quinta-feira, 28 de março de 2019

O economista-deus está morto

Por Felipe Calabrez, no site Outras Palavras:

Semana retrasada um artigo de André Lara Resende no Valor Econômico deu o que falar entre os economistas. No artigo, Lara Resende, um dos artífices do Plano Real, que passou pela Presidência do Banco Central no Governo FHC e integra o mundo das finanças privadas, vaticina uma crise terminal da teoria macroeconômica dominante.

Não é a primeira vez que o autor ataca o pensamento econômico dominante no Brasil e propagado por seus colegas da ortodoxia. No início de 2017, no mesmo Valor, Resende colocou em questão os fundamentos da teoria monetária que orientam as decisões do Banco Central. (Comentei o episódio aqui). A conclusão era de que os altos juros praticados no Brasil nas últimas décadas não possuíam sustentação teórica alguma. O efeito dessas políticas, no entanto, em termos distributivos e de baixo crescimento, são reais.

Desastre da proposta de Moro sobre cigarro

Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

Nessa terça-feira (26/03), o Diário Oficial da União publicou a portaria nº263/2019, do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que “institui Grupo de Trabalho para avaliar a conveniência e oportunidade da redução da tributação de cigarros fabricados no Brasil”.

O artigo 1º detalha:

Fica instituído Grupo de Trabalho – GT para avaliar a conveniência e oportunidade da redução da tributação de cigarros fabricados no Brasil, e, assim, diminuir o consumo de cigarros estrangeiros de baixa qualidade, o contrabando e os riscos à saúde dele decorrentes.

"Dallagnol" argentino é desmascarado

Por Victor Farinelli, no site Carta Maior: 

Nesta terça-feira (26/3), o promotor federal Carlos Stornelli faltou pela quarta vez à uma citação para declarar na causa judicial que tramita no Tribunal da cidade de Dolores, pela qual o juiz Alejo Ramos Padilla o declarou “em rebeldia”. Ao não comparecer para dar sua versão dos fatos, e enfrentar a quantidade de evidências levantadas pela investigação, o promotor se transforma em uma espécie de prófugo, mas prefere estar em rebeldia do que ser processado por integrar uma associação ilícita dedicada à espionagem ilegal, a extorsão e coação de testemunhas nas causas em que ele administra contra a ex-presidenta Cristina Kirchner.

"Deus" e a blasfêmia de Jair Bolsonaro

Por Leonardo Boff, em seu blog:

Não queria ter escrito este artigo. Mas a aguda crise política atual e o abuso que se faz do nome de Deus provocam a função pública da teologia. Como qualquer outro saber, ela possui também a sua responsabilidade social. Há momentos em que o teólogo deve descer de sua cátedra e dizer uma palavra no campo do político. Isso implica denunciar abusos e anunciar os bons usos, por mais que esta atitude possa ser incompreendida por alguns grupos ou tida como partidista, o que não é.

Populismo, golden shower e firehosing

Por Leandro Gavião e Alexandre Arbex, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Passado o alarde inicial, o núcleo político do governo federal parece ter chegado à conclusão de que Jair Bolsonaro cometeu um grave erro ao publicar um vídeo com conteúdo explícito no Twitter. No cálculo do presidente, a postagem deveria cumprir uma dupla função: responder aos protestos entoados por vários blocos de carnaval do país e recuperar temas que são caros a uma parte de sua base de apoio ideológico.

Bolsonaro quer conflitos

Por Renato Rovai, em seu blog:

Imagine se um presidente Chileno ou Argentino decidisse convocar manifestações do Exército a favor do golpe. Ou se um primeiro ministro alemão negasse o holocausto e celebrasse Hitler como Bolsonaro faz com Ustra?

O que está acontecendo no Brasil é de uma imensa gravidade não pela forma como procedem os fascistas, mas pela apatia dos democratas daqui.

Tudo parece ter sido normalizado e dessa forma o que ainda resta da nossa combalida democracia vai se esvaindo pelo ralo da história.

A hora do programa da esquerda

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O governo que aí está é um permanente magistério do atraso e da intolerância. Velho de três meses, segue cumprindo o papel de força avançada do novo regime, cuja cabeça, cujo corpo e cujas pernas estão na herança do pior do pior legado de 1964.

