dito, durante uma conversa pouco antes de uma entrada ao vivo, que a suposta "bagunça" na rua que ele ouvira era "coisa de preto" e critica o que chamam de "tribunal da internet", essa mesma mídia divulgou um vídeo em que o ex-ministro José Dirceu foi filmado por um convidado dançando na festa de aniversário de sua mulher, no último sábado (11), em Brasília.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O ódio deve morrer

Por Marcelo Zero

“Lula deve Morrer”. Este foi o título do artigo de um articulista da IstoÉ. Chocou a muitos.

De fato, o artigo, um somatório mal-ajambrado de clichês antipetistas, choca pela estupidez manifesta e pelo ódio desavergonhado. Mas não surpreende. O golpe abriu a porteira para uma direita tão obtusa quanto violenta. Há muito que o Brasil foi tomado por uma horda de insanos protofascistas.

Liderados por cérebros iluministas como Bolsonaro, Alexandre Frota, Marcos Feliciano, representantes do MBL etc., essa horda se dedica não apenas a destilar seu ódio contra Lula e o PT, mas também a censurar exposições artísticas, agredir palestrantes, impedir professores de darem aula, pedir a volta ditadura, exigir a execução de “bandidos”, manifestar desprezo pelos direitos humanos e se insurgir contra tudo que cheire a “esquerdismo”, “ideologia de gênero”, combate ao racismo e à homofobia e afirmação dos direitos das populações excluídas ou de alguma forma oprimidas. Enfim, tudo que cheire a civilização.

Moniz Bandeira, o golpe e a geopolítica

Por Rubens Diniz, no site da Fundação Maurício Grabois:

A edição 145 da revista Princípios, lançada no final de 2016, trouxe a entrevista exclusiva de Moniz Bandeira a Rubens Diniz, em que ele afirma que "o golpe contra Dilma insere-se no xadrez da política internacional", e justifica seu raciocínio. Por ocasião de seu falecimento, nesta sexta (10), o portal Grabois disponibiliza esta entrevista como uma homenagem a seu espírito de luta e resistência democrática.

Princípios entrevistou o renomado historiador e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, que recentemente completou 80 anos e acaba de lançar seu mais recente livro, Desordem Mundial, no qual analisa o atual tabuleiro geopolítico.