sábado, 17 de novembro de 2018

O projeto é não ter projeto

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Vai ficando cada vez mais preocupante o que nos espera com o governo Jair Bolsonaro.

Os “planos” do presidente eleito são, até agora, de demolição, não de construção.

Vimos um exemplo terrível e desumano com o caso dos médicos cubanos que, em apenas um mês, deixarão sem assistência mais de 25 milhões de brasileiros, no que, num expressão definitiva, Bernardo Mello Franco chamou, em O Globo, de “Programa Menos Médicos”.

Mas não é o único desmonte à frente.

O Brasil no mundo e na era Bolsonaro

Ilustração: Muzaffar Yulchiboev/Uzbequistão
Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual:

A se acreditar nos relatos disponíveis, a coisa foi assim: Olavo de Carvalho, este luminar do obscurantismo, indicou o diplomata obscurantista Ernesto Araújo (basta acessar seu blog para comprovar o adjetivo) ao filho do presidente eleito, que por sua vez indicou-o a este, que o três-indicou para o posto de chanceler brasileiro, um espaço geopolítico que já foi ocupado por Rio Branco, João Neves da Fontoura, San Thiago Dantas, Azeredo da Silveira, Celso Lafer, Celso Amorim, para citar alguns poucos nomes de uma tradição diplomática da melhor qualidade, e de diferentes correntes de pensamento.

Silvio Santos, o office-boy de luxo

Por Pedro Alexandre Sanches, na revista CartaCapital:

Aos 87 anos, Silvio Santos está a todo vapor. Em uma mesma semana, ressuscitou o slogan ditatorial “Brasil, ame-o ou deixe-o”, bajulou o presidente eleito em telefonema transmitido ao vivo, declarou torcida pelo juiz Sérgio Moro na Presidência da República a partir de 2026, utilizou programa assistencialista para assediar no ar as cantoras Claudia Leitte e Anitta, crianças e mulheres negras.

Fanático de Trump envergonha o Itamaraty

Por Altamiro Borges

Motivo de desconfiança na imprensa internacional, Jair Bolsonaro deu mais um tiro no pé nesta semana ao indicar Ernesto Araújo, um sujeito obscuro e com jeitão de aloprado, para o estratégico cargo de ministro das Relações Exteriores. Entre as “contribuições intelectuais” do novo chanceler já se descobriu que ele é um admirador fanático de Donald Trump, tratado como a nova “salvação do Ocidente”, e um inimigo hidrófobo das esquerdas e do PT, rotulado de “Partido Terrorista”. Em tom de chacota, o jornal britânico The Guardian estampou no título: “Novo chanceler brasileiro acredita que as mudanças climáticas são um plano marxista”. Há dúvida apenas se Ernesto Araújo é um completo idiota ou um mero oportunista – ele pode ser também um oportunista idiota!

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Aécio Neves já pediu desculpas a Moro?

Por Altamiro Borges

O tucano Aécio Neves, um dos principais responsáveis pelo Brasil ter ingressado na era das trevas – com o golpe do impeachment, a quadrilha de Michel Temer, as hordas fascistas e a vitória do troglodita Jair Bolsonaro –, é recordista em denúncias de corrupção no país. Apesar disto, ele nunca foi seriamente incomodado pela seletiva “Justiça”. O cambaleante sempre teve grandes amigos neste poder elitista – basta lembrar os afagos e risadas entre ele e o "justiceiro" Sergio Moro em um convescote da revista QuantoÉ. Agora, porém, sua situação ficou mais complicada. Ele virou pó na política e aspira pouco na carreira. Nesta sexta-feira (16), o jornal O Globo publicou uma matéria ácida contra o ex-chefão do falido PSDB.

Fantasia ideológica produz ministro-piada

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Os caminhos que levaram à indicação do diplomata Ernesto Araújo para comandar o Itamaraty a partir de 1 de janeiro produziram uma piada pronta. Do ponto de vista prático, lhe falta a indispensável experiência para a função: nunca chefiou uma embaixada ou qualquer outra representação equivalente do país no exterior. Do ponto de vista político, a situação é ainda mais grave.