Da ditadura e dos ditadores resguarda seus costumes degenerados, como o descaso com os valores da democracia, que compreendem o diálogo e o convívio com a diferença, o respeito aos direitos humanos e o pluralismo ideológico. Não podendo retomar as prisões, as torturas e os assassinatos, embora anunciadamente o desejasse, defende sua prática e canoniza as mais abjetas expressões de seu ofício, cujas imagens certamente ocupam espaço privilegiado no oratório da nova família imperial (mais uma vez tomo de empréstimo expressão grafada por FHC). De outro lado, igualmente perverso, os novos dirigentes surpreendem pelo desapreço às questões nacionais mais iminentes, como a soberania nacional, questões as quais, reconheça-se, eram zeladas pelos paredros dos militares de hoje, que também cuidaram do patrimônio nacional, hoje descuidado.

Bolsonaro, Mandetta e a morte de indígenas

Do site do Conselho Indigenista Missionário (CIMI):

Lideranças indígenas vinculadas ao Fórum de Presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena e das Organizações Indígenas de todo o país, apresentaram – por ocasião da 102ª Reunião da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena (CISI), realizada em Brasília, nos dias 19 e 20 de março de 2019 –, denúncias de que ações do governo estão paralisando o sistema de atenção à saúde dos povos.

Isso porque, o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, vem deixando de realizar o repasse de recursos financeiros, contratados a partir de convênios com oito organizações da sociedade civil, que prestam serviço de saúde no âmbito dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Para alguns destes distritos, o último repasse de verbas ocorreu em outubro de 2018.

Bolsonaro privilegia o conflito

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Se por um lado não se pode menosprezar o perigo de uma ruptura institucional, por outro ainda "há jogo", desde que se apresente uma proposta que ultrapasse a retórica, avalia o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Ele defende uma "flexibilidade tática" para avançar política e efetivamente, com a apresentação de uma agenda nacional e popular, enfrentando uma conjuntura de desagregação política e anomia (ausência de leis, regras).

'Nova era' de Bolsonaro foi um mal súbito

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Um erro comum na análise política é interpretar as vitórias eleitorais como sinal da superioridade dos mais votados e da inferioridade dos derrotados. Os ganhadores seriam “melhores” porque souberam “se dar bem”.

O tempo passa e, muitas vezes, chega-se ao oposto. Quem ganhou se apequena e o derrotado fica maior. Ri melhor quem ri mais tarde.

Mais de 70 dias depois da posse, Bolsonaro está menor, antes sequer de que o desgaste inevitável do governo produza efeitos. Não tem sido necessário aguardar para que a realidade frustre as expectativas da população.

Bolsonaro volta a suspender a reforma agrária

Por Daniel Camargos e Ana Magalhães, no site Repórter Brasil:

Pela segunda vez neste ano, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária suspendeu a reforma agrária por tempo indeterminado no Brasil. Uma ordem do general João Carlos de Jesus Corrêa enviada nesta quarta-feira 27 para os superintendentes regionais do instituto determina a “expressa suspensão” das vistorias nos imóveis rurais.

Sem as vistorias não é possível desapropriar os imóveis e, consequentemente, criar novos assentamentos. A primeira tentativa do governo do presidente Jair Bolsonaro de paralisar a reforma agrária aconteceu três dias após a posse, conforme revelou a Repórter Brasil. Com a repercussão negativa, o governo recuou.

Um presidente de ponta-cabeça

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Bolsonaro é um somatório de contradições como nenhum inquilino do Palácio do Planalto jamais foi. E sequer chegamos ao final do terceiro mês de mandato. O que temos, portanto, é só um aperitivo. Qualquer tentativa de enumerar suas incoerências sempre deixa algo para trás. Mas vamos fazer uma tentativa.

É um patriota que bate continência para uma bandeira estrangeira, a dos Estados Unidos. Atitude cujo ridículo atroz o despreparo de sua figura simplória não lhe permitiu perceber. Equivale ao gesto do deputado Otávio Mangabeira, da conservadora União Democrática Nacional (UDN) que, em 1946, ajoelhou-se e beijou a mão do general norte-americano Dwight Eisenhower.

