domingo, 31 de março de 2019

Hoje é o dia dos canalhas

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Canalha é uma palavra que não abrandou sua virulência ao se distanciar da sua raiz. Ao contrário, tornou-se mais aguda. No latim, de onde provém, designa bando de cães. Os canalhas de que tratamos hoje não merecem ser chamados de “cães”. Seria injusto com estes animais que carregam virtudes como fidelidade, afeto e, empatia, que é, como alguém já disse, “a capacidade de sentir a dor do outro no meu coração”. Os canalhas que festejam o 31 de março de 1964 são imunes a isso. Não há dor no seu coração.

Uma múmia ministerial no quartel do MEC?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Poderíamos ter um ministro da Educação na Presidência, mas agora temos um presidente sem ministro da Educação, que tragédia!

O ministério da Educação, desde ontem, vive uma “intervenção militar”, com a presença do tenente-brigadeiro Ricardo Vieira como secretário-executivo da pasta.

Ele vai para o lugar de Luiz Tosi, que foi exonerado após críticas do astrólogo Olavo de Carvalho pelo twitter, e que “quase” foi ocupado por Rubens Barreto da Silva, era secretário-executivo adjunto de Tozi e pela “pedagoga de Deus” Iolene de Lima.

Ditadura - a inteligência vence o medo

Por José Carlos Ruy, no site Vermelho:

A ditadura tentou destruir a inteligência brasileira - investiu contra artistas e pensadores para calar suas vozes e destruir os meios de comunicá-las. Mas a inteligência foi mais forte, e criou o Brasil moderno.

O ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, dizia "quando ouço falar em cultura, levo a mão ao coldre de meu revólver", frase que resume a atitude de muita gente da extrema direita quando se trata de valores civilizatórios.

Foi também a atitude de muita gente, no Brasil, sob a ditadura militar de 1964.

1964 é uma ferida aberta em nossa história

Por Dilma Rousseff, em seu site:

Os 55 anos do Golpe Militar no Brasil são, para todos nós que lutamos contra o arbítrio, pelas liberdades democráticas e pelos direitos humanos e sociais, uma triste lembrança.

1964 é uma ferida aberta na história política do país. São tempos que evocam prisão, tortura, morte e exílio. Tempos em que a ação dos governos ditatoriais levou ao fechamento do Congresso Nacional, ao cancelamento de eleições diretas para presidente, governador e prefeito e à cassação de ministros do STF.

Instituíram a censura à imprensa e desencadearam a mais violenta repressão às greves de trabalhadores e às manifestações estudantis. A gente brasileira, como lamentou o nosso poeta, passou a falar de lado e olhar para o chão.

Da ditadura militar brasileira

Por Augusto Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

“É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro (...). A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação” (trecho do Ato Institucional nº 1, decretado pela junta militar em abril de 1964).

“A primeiro de abril o que houve foi um golpe militar fascista, com toda a sequência de arbitrariedade, despotismo e opressão” (Carlos Marighella. Por que resisti à prisão, 1965).


Até a década de 1990 existia um amplo consenso entre os principais intelectuais e organizações marxistas brasileiros em relação ao caráter do golpe e do regime implantado no país em março de 1964. Poucos na esquerda questionavam que havíamos tido em 31 de março de 1964 um “golpe militar” e que este, por sua vez, implantara uma “ditadura militar”. As maiores críticas a essas conceituações vinham dos liberais que, muitas vezes, preferiam usar os termos regime e governos autoritários, de carga semântica mais suavizada.

sábado, 30 de março de 2019

O silêncio do bolsominions

Por Leandro Fortes

Aos poucos, eles estão desaparecendo. Velhos amigos cheios de razão, parentes furiosos, vizinhos valentões, madames maquiadas de ódio, estão todos em silêncio, à beira do abismo.

Não há mais arminhas nas mãos, nem chola-mais nas redes. Até os kkkkk se escondem na timidez. Rufam, aqui e ali, uns poucos tambores de ódio pelas mãos de meia dúzia de fanáticos, mas nem os mais selvagens dos antipetistas encontram forças para defender o indefensável.

Não estão arrependidos, o arrependimento requer uma força moral distante da personalidade da maior parte dos eleitores do Bozo. Estão apenas paralisados, diante da sucessiva quebra de expectativas relacionadas ao admirável mundo novo que se anunciava.

Moro e a astúcia da indústria tabagista

Por Eugênio Aragão, no site Jornalistas Livres:

Quando fui ministro da Justiça, recebi, tal qual, agora, o ex-juiz de piso de Curitiba, representantes da indústria tabagista, que me propunham uma ação junto ao ministro da Fazenda para baixar a alíquota de IPI de uma nova classe de cigarros de “baixo custo”, para concorrer com os cigarros paraguaios contrabandeados para o Brasil.

