quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Os militares e as empresas estatais

Por William Nozaki, no site da Fundação Perseu Abramo:

A doutrina militar, historicamente, estabeleceu os objetivos da industrialização brasileira: integração, defesa e segurança, mais do que desenvolvimento, emprego e renda, como imaginavam os civis. As malhas ferroviária e rodoviária garantiriam as condições logísticas para a integração, as indústrias metalúrgica e siderúrgica garantiriam os suprimentos essenciais para a defesa, as indústrias de petróleo e petroquímica garantiriam o abastecimento necessário para a segurança. Não se tratava de um industrialismo baseado em nacionalismo e protecionismo, mas sim em pragmatismo e funcionalidade temperados, é bem verdade, com um certo dualismo na visão sobre a geopolítica e um certo elitismo na visão sobre o povo brasileiro. Exatamente por isso, em todas as ocasiões em que ocuparam o Estado, os militares estabeleceram estreita proximidade com o sistema de empresas estatais. Com outros objetivos, tal aproximação se repete atualmente. Sendo assim, vejamos como tem se dado a presença dos militares no sistema produtivo estatal, particularmente em alguns projetos com interface na área de defesa.

SUS perdeu R$ 13,5 bilhões em 2019

Por Bruno Moretti e Ana Paula Sóter, no site Brasil Debate:

Nos últimos anos, mais de 3 milhões de usuários deixaram os planos de saúde, aumentando a demanda pelo SUS. Há estimativas de que a inflação do setor, em 2019, foi de 17%. O envelhecimento populacional e a incorporação tecnológica levam mais pressão ao orçamento de saúde. Segundo pesquisa Datafolha em 2019, a saúde era o principal problema do país.

Como responder ao quadro acima esboçado, que combina aumento de custos e demanda da população por serviços de saúde? Aperfeiçoamento do funcionamento do SUS e ampliação do financiamento seriam os caminhos naturais. No entanto, o SUS vem sofrendo o impacto negativo da Emenda Constitucional nº 95, de 2016, que limita o gasto federal primário à variação da inflação. Em outros termos, se o PIB tiver algum crescimento acima da inflação, a regra implica a redução das despesas em relação ao PIB. Estima-se que tal queda será de 4 p.p. de PIB até 2026.

A cobertura do carnaval na TV Globo

E a democracia, general Heleno?

Carnaval de rua e de luta

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Petardo: Ex-aliados detonam Bolsonaro

Por Altamiro Borges

Gustavo Bebianno, que chefiou a campanha presidencial do "capetão" e depois foi enxotado do laranjal, segue atirando: “O conselho que eu daria a ele [Bolsonaro] é: seja mais humilde, menos beligerante, manda os filhos pra Disney (mesmo com o dólar a R$ 4) e governa o país com inteligência".

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Na entrevista a Mônica Bergamo, na Folha, o ex-braço direito de Bolsonaro também revelou que Bolsonaro “não é um homem que trabalhe muito. Qualquer jornalista que acompanhe sua agenda oficial percebe que é muito fraca. Infelizmente ele tem como meta a próxima eleição. E com isso não governa".

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Outra ex-bolsonarista que anda irritada com o "capetão" é a deputada Janaína Paschoal (PSL-SP), que entrou em transe no golpe do impeachment contra Dilma e é uma das culpadas pelo avanço do fascismo no país. Segundo o site UOL, ela agora jura que "não sou e nunca fui bolsonarista".

Guedes subiu no telhado. Será defenestrado?

Os negócios da legalização dos cassinos

Ambulantes sofrem com a precarização

Bolsonaro queima reservas internacionais

Brasil na contramão da publicidade infantil

Da Rede Brasil Atual:

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, propôs uma portaria para que os meios de comunicação voltem a veicular publicidade infantil. Esse tipo de propaganda foi proibida no Brasil justamente por deixar as crianças desprotegidas. Uma lei vigente desde 2014 considera a publicidade infantil abusiva e proíbe a prática, mas agora o ministro Moro abriu uma consulta pública para rever essa regulamentação.

A trilha de sangue do ódio político

Por José Carlos Ruy, no site Vermelho:

O sangue derramado pelo ódio político marca com força esta semana. No sábado, dia 15, o dirigente comunista Afonso João Silva foi assassinado por pistoleiros em Jaciara, no Mato Grosso. Afonso João Silva era presidente municipal do PCdoB e grande liderança na luta pela reforma agrária, líder do acampamento próximo à BR-364.

O mesmo ódio sangrento que o assassinou está por trás da mão que, nesta quarta-feira (19) baleou no peito o senador Cid Gomes (PDT), em Sobral, no Ceará. Prontamente atendido na Santa Casa de Misericórdia no município, Cid Gomes felizmente está salvo e não corre risco de vida.

Mas o ódio político difundido desde o vértice da presidência da República, faz os democratas de todos os matizes pagarem com sangue pela ousadia de se contrapor à intolerância , ao arbítrio, à intolerância fascista.


O julgamento da extradição de Assange

Do site Carta Maior:

Esta segunda-feira, 24 de fevereiro, começa a ser julgado o pedido de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, pela juíza Vanessa Baraitser do tribunal de Westminster. O julgamento decorrerá durante esta semana, depois será interrompido e recomeçará em 18 de maio, prevendo-se que dure três semanas e que a sentença seja lida em junho. A primeira parte do julgamento será dedicada à discussão das motivações políticas e ao possível abuso processual da acusação norte-americana ao fundador da wikileaks.

