segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Todo poder emana das redes sociais

Por Fred Melo Paiva, na revista CartaCapital:

Estupefato com a falta de habilidade e noção de Paulo Guedes no primeiro encontro que manteve com o futuro ministro da Economia, o senador Eunício Oliveira (MDB-CE) adiantou aquilo que se verifica agora com clareza transparente: “Esse povo que vem aí não é da política, é da rede social”. 

O cientista político Miguel Lago foi o primeiro a cravar que estávamos a eleger um “youtuber” presidente. “Durante décadas, Bolsonaro teve atividade legislativa medíocre e não tem nenhuma proposta séria de política pública. Mas é o rei da opinião: tudo diz, sobre tudo, mesmo que nada tenha feito. Mascara suas declarações racistas, homofóbicas e sexistas com um suposto humor que incentiva o compartilhamento”, escreveu. “Bolsonaro é tosco, e isso contribui para que pessoas o achem engraçado. É um ativo youtuber, talvez o mais bem-sucedido do Brasil.”

O teste com Paulo Guedes

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Na próxima quarta-feira, o futuro czar da economia no governo Bolsonaro, Paulo Guedes, prestará depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura supostas irregularidades em seus negócios com fundos de pensão de estatais.

Em seis anos ele fez fortuna ao captar cerca de R$ 1 bilhão de sete fundos.

A Lava Jato recrudesceu nos últimos dias com ações que atingiram MDB, PT, PSDB e outros partidos.

A mídia curva a espinha para Bolsonaro

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                             

Bolsonaro monta um ministério que pode ser comparado a uma seleção nacional do despreparo, do obscurantismo, da imbecilidade e da estupidez. Depois do "batom na cueca" do prêmio recebido por Sérgio Moro, a composição da equipe do capitão nazista causa estupefação em todas as pessoas com mais de dois neurônios. Mas a mídia noticia com naturalidade a escolha de cada energúmeno para a Esplanada dos Ministérios.

Nenhum regime democrático ao redor do planeta, que tem na subordinação dos militares ao pode civil um dos seus importantes pilares de sustentação, conta com sete generais ocupando cargos de primeiro escalão, como o de Bolsonaro. Mas o Globo não vê nada demais nesta grave degeneração autoritária.

O reinado de Paulo Guedes já está no fim?

Por Renato Rovai, em seu blog:

Paulo Guedes nem assumiu o cargo de superministro da Economia e já é o que nos EUA se convencionou chamar de pato manco. Um político que não tem mais força.

O inquérito que a Polícia Federal (PF) instaurou para apurar se ele cometeu irregularidades na gestão financeira de fundos de investimento o deixa completamente à mercê do humor e da boa vontade do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que montou um gabinete repleto de policias federais.

Guedes, aliás, já deve ter sentido o cheiro de queimado. Ele teve carta branca para montar a sua equipe econômica, mas viu o resto do governo ser entregue para militares.

Análise de um ano da reforma trabalhista

Por Marina Sampaio e Paula Freitas de Almeida, no site Brasil Debate:

A reforma trabalhista foi justificada pela necessidade de tornar o Brasil mais competitivo e, simultaneamente, gerar empregos. A desregulação das relações de trabalho foi o mecanismo eleito, passando a permitir a livre contratação de trabalhadores. Ela atenderia à dinâmica capitalista internacional, que exige flexibilidade na contratação e exploração do tempo de trabalho, demandando liberdade de negociação. A seguir, identificamos alguns dos efeitos provocados pela reforma nesse um ano de sua vigência, todos incompatíveis com as justificativas iniciais.

Democracia e memória

Por Luis Felipe Miguel, no site da Fundação Maurício Grabois:

Em seu romance Andamios, publicado em 1997, o escritor uruguaio Mario Benedetti pôs em cena um ex-perseguido político que depois de anos de exílio retornava ao país. Perdido em meio a transformações que não conseguia compreender, num ambiente político que não casava com aquele de seu tempo de militância, ele pede ajuda a um amigo, que explica, sem rodeios, que é inútil tentar ligar as lembranças do passado com a realidade presente: “Democracia es amnesia” [1]. A ironia do romancista tem boa razão de ser. De fato, a experiência da redemocratização na América Latina, mas também em outros lugares do mundo, em muitos sentidos envolveu uma dose significativa de esquecimento voluntário.

Dias piores virão na política brasileira

STF, emparedado, manterá prisão de Lula

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

A segunda turma do STF julgará nesta terça-feira, 4 de dezembro, o habeas corpus do ex-presidente Lula. A defesa alega parcialidade do ex-juiz e agora ministro bolsonarista Sérgio Moro, pede a nulidade do processo e a liberdade do Lula.

A infinidade de arbítrios e atropelos até aqui perpetrados não admite ilusão quanto ao nível de maldade e violência que a oligarquia está disposta a continuar praticando para atingir Lula.

Os sindicatos nas mãos de Moro?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Depois da promessa de Jair Bolsonaro de que o Ministério do Trabalho não deixaria de existir, o futuro (por enquanto) ministro da Casa Civil do próximo governo, Ônyx Lorenzoni, deu o dito pelo não dito e anunciou que tanto a concessão – e atualização – dos registros sindicais e, provavelmente, da fiscalização do trabalho ficarão nas mãos do ‘superministro” da Justiça, Sérgio Moro.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Golpe derradeiro contra o estado de direito

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – sobre o conceito de democracia

Um dos pressupostos básicos de uma democracia é o espaço que se confere à oposição. A compreensão de que o partido de oposição tem o direito de existir, lançar candidatos, defender propostas e se revezar no poder é o pressuposto básico de qualquer democracia que se pretenda séria.

