domingo, 9 de junho de 2019

Os efeitos de uma derrota profunda no STF

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ao decidir que as subsidiárias de estatais podem ser vendidas sem o crivo do Congresso, como ocorre com as empresas-matrizes, o STF tomou uma deliberação que terá longo alcance sobre nosso desenvolvimento econômico e mesmo político. Nossa soberania, como nação, será imensamente afetada.

O Estado brasileiro administra, hoje, 134 estatais. Dessas, 88 são subsidiárias: 36 pertencem a Petrobras, 30 a Eletrobrás, 16 ao Banco do Brasil.

Esses números mostram o tamanho das mudanças que dirigentes e acionistas poderão realizar, daqui para a frente, no destino de um patrimônio bilionário que o povo brasileiro construiu com trabalho e sacrifício, preservando, até ontem, o direito de decidir sobre seu destino.

O povo contra a democracia

Por Marcos Rolim, no site Sul-21:

Há livros recentes especialmente importantes para que possamos compreender o fenômeno da ascensão da extrema-direita no Brasil e em vários outros países. “Como Funciona o Fascismo, de Jason Stanley (LPM, 206 p.) e “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt (Zahar, 272 p.) são referências fundamentais. A obra mais impactante, entretanto, é “O Povo Contra a Democracia: porque nossa liberdade corre perigo e como salvá-la”, de Yascha Mounk (Cia. das Letras, 443 p.).

O silêncio do falante Mourão

Foto: Adnilton Farias/VPR
Por Samuel Gomes, no site Disparada:

Mourão voltou falante da China, onde recebeu tratamento de chefe de estado, e deu entrevista ao Valor.

Tem coisa que se aproveita. Nada de vetar a tecnologia 5G da Huawei como quer Trump (“Aqui não.”), investimentos chineses em infraestrutura são bem-vindos, as vantagens políticas e culturais da China na guerra comercial com os EUA (“eu enxergo que o chinês é um cara paciente”), a necessidade do Brasil não se alinhar automaticamente aos EUA, Nova Rota da Seda, seu interlocutor no Itamaraty (o Secretário-Geral Otávio Brandelli).

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Os interesses na privatização do saneamento

Por João Peres, no site The Intercept-Brasil:

Em seu perfil público no LinkedIn, o consultor Diogo Mac Cord de Faria se define assim: “executivo sênior, com mais de 15 anos de experiência como consultor. Neste período, pude assessorar investimentos da ordem de R$ 40 bilhões em vários setores de infraestrutura (por meio de concessões públicas), como energia elétrica, saneamento básico e mobilidade urbana.”

Não foi só uma inflada de currículo. Mac Cord, de fato, tem experiência na área. Em março de 2018, ele assumiu um cargo na Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base, a Abdib. Era o responsável por discussões relativas a saneamento, um dos assuntos prioritários para a associação. Pouco tempo depois, o então presidente Michel Temer apresentou a primeira versão da Medida Provisória 844, que previa a privatização do saneamento.

Tem lógica na loucura do bolsonarismo

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Toda quinta-feira agora, o presidente Jair Bolsonaro junta alguns ministros à sua volta na mesa para fazer mais uma “live” sobre as grandes conquistas do governo.

O inacreditável programa humorístico gerado nas redes sociais é dirigido aos devotos do bolsonarismo, mas pode ser visto no mundo inteiro.

Na Califórnia, onde mora há vários anos, minha sobrinha Renata Kotscho Velloso, médica e mãe de três filhas, não perde um programa.

Em sua página no Facebook, ela relata:

Crime hediondo cometido pelo Supremo

Por Artur Araújo, no site da Fundação Perseu Abramo:

Não há outra classificação possível. A decisão do Supremo, na noite de 6 de junho de 2019, liberando a venda de empresas estatais para quem pagar a maior comissão aos milicianos foi crime hediondo.

Impondo ao povo brasileiro um desastre de proporções talvez maiores do que os da deforma trabalhista (que não gera um emprego, mas precariza todos) e da EC da Morte (que institui um teto de gastos destruidor de todos os serviços públicos), a maioria dos togados revelou-se não só privatista e entreguista. Foram além, muito além: são avalistas do capitalismo de compadrio, defendem o mais abjeto patrimonialismo, labutam pela primazia dos corruptores na conquista de negócios bilionários e de atividades estratégicas para o desenvolvimento do Brasil.

