sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Programa de governo: doença e ignorância

Por Fernando Brito, em seu blog:

A manchete da Folha quer dizer isso mesmo que você está lendo aí.

Falta chamarem as agências de propaganda para lançar os programas “Mais burros” e o Mais Doentes”.

Ou, quem sabe, reunir tudo num grande “Mais Pobres”, por medida de economia.

Paulo Guedes, o feitor do Brasil, não tem vergonha nem mesmo com o espetáculo apavorante que nos dá o Chile, seu modelo de política econômica.

O desastre da Previdência será cobrado

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Quem tenta iludir-se sobre possíveis benefícios que a aprovação da reforma da Previdência pode trazer ao país só precisa compreender que o Chile revoltado de hoje é um retrato antecipado do Brasil de amanhã.

Não, a reforma não vai estimular o crescimento econômico. Não vai trazer investimentos nem vai gerar empregos. Não vai distribuir renda nem reforçar laços solidários. Não vai aperfeiçoar um sistema de aposentadoria financeiramente equilibrado, que só apresentou dificuldades - sanáveis - nos períodos em que a economia se enfraqueceu por longos períodos. Como hoje.

Queiroz está na ativa, mas cadê o Moro?

O transporte público como direito social

Por Wagner de Alcântara Aragão, no site Brasil Debate:

Os empresários do transporte coletivo e o poder público em Curitiba se deram conta de que tarifas de ônibus nas alturas em que estão afugentam passageiros. Há pelo menos sete anos, o sistema local tem registrado queda no número de pessoas transportadas – 20 mil pessoas a menos só no primeiro semestre de 2019, informa do site Plural.

Numa tentativa de reconquistar parte desse público, empresários e gestores decidiram por aplicar, a partir de outubro, tarifa reduzida fora dos horários de pico. A medida, porém, dá todos os indícios de que se configurará numa solução paliativa – isso se não for apenas peça de marketing.

O Supremo na hora da verdade

'Brasil de Fato' entrevista Lula

A guerra comercial e os petroleiros piratas

Por William Nozaki, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

A guerra comercial e as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos sobre o Irã e a Venezuela caminham no sentido de obstaculizar a presença desses países no comércio exterior e nas finanças internacionais, as indústrias naval e petrolífera têm sofrido o impacto dessas medidas de formas mais aguda por meio da retaliação à circulação de seus navios petroleiros.

Como se tratam de países com níveis significativos de reservas, produção e exportação de petróleo, as rotas para a circulação de navios-tanques têm sofrido com o aumento no valor do frete, que pode chegar a US$ 12 milhões para um trecho entre Caracas e Xangai.

Neofascismo: um fenômeno planetário

Por Michael Löwy, no site A terra é redonda:

Observamos nos últimos anos uma espetacular ascensão da extrema direita reacionária, autoritária e/ou “neofascista”, que já governa metade dos países em escala planetária: um fenômeno sem precedente desde os anos 1930. Alguns dos exemplos mais conhecidos: Trump (USA), Modi (Índia), Urban (Hungria), Erdogan (Turquia), ISIS (o Estado Islâmico), Duterte (Filipinas), e agora Bolsonaro (Brasil). Mas em vários outros países temos governos próximos desta tendência, mesmo que sem uma definição tão explicita: Rússia (Putin), Israel (Netanyahu), Japão, (Shinzo Abe), Áustria, Polônia, Birmânia, Colômbia, etc.

A onda progressista na América Latina

Chile, Guedes y nosotros

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A população chilena está dando um recado muito claro a respeito do que pensa sobre as reformas estruturais levadas a cabo em seu país ao longo das últimas décadas. É verdade que as gigantescas manifestações em Santiago e demais cidades têm por base mais imediata a crítica às decisões relativas à elevação de preços e tarifas de serviços públicos. Porém, o aparente espontaneísmo atual não pode ser explicado sem se levar em conta as sequelas da herança trágica do conservadorismo na política econômica por lá.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Vêm aí as "deep fake news"

Por Pedro Zambarda de Araujo, no Diário do Centro do Mundo:

Felipe Moura Brasil, da Jovem Pan, publicou uma reportagem na revista Crusoé, do site Antagonista, em 11 de outubro desvendando a rede de milícias bolsonaristas que atuam a soldo do governo.

Chamados de “blogueiros de crachá”, Moura rastreia diálogos de WhatsApp youtubers e veículos como Terça Livre, comandado por Allan dos Santos.