Como os jornalistas podem reagir a Bolsonaro?

Por Rogério Christofoletti, no Diário do Centro do Mundo:

Ele já te constrangeu publicamente, disse que você só espalha mentiras. Já te ofendeu, falou da sua mãe e “deu uma banana” para o seu trabalho. Constantemente, não respeita o que você faz, e te xinga porque você é mulher ou porque trabalha para esse jornal ou aquele. Seus subordinados já te impediram de participar de entrevistas coletivas, e tentaram convencer empresas a não anunciar mais nos veículos em que você trabalha. Milícias virtuais te perseguem nas redes sociais, muitas vezes instigadas pelo desprezo que ele tem por você. Não é novidade nenhuma que Jair Bolsonaro – o presidente da república – odeia o jornalismo e os jornalistas, e faz de tudo para atacá-los. A questão é: como reagir a isso?

Brasil miliciano: todo poder às bancadas BBB

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Uma certeza se pode ter: a maluquice perversa a que o Brasil está entregue não terminará bem” (abertura da coluna de Janio de Freitas na Folha com o título “Nosso andar no escuro”).

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Todo mundo já desconfiava disso, desde o início deste desgoverno, caro Janio, mas nada acontece para evitar o desastre.

Líder sindical de militares e policiais por 28 anos na Câmara, Jair Bolsonaro hoje nem partido tem e despreza a articulação política, mas mesmo assim controla o Congresso como quem manipula um boneco de ventríloquo.

Como isso é possível, com mais de 30 partidos no parlamento, e tantos interesses difusos?

Matança no Ceará indica chantagem policial

Por Fernando Brito, em seu blog:

O número de assassinatos no Ceará em quatro dias, desde que começou o motim policial, disparou.

Relata a Folha:

O mês todo de janeiro teve 261 homicídios, uma média de pouco mais de oito por dia. Em fevereiro de 2019, foram 164 homicídios, uma média de menos de seis por dia - em 2020, já são 286 no mesmo mês. Na segunda-feira (17) antes do início da paralisação houve três homicídios e, na terça (18), dia em que os policiais começaram a parar no início da noite, foram cinco. (…)


Aula de história é na Sapucaí

Por Conceição Oliveira, no Blog da Maria Frô:

A Tuiuti há dois anos arrasou na Sapucaí contando toda a narrativa do golpe. Nos atuais governos neopentecostais fundamentalistas de Bolsonaro/Crivella, em que as escolas de samba perderam financiamento público como forma autoritária de silenciamento, elas ficaram ainda mais independentes e críticas.

Foram raras as escolas de samba que não fizeram crítica social este ano. Seguindo uma tradição que em tempos de golpe, censura, autoritarismo a arte tem obrigação de fazer refletir, as escolas de samba ensinaram ao povo brasileiro, muito além do samba: na Sapucaí podemos ver um Brasil nu e cru, furando a mediação narrativa da Globo.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Petardo: Paulo Guedes será defenestrado?

Por Altamiro Borges

A deterioração da economia - e não o piriri verborrágico do "parasita" Paulo Guedes - é que explica a boataria sobre a iminente queda do "superministro". O "capetão" teme o desgaste eleitoral e já cobra resultados. Até Ricardo Noblat, do jornal O Globo, especula que "Guedes subiu no telhado”.

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Nem a mídia ultraneoliberal, que tanto paparicou o abutre Paulo Guedes, consegue mais esconder os sinais de deterioração da economia. Deu no Painel S.A. da Folha: "As visitas em lojas de shopping continuam em baixa... Em janeiro, a queda foi de 1,64% ante o mesmo mês de 2019".

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Ainda segundo o Painel S.A. da Folha, "a Páscoa deste ano deve gerar 14 mil empregos temporários, segundo a Abicab, associação da indústria de chocolates. Serão 4.000 vagas a menos que em 2019. A entidade diz que a queda reflete a mudança no comportamento do consumidor no varejo".

O programa econômico da esquerda brasileira

Por José Luís Fiori, no site A terra é redonda:

A história ensina que não existem políticas econômicas “certas” ou “erradas” em termos absolutos; o que existe são políticas mais ou menos adequadas aos objetivos estratégicos e aos desafios imediatos do governo. As mesmas políticas podem obter resultados completamente diferentes, dependendo de cada situação

No conjunto da América Latina, foi só no Chile que houve governos de esquerda ou com participação de partidos de esquerda, na primeira metade do século XX. Em 1932, durante a efêmera República Socialista do Chile, proclamada pelo oficial da Força Aérea Marmaduke Grove. E depois, durante os governos da Frente Popular – que governou o país entre 1938 e 1947 – formada por socialistas e comunistas, ao lado dos radicais, e que foi interrompida pela intervenção americana logo no início da Guerra Fria.

Algo se move nas elites contra Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

As elites brasileiras sempre souberam se livrar dos incômodos, mesmo dos criados por ela mesma.

Alguém já disse algo parecido. Desde que entramos no inverno da democracia, na ladeira dos retrocessos e nas trevas do obscurantismo, com a posse de Bolsonaro, esta é a primeira vez que algo começa a se mover neste sentido, de forma ainda incipiente, não planejada e imposta pelos desatinos do presidente e de seu governo.

Pois ainda que dispostas a aturar ataques à democracia e regressos civilizatórios em nome da agenda neoliberal, as elites podem estar começando a perceber que sob Bolsonaro não haverá reformas, nem ajuste fiscal, nem crescimento.