quarta-feira, 10 de outubro de 2018

O teto do bolsonarismo

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O segundo turno da eleição será disputado voto a voto, dia-a-dia, até o 28 de outubro. Bolsonaro arranca com a vantagem relevante de quem obteve 17.934.985 votos a mais que Haddad no primeiro turno.

Esta vantagem, entretanto, não é estática, pois não há automatismo nas escolhas de imensas parcelas do eleitorado. A eleição está em aberto; e é realista a possibilidade da democracia derrotar o fascismo; do Haddad vencer Bolsonaro:

Bolsonaro confirma que é candidato a ditador

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

É errado mas é até possível compreender aquele candidato que, favorito nas pesquisas, evita comparecer em debates no primeiro turno.

Sabemos que o risco de enfrentar uma ação articulada de vários adversários pode transformar uma discussão civilizada num circo sem valor para a democracia.

O caso é diferente num segundo turno, quando se trata de um confronto cara a cara, entre dois oponentes.

O país inteiro aguarda por essa oportunidade na qual, com tempos iguais, dois cidadãos que pretendem assumir a presidência da República expõem suas ideias, desenvolvem argumentos e contestam o adversário.

PCdoB é indispensável à democracia

Editorial do site Vermelho:

O PCdoB obteve até agora 1,35% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados. Ainda não é o resultado definitivo, pois, até a proclamação dos resultados pela Justiça Eleitoral nos estados e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse número pode ser alterado. Portanto, não está definido ainda se o Partido cumpriu a cláusula de desempenho. Diante desse fato, veículos da mídia têm feito matérias depreciando a legenda comunista, insinuando, como fazem desde 1922, a sua extinção, tentando lançá-la na vala comum.

PSL domina campo conservador na Câmara

Da revista CartaCapital:

A nova bancada da Câmara dos Deputados escolhida pelos eleitores brasileiros mostra uma situação mais equilibrada que no Senado, onde o campo progressista perdeu espaço.

Os partidos mais tradicionais da esquerda – PT, PSB, PDT, PCdoB e PSOL – mantiveram patamar semelhante ao de 2014. Há quatro anos, as cinco legendas elegeram 137 deputados no total. Neste pleito, foram 135.

Miriam Leitão e a rendição ao medo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Há três forças conflitantes no caminho de Jair Bolsonaro: a dos princípios, a do oportunismo e a da coragem/medo. É por aqui que o Sistema vai atuar.

A Globo é sistema. O STF (Supremo Tribunal Federal) é sistema. A Procuradoria Geral da República (PGR) é sistema, assim como os tribunais superiores, a alta burocracia pública, as Ordens de Advogados, as grandes corporações etc.

Um Ministro do STF é poderoso quando o Sistema funciona. E o funcionamento do sistema obedece a um pacto político-jurídico que nasceu com a democracia representativa e que tem como pilar central a Constituição:

Partidos atropelados no primeiro turno

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Focados na disputa renhida que será travada no segundo turno, só com o tempo compreenderemos todas as consequências que o furacão conservador de domingo trará para o sistema político.

Já sabemos que, seja quem for o eleito, nada mais será como antes na forma de fazer política e de governar, depois que o velho sistema partidário foi atropelado na eleição parlamentar.

Algumas siglas perderão a relevância e algumas podem mesmo desaparecer.

A governabilidade não poderá mais ser comprada como antes, com cargos e licença para roubar, mas será preciso inventar a receita para construí-la com 30 partidos na Câmara e 21 no Senado.

Carta aberta a Fernando Haddad

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Meu caro Fernando,

A preservação da liderança de Lula é fundamental para o movimento de massas no Brasil (e não ignoramos sua influência em todo o continente), e sua liberdade, pedida nas ruas e reclamada nos tribunais, é objetivo do qual não podemos nos arredar — mas não encerra a luta toda. Da mesma forma, a preservação do PT, e mesmo seu fortalecimento, embora importantes, não podem ser o único objetivo das forças progressistas neste pleito inconcluso mas já em estágio avançado, nos termos conhecidos.

