Reproduzo artigo de Renato Rovai, publicado em seu blog no sítio da Revista Fórum:
Hoje pela manhã Nice, a pessoa que duas vezes por semana organiza a casa deste jornalista-blogueiro, me disse que muita gente do bairro dela havia mudado o voto porque nos bares, nas igrejas, em vários lugares públicos havia sido pregado um cartaz dizendo que Dilma defendia o aborto, o casamento gay e a maconha e outras coisas.
Disse que sabia que isso tinha acontecido e fui embora tocar a vida na redação da Fórum. Na verdade não sabia que isso havia acontecido. Vejam o cartaz abaixo e depois continuem a ler este post.
Agora há pouco o Alê Porto, que tem um blogue bem legal e está sempre atento nos dados das pesquisas, deu uma tuitada com essa imagem aí de cima. Segundo ele, este panfleto foi colocado em caixas de correio e distribuido de porta em porta em alguns bairros.
O Rodrigo Vianna foi o primeiro blogueiro a alertar para essa campanha que vinha se disseminando pela internet. Aliás, há quem ache que foi isso que o tal indiano esquisito que deu consultoria pro Serra veio fazer aqui. Ele organizou um bom banco de dados pra disseminar boatos virais. Faz todo sentido. Acho que a consultoria que ele veio dar começa a ser entendida.
O site do tucano virou apenas um lugar onde as pessoas se cadastravam. Depois disso iniciaram-se os ataques morais. E a coisa foi ganhando volume até que a campanha ganhasse panfletos como este de cima.
Enquanto isso, a campanha de Dilma na internet ficava tentando organizar onda vermelha no tuiter e postando informações do que acontecia nos comícios. Não quero transformar a campanha de Dilma na net em responsável por essa ida ao segundo turno, mas é importante ressaltar que ela desprezou completamente a blogosfera progressista. Não conheço ninguém que tenha sido procurado para conversar sobre qualquer coisa relativa à campanha da petista. E havia muita gente que poderia colaborar.
Se tivessem, por exemplo, conversado com o Rodrigo Viaana, pudessem ter pensado em algo para segurar essa onda viral que depois chegou nos grotões a partir do boca-a-boca e de panfletos como o daí de cima.
Neste segundo turno o jogo talvez seja ainda mais baixo. Por isso é importante se organizar, mas ao tempo tentar ouvir e envolver o maior número de pessoas para buscar as melhores estratégias em todas as áreas da campanha.
.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
No mundo em rede, o PT é jurássico
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
Escrevi, muito antes da eleição brasileira, um artigo em que descrevia a campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2008 — eu morava em Washington, então.
Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses:
1. Barack Obama, o muçulmano (cujo vice era satanista);
2. Barack Obama, que não nasceu nos Estados Unidos (“o búlgaro”);
3. Barack Obama, associado a um pastor “radical” (lutou contra o regime militar);
4. Barack Obama, o terrorista (recebeu em casa, uma vez, Bill Ayers, que havia integrado um grupo que jogou bombas no Pentágono e no Congresso);
5. Barack Hussein Obama, cujo sobrenome denotava submissão a bin Laden.
6. Barack Obama, que estudou em uma madrassa (a escola religiosa islâmica).
Pouco importava, então, se isso tinha ou não relação com a realidade.
O objetivo, como escrevi, era ter um boato, uma ilação, uma suposição para se encaixar em cada um dos preconceitos já existentes no eleitorado.
Não disseram que Obama era gay, mas disseram que ele apoiava o casamento gay.
Como a campanha de Obama enfrentou a onda de boatos, mentiras, ilações e suposições?
Montou um site na internet exclusivamente dedicado a combater os boatos. Quando o internauta desse um Google atrás da informação, tinha um contraponto à máquina republicana de moer carne.
Além disso, Obama montou uma força-tarefa de militantes virtuais e advogados exclusivamente dedicada a combater os boatos, tentar identificar a origem deles e ingressar na Justiça com as medidas cabíveis.
Por que?
Porque vivemos no mundo da informação instantânea. Porque vivemos no mundo em que aqueles que tem acesso às tecnologias da informação se transformaram em produtores e disseminadores de conteúdo, para o bem e para o mal.
Uma mentira disseminada na internet tem o potencial de se replicar N vezes antes que você seja capaz de articular uma resposta.
No dia do primeiro turno, assisti a um debate inócuo e cheio de lugares-comuns na Globonews. O objetivo do debate era óbvio: dizer que a TV era a grande formadora de opinião e que o papel da internet era ínfimo.
Bobagem. A disseminação de boatos a respeito de Dilma Rousseff pode ter tido um papel central no período que precedeu o primeiro turno.
E o PT com isso? E a campanha de Dilma Rousseff com isso?
Nada.
O PT e a campanha de Dilma são jurássicos, quando se trata do uso da rede para combater a boataria.
O PT ainda é refém do ciclo de notícias dos jornais diários.
Aliás, o partido é fiador da mídia que investiu na destruição de seus candidatos.
Na campanha atual, de Dilma Rousseff, concedeu privilégios em três oportunidades a um repórter da TV Globo, que fez o perfil que estrelou o Jornal Nacional da véspera da eleição. O acesso a Dilma deu legitimidade ao perfil de Marina Silva, uma superprodução hollywodiana que estrelou o JN de sábado passado, com objetivos óbvios.
Aliás, no comício de encerramento da campanha de Dilma em Porto Alegre, um repórter da revista Veja teve acesso privilegiado ao palco.
.
Escrevi, muito antes da eleição brasileira, um artigo em que descrevia a campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2008 — eu morava em Washington, então.
Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses:
1. Barack Obama, o muçulmano (cujo vice era satanista);
2. Barack Obama, que não nasceu nos Estados Unidos (“o búlgaro”);
3. Barack Obama, associado a um pastor “radical” (lutou contra o regime militar);
4. Barack Obama, o terrorista (recebeu em casa, uma vez, Bill Ayers, que havia integrado um grupo que jogou bombas no Pentágono e no Congresso);
5. