segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Bolsonaristas copiam extremistas dos EUA


A ideologia que chegou ao poder no Brasil com a eleição do presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), possui uma ligação íntima com o movimento da extrema-direita nos Estados Unidos, popularizada como alt-right. Enquanto o bolsonarismo é inspirado nos supremacistas brancos na América do Norte, fundadores da corrente, eles também estudam o fenômeno brasileiro, e como usar as redes sociais para espalhar suas ideias radicais.

A cooperação entre eles é descrita em artigo publicado hoje (27) pelo periódico inglês The Guardian. No texto, o correspondente no Brasil Dom Phillips traça semelhanças estéticas e de discurso.

Um instrumento para silenciar a crítica

Por Pedro Serrano, na revista CartaCapital:

Ganhou as manchetes dos portais e jornais a denúncia do Ministério Público Federal contra Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, por ter supostamente auxiliado, incentivado e orientado a invasão de celulares de autoridades brasileiras por hackers. Como se sabe, o jornalista recebeu mensagens trocadas por procuradores da Lava Jato e as publicou em uma série de reportagens, em parceria com outros veículos de comunicação. A denúncia, que já seria abusiva, visto que o jornalista está protegido por liminar concedida em agosto passado pelo ministro Gilmar Mendes, parte de um entendimento completamente equivocado. Segundo a peça, por ter mantido contato com os hackers enquanto a invasão ocorria, Greenwald também seria responsável pelo suposto delito.

Raio-X da oposição direitista da Venezuela

Por João Pedro Stedile, no site A terra é redonda:

O governo Trump se considera dono da Venezuela e exige que o povo obedeça seu capataz, o sr. Guaidó, que por sinal é muito bem pago

Em 2015 houve eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela. A representação lá é unicameral, não tem senadores, só deputados. São 167 deputados eleitos.

Naquela eleição a oposição ao chavismo conquistou a maioria dos deputados. Os chavistas ficaram em franca minoria com apenas 55 deputados, organizados num bloco denominado Pátria. O Tribunal de Justiça Eleitoral cancelou a eleição de alguns deputados por fraude e ou por corrupção. Os partidos direitistas não quiseram reconhecer esse cancelamento. Instalou-se assim um conflito permanente acerca da legitimidade e legalidade da Assembleia Nacional. Uma batalha incessante entre o Poder Executivo chavista e a oposição direitista que controlava o parlamento.

O ministro esconde a toga

Por Luiz Alberto Gomez de Souza, no site Carta Maior:

O resultado do Roda Viva de 20 de janeiro de 2020 era esperado. Foi uma entrevista ao Ministro da Justiça e as perguntas se reduziam a sua relação com Bolsonaro, sua opinião a projetos em curso e sobre o futuro: um posto ao STF ou candidatura eleitoral em 2022 (presidente ou vice). Sabendo da volatilidade das políticas do governo, era um debate inútil sobre posições em mudança permanente.

Mas o mais importante não era discutir o ministro, mas situar o juiz curitibano Moro. Este, numa declaração inicial, adiantando-se antes de ser perguntado declarou, sem justificar, não se importar com os vazamentos publicados pela Intercept, afastando-os com uma palavra definitiva e sem explicações: uma bobajada. Só uma última pergunta, nos minutos finais, tocava novamente no Vaza-Jato e a resposta era a mesma: tratavam-se de fatos difundidos de maneira fraudulenta sem nenhum valor. Na verdade não afirmava ou negava os vazamentos, apenas contestava o fato de serem obtidos por fontes anônimas e por isso sem credibilidade.

Os marxistas e a homossexualidade

Por Augusto C. Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

O marxismo foi a teoria que serviu de base aos principais movimentos de oposição à exploração do trabalho e aos diversos tipos de opressões inerentes ao capitalismo e imperialismo: contra os povos coloniais, as mulheres e os negros. A maioria dos clássicos tratou desses temas de maneira mais ou menos abrangentes. As diversas internacionais aprovaram resoluções e campanhas à respeito. Contudo, não abordou-se suficientemente a “questão da homossexualidade”. A relação entre o movimento socialista e aqueles poucos lutadores contrários à criminalização da homossexualidade constituiu-se em algo complexo e contraditório. Ocorreram erros gritantes, contrapostos à essência emancipatória do marxismo.

O jogo recomeça do movimento sindical

Por João Guilherme Vargas Netto

Reunidas nesta segunda-feira, dia 27, no Dieese em São Paulo, todas as centrais sindicais (a que não compareceu já confirmou sua adesão) começaram o ano apresentando um calendário de atividades.