Bolsonaro, o pastor do Deus dinheiro

Por Rubén Armendáriz, no site Carta Maior:

Os movimentos evangélicos aumentaram sua influência na política da América Latina. Embora o Brasil seja o país com mais católicos no mundo, os evangélicos já representam quase um terço da população. Após uma intensa campanha dos principais líderes das igrejas, a adesão dos setores pentecostais e neopentecostais à candidatura de Jair Bolsonaro passou de 26% a 46%, e explicam seus resultados neste primeiro turno.

Antipetismo pode destruir a democracia

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Sem ser agressiva ou panfletária, a campanha do candidato Fernando Haddad no segundo turno das eleições presidenciais pode ser a última grande oportunidade histórica para que o PT explique sucintamente à nação a verdadeira história do país nestes últimos 15 anos e desconstrua os mitos e mentiras do discurso antipetista que levou quase a metade dos eleitores brasileiros a aderirem entusiasticamente ao fascismo no primeiro turno e arrisca a levar outro mito, tão falso quanto esses, ao cargo máximo da nação a partir do primeiro dia do próximo ano.

Haddad amplia apoios sindicais

Foto: Ricardo Stuckert
Do site da Agência Sindical:

Direções das centrais CUT, Força, CTB, Nova Central, CSB e Intersindical reuniram-se nesta tarde (10) em São Paulo, com Fernando Haddad e Manuela Dávila, a fim de debater o segundo turno e reforçar a pauta trabalhista no debate eleitoral.

Além das discussões sobre os meios de massificar as propostas do campo popular, em contraponto à agenda neoliberal e autoritária de Bolsonaro, os sindicalistas entregaram Carta ao candidato petista. O documento - “Por que a classe trabalhadora deve eleger Haddad” - defende a democracia, os direitos trabalhistas e a soberania nacional.

Três semanas para interromper um funeral

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

1. É nas grandes derrotas que se enxergam os problemas ocultados por “sucessos” ilusórios; e que se abre caminho para o novo. As dimensões do retrocesso de ontem, primeiro turno das eleições gerais, dificilmente poderiam ser mais dramáticas. O circo de horrores que já é o Congresso Nacional será piorado por uma bancada de extrema-direita. O antes pequenino PSL, de Bolsonaro, passará de 7 para 51 deputados. Expoentes da arrogância desvairada, como os irmãos Bolsonaro e a advogada Janaína Paschoal, Kim Kataguiri e Alexandre Frota receberam enxurradas de votos, enquanto Eduardo Suplicy, Dilma Rousseff e Lindberg Farias naufragaram. Exceto no Nordeste, a boia de salvação que evitou uma catástrofe, o que se chama até agora de “esquerda” não governará estado algum. O PCdoB e a Rede, ficaram abaixo da cláusula de barreira e perderão acesso à TV e recursos do Fundo Partidário. E no entanto, o pior não se deu. Depois de ter perdido por um tris a chance de eleger-se presidente no primeiro turno, Jair Bolsonaro estava abatido e soturno ontem à noite, ao gravar um pronunciamento a seus eleitores. Serão 21 dias de enorme tensão, mas derrotá-lo é possível, porque os resultados de ontem são uma aberração, fruto de três erros grosseiros que é possível corrigir. Reparar estes equívocos – na prática, com determinação e em curtíssimo prazo – será tarefa dificílima. Mas é a única alternativa e, se concretizada com sucesso, permitirá trocar um funeral pelas chances de reinvenção da esquerda.

PSDB termina sem voto e também sem honra

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O espetáculo não podia ser mais deprimente.

O PSDB de São Paulo – vale dizer, o PSDB nacional, porque a seção paulista sempre foi a cabeça do partido – viveu uma troca de ofensas, gravada e publicada, com acusações de traição e falsidade a João Doria.

Doria, depois de ter mandado um aliado pedir a renúncia de Alckmin da presidência do partido, fez queixas sobre a distribuição do Fundo Partidário, insinuando que Alckmin gastou demais em sua campanha e deu-lhe poucos recursos.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

A usina de mentiras no universo bolsonariano

Judiciário e mentiras fortaleceram Bolsonaro

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Apos anos penando com uma grave crise econômica e política, o país chega ao fim do primeiro turno da eleição presidencial mais violenta da história da nova república. Facada, tiros, mentiras em proporções inimagináveis e um completo desrespeito às leis marcaram o período de campanha eleitoral. O Brasil virou um faroeste.