Quando se trata a oposição como inimigo, quando é submetida ao chamado direito penal do inimigo, criminalizada e impedida de competir politicamente, tem-se, objetivamente, uma ditadura.

Vamos tentar, primeiro, entender como o jogo político brasileiro cedeu à mais completa e ampla selvageria. E, depois, avaliar se o regime atual é de democracia ou de ditadura.


Os filhos mimados de Jair Bolsonaro

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Joice Hasselmann, a plagiadora geral da nação, disse durante a eleição que o PT forjaria um falso atentado contra Haddad para criar comoção em seu favor. Era só mais uma das inúmeras mentiras jogadas no ar pelo bolsonarismo para manipular a a opinião pública. Mesmo após a eleição, toda hora cria-se um bicho-papão diferente para manter o clima de medo e a tropa alerta. Sempre há uma força obscura conspirando contra o pobre coitado de Jair Bolsonaro. A nova onda da trupe agora é cobrar nas redes sociais os nomes dos reais mandantes da facada sofrida pelo então candidato.

A continência de Bolsonaro aos EUA

Editorial do site Vermelho:

O presidente eleito Jair Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército brasileiro, corre o risco de ser apelidado de incontinente tamanho é seu afã em prestar continência, sobretudo em situações em que este cumprimento militar a rigor não se aplica.

Na manhã desta quinta-feira (29), recebeu, em sua residência, no Rio de Janeiro, o Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, John Bolton, a quem prestou continência. Como já havia feito antes, na reta final da campanha eleitoral, em outubro quando, em Miami, prestou (também irregularmente) continência à bandeira Estados Unidos.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Eis a cara aloprada do governo Bolsonaro

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Voltamos a ser um país atrasado de um povo atrasado” (Janio de Freitas).

“Ministério MM: só tem milico e maluco. Ou é conservador ou é cristão século 11” (José Simão).

***

Só faltou um M, caro Macaco Simão: de malaco. Também tem vários no elenco.

Após um mês frenético de transição (ou será transação?), já dá para ver como será a cara do novo governo.

Manuela D’Ávila e a construção da frente

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

No palco do I Fórum Mundial do Pensamento Crítico, em Buenos Aires, na semana passada, o secretário-executivo da Clacso, Pablo Gentili, faz o mea culpa em nome dos homens que não estão ali com seus filhos, ao contrário da deputada brasileira que logo chamará ao microfone. “Manuela revolucionou essa forma de se expressar politicamente, aparecendo com sua filha Laurita em todos os lugares. Ser mãe e ser militante é parte de um processo de construção de um horizonte, de uma nova forma não só de fazer política como de construir a vida”, disse Gentili. “Mas a revolução na política só virá quando nós, homens, viermos com nossas filhas aos atos, não só quando nossas companheiras vierem com suas filhas.”

Quem se agacha mais: Bolsonaro pai ou filho?

Os interesses empresariais dos donos da mídia

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Nova direita é chucra, mas não é burra

Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Na moda, a aliança entre uma agressiva agenda neoliberal e um fundamentalismo moralista aposta em um discurso chucro. Foi assim que Jair Bolsonaro, equipado com uma verdadeira usina virtual de fake news, emplacou sua mensagem e terminou 2018 eleito presidente do Brasil. Mas atenção: o modus operandi é chucro, mas não é burro. Este é o alerta feito por Esther Solano (professora da Universidade Federal de São Paulo) e por Kelli Maffort, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em debate realizado nesta quarta-feira, 28 de novembro, no Centro de Estudos do Barão de Itararé, em São Paulo. A mediação ficou por conta de Renata Mielli, Secretária-Geral do Barão de Itararé e coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).

Dos navios negreiros aos “navios prisões”

Por Mariana Pitasse, no jornal Brasil de Fato:

Em um porão escuro e úmido, centenas de homens e mulheres se espremem para caber em um espaço limitado demais para todos. Eles estão muito próximos e aprisionados em correntes de ferro. O mau cheiro, a sujeira, as marcas na pele, os trapos que cobrem seus corpos denunciam que eles não têm condições mínimas de higiene e sobrevivência. A fome e a sede são constantes, as doenças se espalham com facilidade. Muitos deles morrem e adoecem gravemente em pouco tempo, antes de chegar ao final da travessia.

Brasil não pode virar uma província talibã

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O governo do capitão Messias ameaça mergulhar-nos de corpo inteiro em regressão mais profunda do que aquela que parece acometer o mundo ocidental sob o comando de Trump, seu grande ídolo e inspirador, depois do cel. Brilhante Ustra, o facínora. Se realizar o prometido, assistiremos a cenas dignas dos fanáticos do Estado Islâmico. Reviveremos situações registradas sob o nazifascismo. Experimentaremos as práticas do macarthismo, que agrediram as noções de civilidade firmadas após as catástrofes das guerras mundiais. Mergulharemos na era do ódio à inteligência, como sofreram os espanhóis sob os falangistas.

O peso dos militares no governo Bolsonaro

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

Os militares estão distantes da política desde o final da ditadura, mas no novo governo de Jair Bolsonaro terão papel fundamental. Além do vice-presidente, general Hamilton Mourão, até o momento cinco militares foram escalados para ocupar Ministérios em setores chave do futuro governo.

O general da reserva Augusto Heleno deverá orientar o braço de segurança do governo, assumindo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que além de zelar pela segurança pessoal do presidente pretende fortalecer a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), responsável por análises estratégicas e informações relativas à segurança do Estado, relações exteriores e defesa externa. Além de comandante militar, com sólida carreira no Exército, general Heleno chefiou a paste de Ciência e Tecnologia e missões de paz da ONU no Haiti, entre junho de 2004 e setembro de 2005.