Sustentavam que os cigarros do Paraguai causavam não só prejuízo à indústria brasileira pela concorrência desleal, como também causavam um rombo na arrecadação.

As contradições do pós-impeachment

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Vou tomar emprestado do governador Flávio Dino uma metodologia para análise de cenários: a análise dos desdobramentos do golpe a partir das contradições que vai gerando e de seus efeitos sobre os principais atores políticos.

A partir desse insight, o Xadrez do momento torna-se particularmente instigante.

Peça 1 – as raízes do golpe

Já analisamos exaustivamente aqui as razões centrais do golpe. Uma sociedade em profundas transformações, novas formas de comunicação, a disputa pela hegemonia global entra EUA e China. E, finalmente, a instrumentalização da justiça brasileira pela DHS (o Gabinete de Segurança Institucional dos EUA) através da Lava Jato. Tudo ajudado, obviamente, pelos enormes erros políticos do governo Dilma Rousseff e da perda da visão estratégica do PT.

Golpe não se comemora, repudia-se!

Por Benedita da Silva, no site Mídia Ninja:

O sonho de toda ditadura e regime autoritário é de reescrever a história para apresentar suas ações golpistas como se fossem de defesa da democracia. Tentam mudar a história, mas esta é teimosa e sempre volta no futuro nos braços da verdade.

A ditadura militar mentiu sobre a verdadeira data do golpe, que não foi 31 de março, mas, sim, no dia 01 de abril de 1964 e impuseram a versão de que foi um “movimento” ou “revolução” para encobrir a violação da Constituição e a deposição do presidente legítimo da época, João Goulart.

Os presos nos primeiros dias do golpe militar

Por Janaína Cesar e Caroline Cavassa, no site The Intercept-Brasil:

Um documento inédito encontrado pelo Intercept no arquivo histórico do Ministério do Exterior da Itália mostra que o número de presos nos primeiros dias do golpe militar brasileiro de 1964 pode ser quatro vezes maior do que se estimava até hoje.

Um ofício enviado do Rio de Janeiro em 8 de julho de 1964 por Eugenio Prato, então embaixador italiano no Brasil, ao Ministério do Exterior da Itália – a Farnesina – cita que “foram efetuadas cerca de 20 mil prisões nos primeiros dias da revolução”. Até hoje, o número estimado de detenções nos dias seguintes ao golpe militar vinha de um único documento, produzido pela embaixada norte-americana no Brasil, que falava em “em torno de 5 mil pessoas”. Ele é mencionado no capítulo 3, parágrafo 67, do relatório final da Comissão Nacional da Verdade.

Cavalo de Tróia contra a Previdência

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ameaça mortal ao embrião de Estado de bem-estar social construído no país, o desmanche da Previdência segue a prioridade absoluta do condomínio político-econômico que assumiu o governo a partir da eleição de Jair Bolsonaro.

A luta contra a reforma envolve uma batalha política de envergadura histórica. O imenso volume dos interesses envolvidos neste debate ajuda a entender a aliança de ferro entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia para tentar aprovar as mudanças cobradas pelo grande empresariado, em particular pelo mercado financeiro e os grandes bancos, principais interessados na mudança. Apavorados com a possibilidade de que a desordem do governo do tuíter possa desperdiçar uma chance única de ganhos fabulosos, nos últimos dias o grande poder econômico do país enviou sucessivas missões ao ministro da Economia e ao presidente do Congresso para azeitar o caminho de seus interesses, que defendem com urgência e até pressa.

Governo em pedaços – vitória ou ameaça?

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

No início dos anos 1990, ficou claro que a privatização do setor ferroviário, na Inglaterra, havia afundado a qualidade dos serviços. Os problemas se multiplicavam, mas o mais evidente era que os trens jamais chegavam no horário. Uma investigação revelou a causa dos transtornos. Para afastar o Estado, haviam concorrido múltiplos interesses de privatizadores. Mas, uma vez assegurado o controle do sistema, eles se digladiavam. A empresa que controlava as vias; a que operava as composições; a encarregada de limpeza e logística; as responsável por vender as passagens – cada uma estava interessada acima de tudo em seus próprios lucros – e tomava decisões que frequentemente chocavam-se com as atividades das demais. O resultado era o caos. O governo Bolsonaro vive, há duas semanas, um inferno semelhante.