A Folha de S.Paulo divulgou que as redes bolsonaristas fizeram disparos ilegais de conteúdos promovendo Bolsonaro e fake news bancados por empresas, incluindo a Havan, em contratos que chegaram a R$ 12 milhões. O Estado de S.Paulo mapeou a influência de perfis pró-Bolsonaro no Twitter.

Macri desmontou Ley de Medios da Argentina

Por Felipe Bianchi, de Buenos Aires, no site do ComunicaSul:

Uma das legislações mais avançadas do continente em termos de combate ao monopólio e promoção da pluralidade e diversidade nos meios de comunicação, a Lei de Serviços Audiovisuais (26.522), da Argentina, completou uma década neste mês de outubro. Mas não há muito o que comemorar: em quatro anos de governo do mega-empresário Mauricio Macri, o setor viu derreter 4 mil postos de trabalho e a concentração midiática disparar, ampliando a hegemonia do grupo Clarín no setor.

'Bolsonarismo light' não derrotará Bolsonaro

Por Gustavo Freire Barbosa, na revista CartaCapital:

Sérgio Fausto, superintendente da Fundação Fernando Henrique Cardoso, publicou na revista Piauí de setembro artigo no qual reclama da falta de uma “boa direita” em tempos de bolsonarismo (“Que falta faz uma boa direita: Bolsonaro e o liberalismo no Brasil”, edição 156).

Embora defenda o fortalecimento de uma oposição no campo da socialdemocracia, ele reconhece que a direita liberal no Brasil é repleta de flertes históricos com agendas antiliberais. Na rabeira do iluminismo, os liberais brasileiros não teriam conseguido se desprender da gaiola do conservadorismo autoritário e do patrimonialismo. Da República Velha, passando por Vargas e pelo golpe de 1964, é esse o padrão comportamental da nossa direita.

Chile: as ruas contra os tanques

Manifestação em Curicó pela morte de José Miguel Uribe Antipani, 22/10/19
Foto: Daniel Gonzalez
Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

O divórcio entre o capitalismo e a democracia, tratado em inúmeros ensaios pelas ciências sociais nos últimos dez anos, ganhou a concretude das balas, no Chile, nesta segunda-feira (21/10). Diante de uma população sublevada desde a sexta anterior, as tropas e tanques continuam nas ruas. Já havia onze mortos até o domingo. Mas a violência dos militares intensificou-se desde que, no domingo, o presidente Sebastián Piñera fez nova reviravolta. Ele, que no sábado havia revogado o aumento das tarifas de metrô, estopim dos protestos, e reconhecido as razões da população para se indignar, recrudesceu e anunciou “guerra” contra os manifestantes.

A Grande Ilusão e a Linha Maginot

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

A Grande Ilusão é o título de um livro de Norman Angell, escrito em 1910. O autor fez uma vigorosa análise sobre a possibilidade da grande guerra mundial que seria deflagrada apenas quatro anos após o lançamento de sua obra. Ao estudar as últimas guerras, as características dos novos armamentos, a configuração geopolítica das alianças entre os países, concluiu que uma guerra poderia se espalhar pela Europa, seria uma catástrofe sem precedentes e todas as potências sairiam derrotadas, com a destruição econômica até mesmo dos vencedores.

Eleição na Argentina e rebeliões na região

Movimento indígena do Equador suspende diálogo com
o governo de Lenín Moreno (23/10/19). Foto: Conaie
Por Jeferson Miola, em seu blog:               

A eleição presidencial na Argentina do próximo domingo, 27 de outubro, se desenrola em meio ao clima de convulsões populares que chacoalham a América do Sul.

O Peru, o Equador e, nesses dias recentes, também o Chile, foram abalados por vulcões sociais impressionantes.

Há quem entenda que os protestos tenham sido desencadeados por questões específicas. No Peru, seria a corrupção; no Equador, o aumento em mais que o dobro do preço dos combustíveis; e, no Chile, o aumento da tarifa de metrô para o equivalente a 4,70 reais.

Estas causas específicas são, na realidade, os fatores disparadores das rebeliões; a fagulha que acende o fogo.

Chile em chamas: a fatura do neoliberalismo

Santiago, 24/10/19. Foto: Martin Bernetti/AFP
Por Mariana Serafini, no site Vermelho:

Santiago está em chamas – literalmente. As manifestações contra o aumento da tarifa de metrô começaram há uma semana na capital chilena e rapidamente se alastraram, como fogo, por todo o país. Foi estopim para a maior greve geral das últimas décadas. Nem a repressão, nem o toque de recolher, nem o Estado de Emergência fizeram a população recuar. Chegou a hora de cobrar a conta do neoliberalismo num país onde até a água foi privatizada pela ditadura militar.