As burocracias partidárias não precisam mais se agastar com a cobrança de “autocrítica”, pois o eleitor fez sua parte: a crítica. E ela veio de forma positiva e simbólica, na adoção da candidatura de Guilherme Boulos amealhando o sufrágio de 2.168.109 paulistanos (40,62% dos votos no segundo turno), fato tão auspicioso quanto vem sendo ignorado pela crônica diária. Insisto, retomando tese de artigos anteriores, que a emergência do jovem líder dos sem teto é o acontecimento mais relevante da política nacional nos últimos anos. Ela, ademais, enseja, na esquerda, um certo nível de tranquilidade quando só existiam dúvidas e temores quanto à inevitável troca de guarda. Quando os fatos a impuserem, o campo progressista já disporá de um quadro construído no movimento popular e bem testado na campanha política e nas urnas, em condições, portanto, de colocar-se na primeira liça do processo político.
Nestes termos a esquerda tem o que comemorar.