A primeira mobilização será no dia 3 de fevereiro, na Fiesp, quando as direções e ativistas protestarão contra as posições do presidente Paulo Skaf que, abandonando de vez uma pauta desenvolvimentista e produtivista, endossa o desmonte da indústria, trai os industriais e os industriários e se aninha no colo de Bolsonaro (que será recebido para um almoço de 200 talheres).

Na sequência marcou-se para o dia 14 de fevereiro uma série de atos em defesa da Previdência e de denúncia do descalabro com que o governo tem tratado os aposentados, os pensionistas e todos os trabalhadores que recorrem aos serviços previdenciários públicos em busca de seus direitos (desrespeitando também, e muito, os próprios funcionários).

Paulo Guedes, o ministro vende pátria

A cultura incomoda, Bolsonaro?

Por Jandira Feghali, no site Mídia Ninja:

As rodas do jongo ritmado, dos tambores alucinados, as cavalhadas na terra vermelha do Centro-Oeste, as danças indígenas em roda, o tecido branco das saias rendadas e os turbantes estampados do Ilê, as fitas em movimento no frio dos pampas, a congada, os pretos-velhos em círculo, os santos, os milhares de pontos potentes que se manifestam, a nudez e todas as obras de drama ou comédia que ocupam os palcos, a produção cada vez mais diversificada e poderosa das telas, os grafites que impressionam, as imagens desenhadas, pintadas, impressas ou esculpidas surgidas da imaginação ou da vida, a pluralidade musical impactante e emocionante, os textos, histórias e poemas que voam das páginas e gargantas, os sabores e saberes, as igrejas, templos, terreiros… Alguém imagina que alguma dessas expressões possa ou deva ser impedida?

domingo, 26 de janeiro de 2020

Petardos: O “capetão” e os “evangélicos”

Por Altamiro Borges

A relação carnal entre Bolsonaro e as seitas neopentecostais não tem nada de divina. O "capetão", que nem é evangélico, deseja o apoio das "igrejas"  inclusive para a fundação do seu partido. Já as seitas visam resolver as suas volumosas dívidas, informa o site Congresso em Foco

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Segundo matéria postada neste domingo (26), "um grupo de igrejas evangélicas tem uma dívida milionária com a União de R$ 420 milhões". A revelação foi feita com base na lista de devedores da União disponibilizada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional à revista Veja

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A lista é encabeçada pela Igreja Internacional da Graça de Deus, do "pastor" RR Soares  que deve R$ 139,7 milhões à Receita Federal. Ela é seguida pela Igreja Mundial do Poder de Deus (dívida de R$ 85,9 mi), Igreja Renascer em Cristo (R$ 31,3 mi) e Assembleia de Deus (R$ 9,8 mi)

Um ano do crime da Vale em Brumadinho

Bolsonaro e os livros didáticos

Brasil-EUA: Do Banestado à Lava-Jato

Prepare-se para o ano Bernie Sanders

Por Antonio Martins, no site Outras Palavas:

Parte da esquerda brasileira atribuiu sua própria fraqueza, no combate ao bolsonarismo, a um fenômeno global. Estaríamos presenciando, em todo o mundo, o avanço de uma onda conservadora irresistível. A potência da avalanche tornaria quase impossível mobilizar as sociedades em sentido oposto. O mais prudente seria esperar que a maré de devastação perca seu ímpeto. Esta interpretação já era incapaz de explicar as revoltas contra o neoliberalismo que eclodiram, ao longo de 2019, em países como Chile, França, Equador, Colômbia, Argélia ou Líbano – ou as derrota eleitoral que o sistema sofreu na vizinha Argentina. Agora, tudo indica que ela terá de lidar com outro fato “incômodo”. Nos próprios Estados Unidos, as eleições presidenciais serão polarizadas por Bernie Sanders, que sustenta posições claramente pós-capitalistas.

A namoradinha porcina do Brasil

Por Urariano Mota, no site Vermelho:

De uns tempos pra cá, a carreira artística de Regina Duarte tem sido mais carreira que artística. Em 2002, foi usada na campanha eleitoral de José Serra, quando gravou em vídeo a frase que marcaria sua história: “Eu tenho medo”. O medo seria de que Lula fosse eleito - o que acabou acontecendo. Mas não aconteceu o retrocesso da economia brasileira, do qual ela possuía “medo”. De lá até hoje, a sua arte vem caindo, caindo, enquanto ela pensa que vai subindo, subindo, como na clássica música Conceição, na voz de Cauby Peixoto:

“Se subiu
Ninguém sabe, ninguém viu
Pois hoje o seu nome mudou
E estranhos caminhos pisou”

A classe trabalhadora chegou ao paraíso?

