segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Bolsonaristas copiam extremistas dos EUA


A ideologia que chegou ao poder no Brasil com a eleição do presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), possui uma ligação íntima com o movimento da extrema-direita nos Estados Unidos, popularizada como alt-right. Enquanto o bolsonarismo é inspirado nos supremacistas brancos na América do Norte, fundadores da corrente, eles também estudam o fenômeno brasileiro, e como usar as redes sociais para espalhar suas ideias radicais.

A cooperação entre eles é descrita em artigo publicado hoje (27) pelo periódico inglês The Guardian. No texto, o correspondente no Brasil Dom Phillips traça semelhanças estéticas e de discurso.

Um dos pontos de partida foi o vídeo do bolsonarista Roberto Alvim, ex-secretário da Cultura, que parafraseou o ministro da Comunicação de Adolf Hitler, Joeseph Goebbels, ao som da ópera favorita do genocida nazista ao fundo.

“O uso de táticas extremistas é um recurso típico de quem quer tensionar até o limite, provocando e usando memes. A mesma tática é utilizada pela alt-right norte-americana que, frequentemente, é reverenciada por membros poderosos do governo Bolsonaro”, afirma o jornalista.

A parceria é extensa, vai desde uma estética específica, a chamada vaporwave, adotada como uma identidade visual miliciana, até outras singularidades políticas. A matéria lembra do “conselheiro pessoal” de Bolsonaro em assuntos da área externa, Filipe Martins.

O extremista cita, em seus perfis em redes sociais, um trecho de um poema de Dylan Thomas, o mesmo texto usado no manifesto xenófobo de extrema-direita do terrorista Brenton Tarrant, que matou 51 pessoas em um atentado em Christchurch, na Nova Zelândia, em março de 2019.

Agora, o governo Bolsonaro é um exemplo no mundo de como radicais de extrema-direita podem alcançar postos elevados por meio, especialmente, das redes sociais. Isso interessa muito aos pares dos Estados Unidos e demais países com a presença desse segmento.

Além de interessar as estratégias para conquistar uma massa, também interessa a tática de Bolsonaro de sempre promover ódio e discursos ofensivos para distrair a opinião pública dos escândalos de corrupção e incompetência do governo. “Em menos de um mês, o presidente disse a um repórter que ele tinha aparência de ‘homossexual terrível’ e que indígenas ‘estão se tornando humanos como nós’. Enquanto isso, explodem denúncias de lavagem de dinheiro contra seu filho, senador Flávio”, afirma o artigo.

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