As urnas confirmaram as pesquisas que colocavam Bolsonaro e Haddad no segundo turno. Qualquer que seja o resultado final, a certeza é de que tempos ainda mais sombrios estão por vir. Bolsonaro passou a campanha inteira avisando que não aceitaria qualquer resultado que não fosse a sua vitória. Aceitar a derrota nas urnas é um pressuposto elementar da democracia, algo que Bolsonaro sempre fez questão de desprezar. Caso seja vitorioso, bem, não precisa ser vidente para saber como serão as coisas. As pistas foram dadas por sua campanha. Será um governo trágico sob qualquer ponto de vista de qualquer democrata.

Globo está no “mato sem cachorro”

Por Arnaldo César, no blog de Marcelo Auler:

Adesista de primeira hora, as Organizações Globo (o maior conglomerado de mídia do continente Sul Americano) ficou no mato sem cachorro, depois do vendaval de conservadorismo que açoitou o País, no último domingo (07/10).

Como se sabe, o candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o preferido dos eleitores da extrema direita brasileira, antes mesmo dos resultados do primeiro turno trocou de mal com as empresas da família Marinho.

Mercurial como ele só, preferiu se acoitar no regaço do arquibilionário bispo Edir Macedo, o comandante em chefe da Igreja Universal do Reino de Deus e dono absoluto da Rede Record de Televisão.

TV britânica detona Bolsonaro

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Liberalismo e fascismo: afinidades eletivas

Por Augusto C. Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

Se fascismo e liberalismo não são iguais, tão pouco existe entre eles uma muralha intransponível. Diria mesmo que existem mais pontos de convergência do que sonha a nossa vã filosofia. Foi na América Latina que o conluio liberalismo e fascismo tornou-se mais evidente. Os liberais constituíram-se em vanguarda ideológica e política da maior parte dos golpes militares ocorridos ao longo do século 20. Por aqui, em 1964, os muito liberais Estadão, Folha e UDN conclamaram abertamente a intervenção militar e aplaudiram a repressão que se seguiu à autodenominada “redentora”. O mesmo fenômeno se repetiu no Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai etc. O fenômeno voltou a se repetir no século 21.

Dá para virar no segundo turno

Por Marcelo Zero, no site Brasil Debate:

Os resultados do primeiro turno, embora chocantes para alguns, face ao crescimento de última hora da candidatura fascista, não chega a ser surpreendente, se levarmos em consideração alguns fatores básicos:

1) O principal candidato transformou-se em preso político e foi impedido de concorrer e de falar.

De fato, caso Lula pudesse ter concorrido, como exigiu a ONU, a eleição já poderia ter sido definida em primeiro turno, a favor do PT. Lula, nas últimas pesquisas tinha cerca de 44% das intenções voto. Com ele na disputa, Bolsonaro não passava dos 20%. Lula poderia ter facilmente ganhado a eleição em primeiro turno, “puxando” consigo muitos candidatos a outros cargos eletivos. A situação seria hoje completamente diferente. O Judiciário, dessa forma, deu contribuição inestimável para ascensão do fascismo no Brasil.

Filho acusa Frota, o queridinho de Bolsonaro

Do site Jornalistas Livres:

Filho de Alexandre Frota, Mayã Frota, de 18 anos, chama o pai, eleito deputado federal por São Paulo, com 153 mil votos, de “ex-ator pornô e ex-viciado em cocaína”, além de acusá-lo em uma série de posts no twitter de não pagar a pensão alimentícia requerida na Justiça. Por fim, Mayã sugere também que o pai queria que ele fosse abortado.


Frente ampla para derrotar o fascismo

Por Jeferson Miola, em seu blog:

É preciso evitar o impressionismo para analisar o resultado do primeiro turno. É certo que o desempenho da direita foi impressionante, e trouxe surpresas com a eleição de figuras marcadamente identificadas com o bolsonarismo, além de outros fenômenos que devem ser criteriosamente apurados no seu momento próprio.

O resultado do primeiro turno repetiu, em termos matemáticos, o cenário observado nas últimas semanas de ataques brutais contra Haddad e da campanha fascista, integrada inclusive pelo stf, que instaurou a censura e suprimiu a liberdade de expressão para silenciar Lula e não permitir que sua pregação a favor de Haddad chegasse ao povo.