Arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha |
Além do sonho coletivo de viver melhor, as nacionalidades requerem percepção comum do passado. Daí a destruição da memória referente às lutas pela mudança social ser o empreendimento fascista mais gravoso para uma nação.
Uma comunidade auto-estimada cuida de sua memória como quem bebe água. A alternativa é morrer. Não há sociedades sem simbologias que sacralizem seletivamente experiências vividas. É o que indica a expressão “lugares da memória” consagrada pela historiografia francesa. Tais “lugares” constituem referenciais das almas nacionais.
A arquitetura, sendo incisiva portadora de mensagens relativas ao passado e às promessas de um futuro melhor, tem grande peso na construção da memória coletiva. É um instrumento universalmente privilegiado.