A vida é subversiva e resiste

Por Marcelo Barros, no jornal Brasil de Fato:

Como ocorre a cada ano, na quarta-feira passada, 5 de junho, a ONU celebrou o Dia mundial do Ambiente. Organismos internacionais, responsáveis pelo cuidado com o planeta e o ar que respiramos, repetiram declarações pouco otimistas sobre a realidade. Nem precisamos mais ler documentos para saber que a situação da Terra devastada, das águas contaminadas, do ar poluído e do aquecimento global tem crescido sempre mais. Não é segredo para ninguém que, nos Estados Unidos, o presidente considera tudo isso bobagem e retirou o país de todas as convenções sobre o clima.

Supremo covarde só toma decisões covardes

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Assisti, em detalhes, o julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a venda, já realizada, da Transportadora Associada de Gás, que pertencia integralmente à Petrobras – para a Engie (ex GDF Suez, ex-Tratecbel, semiestatal francesa.

Foi um espetáculo vergonhoso de covardia, ainda que tenha sido referendada, em parte, a liminar do ministro Ricardo Levandowski que sustava a operação, a conclusão do julgamento foi pífia.

Decidiu-se, por maioria, o óbvio, que não estava em causa: de que para extinguir, por alienação, empresa estatal criada por lei específica era necessária lei que o autorizasse.

A baleia e o teco-teco de Paulo Guedes

Editorial do site Vermelho:

O ministro da Economia, Paulo Guedes, com suas frases feitas, personifica o abismo para onde o Brasil está sendo conduzido. Sua mais recente contribuição ao bestialógico político do governo Bolsonaro foi a explicação para a urgência da “reforma” da Previdência Social. Segundo ele, isso equivaleria a retirar os arpões de uma baleia ferida, arpoada várias vezes, que foi sangrando e parou de se mover. “Precisamos retirar os arpões, consertar o que está equivocado. Não tem direita, nem esquerda. Precisamos consertar a economia brasileira”, vaticinou o ministro.

Bolsonaro e o mito da “destruição criadora”

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Em relação ao modelo político há duas certezas: esgotou-se o modelo político pós-redemocratização; e ninguém consegue garantir o que virá no vácuo que se formou.

No entanto, em artigo na Folha de S. Paulo, Fernando Schüller esbanja uma segurança invejável em relação ao que vem pela frente.

Constata ele que o presidencialismo de coalizão se tornou disfuncional. Antes disso, diz ele, vingou porque era ao gosto da tradição centralizadora brasileira, que só concebe a dinâmica política a partir do mando presidencial.

Bolsonaro pratica a necrofilia política

Por Marcelo Zero, no blog Viomundo:

Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que o Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, atrás somente da Índia, China, Estados Unidos e Rússia.

Segundo o Ministério da Saúde, 35.374 morreram no trânsito brasileiro, em 2017.

Embora tal número seja inferior ao de 2015 (38.651 mortes) e ao de 2016 (37.345 óbitos), ainda estamos muito longe da meta de reduzir as mortes no trânsito para 19 mil, até 2020.

Um pacto contra a Constituição

Por Cristiano Paixão, na revista CartaCapital:

Foi noticiado, com grande destaque, o fato de que os presidentes dos três poderes da República decidiram celebrar um “pacto”. No momento em que este artigo foi concluído, o texto do “pacto” não havia sido divulgado. Temos apenas afirmações genéricas e vagas, que falam de um certo “pacto federativo”, “pelas reformas” e “pelo crescimento econômico”.

Lula fala sobre mídia e blogs progressistas

Argentinos rejeitam o ódio de Bolsonaro

Fotos: #ArgentinaRechazaBolsonaro/Emergentes/Mídia Ninja
Por Altamiro Borges

“Seu ódio não é bem-vindo aqui”. Com essa palavra de ordem estampada em faixas e cartazes, milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira (6) para protestar contra a visita do fascistoide Jair Bolsonaro ao país. Os atos foram organizados por diversas entidades políticas e de direitos humanos e por movimentos sociais e culturais – entre eles, Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, coletivo Nenhuma a Menos e Central dos Trabalhadores da Argentina.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Mídia mundial já prevê recessão no Brasil

Por Altamiro Borges

Focada na aprovação do golpe contra as aposentadorias, a mídia rentista tem evitado criar pânico no noticiário sobre o agravamento da crise econômica brasileira. Mesmo os veículos que discordam do autoritarismo político e do obscurantismo nos costumes de Jair Bolsonaro estão unidos na defesa da sua agenda ultraneoliberal – que tem como tarefa imediata a contrarreforma da Previdência. Por razões mais ideológicas – e também por motivos mercenários, como os R$ 40 milhões em recursos do governo para publicidade e merchandising –, a mídia poupa o abutre Paulo Guedes, o superministro da Economia, e o imbecil confesso que ocupa a presidência da República.