Paulo Coelho e o "torturador" Bolsonaro

Do Twitter de Paulo Coelho
Do blog Socialista Morena:

O escritor brasileiro Paulo Coelho publicou um artigo no Washington Post onde narra as torturas que sofreu na ditadura militar sem razão alguma: nunca foi militante de esquerda, nunca participou da luta armada nem era um inimigo público do regime. Ele levou choques elétricos nos genitais e foi colocado numa solitária em 1974 por ser um compositor. Um artista.

Generais e Bolsonaro 'arregam' sobre ditadura

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Os comandos militares que queriam comemorar a ditadura militar mesmo após o chefe ter “arregado” e mudado o foco de “comemorar” para “rememorar”, também “arregaram” e, agora, não vão “comemorar” o golpe; apenas irão analisar o período de trevas. A pressão internacional pôs Bolsonaro e milicos golpistas nos seus devidos lugares.

Na última quinta-feira (28/3), Bolsonaro mudou a conversa sobre o próximo dia 31 de março, quando o golpe militar de 1964 completará 55 anos; disse que não mandou “comemorar” o golpe, mas, sim, “rememorar”, o que, como todos sabem, é mentira.

Governo de Bolsonaro caminha para o fim

Resistir pela arte aos cultuadores do ódio

Por Leonardo Lusitano, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O governo Bolsonaro é uma pulp sensacionalista, impressa em material de segunda classe. Seus membros cultuam a estupidez e o senso comum, tentando tornar o reino das opiniões e a paixão pela ignorância algo visto como uma grande novidade criativa, a ser valorizada positivamente e até mesmo cultuada.

No culto da ignorância e da estupidez, o Ministério da Educação tem destaque. Um pouco antes do carnaval, o MEC endereçou uma carta às escolas, assinada pelo ministro Vélez. A mensagem deveria se lida no primeiro dia de aula a professores, alunos e demais funcionários da escola, com todos perfilados diante da bandeira do Brasil, juntamente da execução do Hino Nacional. O MEC ainda solicitou que o representante da escola filme trechos curtos da leitura da carta e da execução do hino e que, em seguida, envie o arquivo de vídeo, com os dados da escola.

Salário mínimo: uma luta difícil

Ilustração: Gladson Targa
Por João Guilherme Vargas Netto

Razão tem o deputado federal Rui Falcão (PT-SP) em preocupar-se, e muito, com a manutenção da política de valorização do salário mínimo.

Esta preocupação levou-o a protocolar um requerimento para a criação de uma subcomissão especial e temporária para debater (e propor) esta política. Em sua preocupação, correta, o deputado tem pressa porque até 30 de abril o governo deve enviar ao Congresso o projeto da LDO em que consta o novo valor do salário mínimo e, portanto, a constatação ou não de seu aumento real.

sexta-feira, 29 de março de 2019

A mídia e o golpe militar de 1964

Por Altamiro Borges

Segunda-feira, 1º de abril, marca os 55 anos do fatídico golpe civil-militar de 1964. Na época, o imperialismo estadunidense, os latifundiários e parte da burguesia nativa derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart. Naquela época, a imprensa teve papel destacado nos preparativos do golpe. Na sequência, muitos jornalões continuaram apoiando a ditadura, as suas torturas e assassinatos. Outros engoliram o seu próprio veneno, sofrendo censura e perseguições.

O golpe de 1964 para os desmemoriados

Por Ricardo Almeida, no site Sul-21:

A história é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue
Chico Buarque e Pablo Milanes


Os monstros saíram novamente do armário. Poderia ser mais uma história de ficção, se tudo não estivesse registrado em relatórios oficiais da CIA, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Comissão Nacional da Verdade. Seria uma viagem ao passado se aquela tragédia de 1964 não tivesse sido transformada numa grande farsa. Afinal, houve um golpe civil-militar no Brasil? Será que havia uma ameaça comunista em 1964? É preciso desmitificar essas narrativas dos militares de plantão e colocar argumentos baseados em fatos fáceis de comprovar (uma pesquisa rápida no Google) na ordem dos acontecimentos e nos seus devidos lugares.

Desemprego alto; desalento bate recorde

Da Rede Brasil Atual:

A taxa de desemprego subiu para 12,4% no trimestre encerrado em fevereiro, com um número estimado de 13,098 milhões de desempregados, informou nesta sexta-feira (29) o IBGE. Em dezembro, estava em 11,6% – em comparação com fevereiro de 2018, ficou estável (12,6%). São 892 mil desempregados a mais em três meses, crescimento de 7,3%, enquanto o total de ocupados encolheu 1,1% (menos 1,062 milhão). O desalento e o total de pessoas fora da força de trabalho foram recordes.