Bolsonaro ‘mata’ Mais Médicos

Por Isaías Dalle, no site da Fundação Perseu Abramo:

O Ministério da Saúde de Cuba anunciou nesta quarta-feira que vai retirar os profissionais de saúde do programa Mais Médicos. Através de nota oficial, o governo cubano atribui aos ataques e críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro a decisão de romper com o projeto, criado na gestão da presidenta Dilma Rousseff em 2013.

O Mais Médicos emprega mais de 8 mil profissionais de saúde que atendem prioritariamente áreas de difícil acesso – como florestas e o sertão – e nas periferias das regiões metropolitanas, onde a presença de médicos e equipes de saúde era até então escassa. Com a saída dos cubanos, maioria absoluta entre aqueles que se engajaram no programa, quem perde são as parcelas mais pobres da população – clientela menos rentável e, portanto, pouco atrativa para médicos que priorizam rentabilidade em detrimento da função social da profissão.

Trevas nos esperam

Por Marcelo Zero

E quando pensávamos que a coisa não poderia mais piorar vem a notícia: Bolsonaro nomeia como ministro das Relações Exteriores o embaixador Ernesto Henrique Fraga Araújo, atual Diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do MRE, cargo de terceiro escalão do Itamaraty.

Recém-promovido a embaixador, o diplomata agraciado com o cargo não tem muita experiência.

Nunca foi chefe de missão diplomática e jamais foi sabatinado pelo Senado. Embora a escolha de um embaixador “júnior” de terceiro escalão para o principal cargo da diplomacia não tenha agradado ao Itamaraty, casa acostumada a uma hierarquia rígida, talvez isso não deva nos preocupar tanto.

A tropicalização da “Teoria do Louco”

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O diplomata Ernesto Fraga Araújo, novo chanceler anunciado por Jair Bolsonaro, compõe lindamente com o restante do time da República das Caneladas.

Seguidor de Olavo de Carvalho, por este indicado ao cargo, Ernesto é dono de um blog chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”, em que expõe suas ideias.

Basicamente, são teorias da conspiração de extrema direita que não juntam lé com cré, alicerçadas nos ataques contra os globalistas, o bicho papão de todo idiota que se considera sabedor dos grandes mecanismos que movem o mundo.

Goebbels, Bolsonaro e a cara do ódio

Texto e foto de Lula Marques, no site Jornalistas Livres:

Um barbudo subversivo já escreveu que a história se repete como tragédia e depois como farsa.

E quando uma imagem se repete na história?

Suíça, 1933. O maior difusor de fake news do século XX, corresponsável por mais de 40 milhões de mortes, foi registrado pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt no jardim do Carlton Hotel, em Genebra, durante um encontro da Liga de Nações, precursora da ONU.

A quem interessa o fim do Mais Médicos?

Foto: Araquém Alcântara
Por Nelci Dias, no site Sul-21:

A interrupção da cooperação técnica entre a organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o governo de Cuba, que possibilitava o trabalho de cerca de 8.500 médicos no Programa Mais Médicos, terá como consequência mais de 29 milhões de brasileiros desassistidos. Os cubanos representam, atualmente, mais da metade dos médicos do programa.

Dos 5.570 municípios do país, 3.228 (79,5%) só têm médico pelo programa. Sendo a maioria nas áreas mais vulneráveis: Norte do país, semiárido nordestino, cidades com baixo IDH, saúde indígena, periferias de grandes centros urbanos. 90% dos atendimentos da população indígena são feito por profissionais de Cuba. 1.575 municípios só possuem médicos cubanos do Programa, sendo que 80% desses municípios são pequenos (menos de 20 mil habitantes) e localizados em regiões vulneráveis.

A acusação e as "provas" contra Lula

Do site Vermelho:

O depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva à juíza Gabriela Hardt, a substituta de Sérgio Moro na Operação Lava Jato, revelou-se mais uma cena do obscurantismo político e ideológico que se instalou no país. O sentido persecutório do processo que levou o ex-presidente ao cárcere, flagrantemente inconstitucional por ser uma decisão à revelia do esgotamento das possibilidades de recurso, ficou bem caracterizado pela inconsistência das perguntas da magistrada, além da sua exasperação em alguns momentos, e do representante do Ministério Público.