Danação da história e a disputa pelo futuro

Por José Luís Fiori, no site Carta Maior:

Depois de 1940, a Argentina entrou num processo entrópico de divisão social e crise política crônica, ao não conseguir se unir em torno de uma nova estratégia de desenvolvimento, adequada ao contexto geopolítico e econômico criado pelo fim da Segunda Guerra Mundial, pelo declínio da Inglaterra, e pela supremacia mundial dos Estados Unidos - J.L.F.História, estratégia e desenvolvimento. Petrópolis: Editora Vozes, 2014, p. 272.

Existe uma pergunta angustiante que está parada no ar: o que passará com o Brasil quando a população perceber que a economia brasileira colapsou e que o programa econômico deste governo não tem a menor possibilidade de recolocar o país na rota do crescimento? Com ou sem reforma da Previdência, qualquer que seja ela, mesmo a proposta pelo Sr. Guedes. E o que ocorrerá depois disso?

O homem de Trump para as guerras sujas

Foto: Manuel Balce Ceneta/AP
Por Eric Alterman, no site Outras Palavras:

O anúncio por parte do secretário de Estado estadunidense Michael Pompeo da nomeação do neoconservador Elliott Abrams para o cargo de enviado especial para a Venezuela, em 24 de janeiro, não passou despercebido. A imprensa interpretou a decisão de confiar a esse homem a missão de trabalhar para a queda de Nicolás Maduro como uma declaração de independência de Pompeo em relação a Donald Trump. De fato, seu desafortunado antecessor, Rex Tillerson – ex-presidente e diretor geral da ExxonMobil –, estava esperando somar-se a Abrams em sua equipe. Mas Trump se opôs, apesar da pressão de seu megadoador de extrema-direita Sheldon Adelson – que parece obter o que quer do presidente. A causa dessa rejeição? Abrams havia se unido a outros neoconservadores para criticar Trump durante as primárias republicanas em 2016. Até mesmo os esforços do genro do presidente, Jared Kushner, mostraram-se inúteis: o então conselheiro do “inquilino da Casa Branca”, Steve Bannon, conseguiu convencer Trump de que a reputação “globalista” de Abrams tirava seu crédito.

Quatro mitos sobre o golpe da Previdência

Unidade rumo à greve geral

Por Raimundo Bonfim, na revista Fórum:

A Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e Centrais Sindicais se reuniram na noite desta terça-feira (4) para organizar a Greve Geral do próximo dia 14 de junho em defesa da Aposentadoria Pública.

Tenho mencionado nesta coluna quinzenalmente a importância do engajamento dos movimentos sociais, populares, sindicais e de cada um para defender os direitos da classe trabalhadora, que estão sendo duramente atacada dia após dia.

Acredito que a Greve Geral pode ser o ápice das últimas mobilizações, dos dias 15 e 30 de maio, contra o governo e pode nos ajudar a retomar um novo ciclo de lutas no Brasil.

Reformas, falácias e estagnação

Por Emilio Chernavsky, no site Brasil Debate:

Durante meses, analistas de mercado exibiam – e muitos ainda exibem – otimismo em relação a que a aprovação da reforma da Previdência, se não for excessivamente desidratada no Congresso, levará ao aumento da confiança dos investidores, à queda da percepção de risco e das taxas de juro e, com isso, à expansão dos investimentos privados impulsionando a retomada da economia.

Apesar de repetido à exaustão, esse raciocínio já foi empiricamente refutado no exterior e mesmo recentemente no Brasil, quando o aumento da confiança que se seguiu à aprovação do teto de gastos não aumentou os investimentos. A frustração não deveria surpreender, dada a falácia da divisão que ele carrega, atribuindo às partes uma propriedade do todo.