Por Ana Claudia Moreira Cardoso e Karen Artur, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

A palavra empreendedorismo vem ganhando espaço, desde a crise econômica de 2008, com ênfase em algumas de suas dimensões, supostamente positivas para o trabalhador: a não existência de chefes definindo o quê e como fazer; e a liberdade para decidir quando e onde fazer. Por outro lado, aspectos como insegurança, risco, ausência de direitos, isolamento nunca são mencionados. Esta discussão não é nova. Já nos anos 1990, a palavra “empregabilidade” – significando que cada trabalhador seria o único responsável pelo seu emprego e desemprego-, foi muito evidenciada, também num contexto de desemprego e queda da renda.

Denúncia do MPF contra Greenwald é censura

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

Na terça-feira (21), um dia depois da entrevista do ex-juiz Sergio Moro ao programa Roda Viva, o procurador da República Wellington Divino de Oliveira apresentou ao Ministério Público uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald. A denúncia, feita por um procurador amigo de Sérgio Moro, se baseia em um suposto hackeamento dos celulares de autoridades federais.

Para o MPF, com essa denúncia, o procurador se contrapôs a uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que acolheu um pedido do partido Rede de Sustentabilidade e proibia que o jornalista fosse investigado e responsabilizado “pela recepção, obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística’.

Bolsonaro mostra crueldade com os pobres

Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:

A postura gaguejante de Jair Bolsonaro diante da deportação de 50 brasileiros transportados como animais pelo governo dos Estados Unidos é a demonstração definitiva da incapacidade de seu governo para defender a dignidade do Brasil e dos brasileiros.

"O que eu vou falar aqui vai dar polêmica", disse Bolsonaro. "Eu acho que qualquer país, as suas leis têm que ser respeitadas. Qualquer país do mundo onde pessoas estão lá de forma clandestina é um direito daquele chefe de Estado, usando da lei, devolver esses nacionais". (O Globo, 25/01/2020).

Primeiro governo a permitir a deportação em massa de brasileiros, a responsabilidade de Bolsonaro neste drama lamentável está clara no início, no meio e no fim.

Mulheres pagam mais IRPF no Brasil

Por Róber Iturriet Avila e Cristina Pereira Vieceli, no site Brasil Debate:

Somente a partir do final de 2014, a Receita Federal do Brasil passou a disponibilizar mais dados brutos das declarações de Imposto de Renda – Pessoa Física (IRPF). As informações disponibilizadas antes do ano de 2014 restringiam-se apenas ao número total de declarantes. À medida que essas informações vêm à tona, é possível efetuar análises mais aprofundadas.

As informações apresentadas neste texto levam em conta as declarações efetuadas pelos contribuintes para Receita Federal do Brasil a partir dos rendimentos de 2017. Sabe-se que uma pessoa física que recebeu mais de R$ 2.379,98 mensais no ano de 2017 declarou imposto de renda, assim como que aqueles que possuem patrimônio acima de R$ 300.000,00 também foram obrigados a notificar o fisco no ano de 2018. Nesse mesmo ano, 29,1 milhões de pessoas declararam Imposto de Renda no Brasil. Esse contingente representava 13,90% da população brasileira total e 20,20% da população acima de 19 anos.

O jogo de chantagens entre Moro e Bolsonaro

Por Fernando Brito, em seu blog:

Não adiantam mais declarações formais.

A disputa entre Sérgio Moro – e seu projeto político – e os planos de reeleição de Jair Bolsonaro chegou de vez à “Vila da Direita”, e as coisas já não estão mais como cochichos.

Todos estão acompanhando o que, agora, é claramente um jogo de chantagens.

Bolsonaro preocupa-se com que Moro possa roubar-lhe a condição de “Mito”: alguém que, como foi na Lava Jato, não pode ser criticado, detido ou simplesmente contrariado.

Moro preocupa-se com o “sereno” e com que o deserto para o qual iria possa tirar dele os holofotes que tem há seis anos.

Bolsonaro na Índia: Gandhi não gostou

Por Marcelo Zero

A parceria estratégica entre Índia e Brasil foi estabelecida oficialmente pelo presidente Lula, em 2006. Foi também no período Lula que se criou o foro do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e o grupo do BRICS, do qual a Índia faz parte.

Naqueles tempos, o Brasil tinha política externa autônoma, voltada para articulação dos interesses dos países em desenvolvimento no cenário mundial.

Os resultados políticos vieram. Também os econômicos. Entre 2006 e 2012, as exportações do Brasil para Índia aumentaram de US$ 938 milhões para US$ 5,57 bilhões, ou seja, foram multiplicadas por mais de cinco vezes.

Entretanto, com a crise e com uma política externa que abandonou a cooperação sul-sul e que põe ênfase exclusiva no alinhamento submisso aos EUA, o relacionamento com a Índia vem se tornando irrelevante.