Pleno emprego em economia de guerra

Por Fernando Nogueira da Costa, no site Brasil Debate:

A antipatia da casta de mercadores quanto à política de gastos do governo, para alcançar o pleno emprego, se torna mais forte quando ela considera o dinheiro público ser gasto em investimento estatal e/ou em subsídio ao consumo popular. Ela exige o investimento público limitar-se a atividades onde não ocorra concorrência com os interesses das empresas privadas. Afinal, se mercantilizaram até a saúde e a educação!

Lula enfrenta nova teleguiada de Moro

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Lula voltou a falar publicamente na quarta-feira e, mais uma vez, deu nova prova de extrema coragem ao desafiar outra teleguiada de Sergio Moro, que assumiu o posto do ex-juiz politiqueiro que usou o processo do ex-presidente para construir carreira política que acaba de abraçar. Quem esperava um Lula alquebrado e com medo de novas armações, quebrou a cara.

O ex-presidente Lula acusou a Lava Jato de tê-lo tirado do ‘processo eleitoral’ porque ele poderia ter ganho a disputa ‘no primeiro turno’. Lula falou sobre a disputa eleitoral pela primeira vez, em audiência em que foi ouvido como réu do processo do sítio de Atibaia (SP):

A perigosa maluquice ideológica de Bolsonaro

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

Uma das definições de ideologia no dicionário Michaelis é: “maneira de pensar que caracteriza um indivíduo ou um grupo de pessoas, um governo, um partido etc.” Decorre daí que cada indivíduo, grupo ou etc., por ter sua própria maneira de pensar, tem sua ideologia.

Pois a direita brasileira passou, faz algum tempo, a usar o termo ideologia como palavrão. Os porta-vozes do conservadorismo costumam definir tudo que não se alinha ao seu modo de pensar como “ideológico”.

Esse truque argumentativo tem como pressuposto lógico a existência de indivíduos ou grupos que não possuem ideologia alguma.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Bolsonaro, Lula e o ritual da "Justiça"

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Pouco importa o que Lula vá responder à juíza e aos procuradores no interrogatório a que será submetido na tarde desta quarta-feira em Curitiba.

A sua nova condenação no caso do sítio de Atibaia já está decretada há muito tempo, bem antes de Sergio Moro se tornar ministro de Jair Bolsonaro.

A Justiça apenas cumpre mais um ritual da Operação Lava Jato, criada exatamente para tirar Lula da vida política brasileira, de preferência para sempre, como já anunciou o presidente eleito.

O recado que vem do Nordeste

Por Aristóteles Cardona Júnior, no jornal Brasil de Fato:

Passados alguns dias da confirmação da vitória de Bolsonaro para a presidência, a sensação é que a poeira começa a baixar e agora temos a possibilidade de entender os aspectos que permitiram a vitória de um candidato de extrema-direita nestas eleições.

De toda forma, não dá para escapar do resultado final e do sentimento de derrota que nos abateu. São muitos e incômodos os motivos que nos levaram a este sentimento após o dia 28. Mas, certamente, o incômodo maior reside na percepção do quão retrógrada e prejudicial ao seu povo é a agenda que o próximo governo tentará colocar em prática em nosso país. Autoritarismo político associado a uma agenda ultra-neoliberal de ataques aos direitos sociais.

Herói do financismo. Sombra de Paulo Guedes

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

A divulgação do nome de Joaquim Levy para ocupar a presidência do BNDES pode ter sido mais uma importante decisão de Bolsonaro na composição do mosaico de seus mais estreitos colaboradores. Apesar de toda a bateção de cabeça que tem caracterizado as primeiras semanas posteriores à conformação da vitória eleitoral, o fato é que não se deve menosprezar a capacidade de articulação política do capitão.

A errância preocupante de Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Na terceira semana como presidente eleito, Jair Bolsonaro continua emitindo dois tipos de sinais preocupantes.

O primeiro diz respeito aos avanços e recuos em decisões sobre a montagem do futuro governo, despertando o receio de que não apenas agora, antes da posse, seu estilo decisório seja errático.

O segundo continua sendo sobre a capacidade operacional de seu governo na política, na construção da agenda e da maioria parlamentar. Ontem, a oposição barrou a Medida Provisória 844, marco para a privatização do saneamento, que devia ter despertado o interesse do futuro governo tão privatista.

A importância do diálogo na política externa