Os riscos da entrada do Brasil na OCDE

Por Karina Patrício Ferreira Lima, no site da Fundação Maurício Grabois:

Um dos pontos destacados da visita de Jair Bolsonaro a Donald Trump consistiu na promessa de apoio, por parte de Washington, para a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O pedido formal de ingresso fora apresentado por Michel Temer em 2017, porém desde então as negociações ficaram travadas, principalmente, pela relutância dos EUA em apoiar a solicitação. Entre as razões para a mudança de posição de Washington, aponta-se a promessa de Bolsonaro de que o Brasil abrirá mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), o qual lhe garante tratamento preferencial nas regras de comércio internacional.

Os moinhos de vento de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

Um governo que não governa. Essa tem sido a opinião dos jornalões em seus editoriais, que expressam uma certa impaciência com os limites do presidente Jair Bolsonaro e seu staff para fazer as articulações políticas necessárias à governabilidade. Esse sentimento frequenta também certas análises sobre o noticiário político e econômico nos principais grupos de mídia. A irritação se manifesta inclusive sobre o que o bolsonarismo elegeu como prioridade, o que, na opinião desses editorialistas, não deveria sequer estar na agenda do governo.

quarta-feira, 27 de março de 2019

A esperança está de volta!

Nacionalismo branco é uma ameaça ao mundo

Por Art Jipson e Paul J. Becker, no blog Socialista Morena:

O recente massacre de 50 fiéis muçulmanos em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, é a última confirmação de que a supremacia branca é um perigo às sociedades democráticas ao redor do planeta.

A despeito da insinuação do presidente Donald Trump de que o terrorismo nacionalista branco não é um problema grave, dados recentes das Nações Unidas, da Universidade de Chicago e de outras fontes mostram o contrário.

À medida que mais e mais pessoas abraçam uma perspectiva mundial xenófoba e anti-imigrantes, alimentam a hostilidade e a violência voltadas àquelas consideradas “forasteiras” –seja pela religião, cor da pele ou origem nacional.


A 'bússola moral' do chanceler Ernesto Araújo

Por Alexandre Andrada, no site The Intercept-Brasil:

A aula magna proferida pelo ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo aos alunos do Instituto Rio Branco é uma das páginas mais vistosas da lisergia intelectual de nossa pátria, um documento a ser lido às gargalhadas durante os séculos por historiadores das ideias.

O diplomata, num acesso de empáfia digna do olavismo, afirma que muitas pessoas no Itamaraty “estavam no fundo da caverna, vendo as sombras, se relacionando com essas sombras”. Mas que ele e sua equipe estão “tentando puxar essas pessoas para fora”, para a “luz do dia”, numa alusão ao Mito das Cavernas de Platão.


Bolsonaro pode cair se festejar a ditadura

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Uma juíza federal de Brasília deu prazo de cinco dias para Bolsonaro explicar determinação que deu aos militares para que comemorem o golpe de 31 de março de 1964 no próximo domingo. Se isso acontecer, se for gasto dinheiro público nesse festim diabólico, o presidente da República terá cometido crime de responsabilidade e poderá sofrer impeachment.


Até onde irão os surtos de Bolsonaro?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O senhor Jair Bolsonaro não vai parar.

Mesmo diante das dificuldades em compor uma estrutura de governo minimamente eficaz, não controla o seu processo de radicalização, talvez na ilusão de que massas furiosas venham referendá-lo e fazer impor sua vontade.

Hoje, em entrevista a José Luiz Datena no programa Brasil Urgente, na TV Bandeirantes, disse que não houve ditadura no Brasil, mas apenas “uns probleminhas” semelhantes a desentendimentos de casal, que Augusto Pinochet “fez o que tinha que ser feito” ao produzir uma matança “porque dentro do Chile existiam mais de 30 mil cubanos, então tinha que ser de forma violenta pra reconquistar o seu país”, embora não se tenha notícia disso.

Moro não entende de segurança pública

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Durante muitas décadas o Brasil foi governado por bacharéis, personalidades formadas em direito que só conseguiam enxergar o país sob a ótica das leis – que quase nunca eram cumpridas, saliente-se. Vendiam o peixe que uma lei mudaria a realidade. Faziam nome sem apresentar um resultado concreto, e sem nenhuma capacidade de entender a realidade para, a partir dela, elaborar as leis.

É o caso do Ministro da Justiça Sérgio Moro. Como já enfatizou o governador do Distrito Federal, Moro não entende nada de segurança pública.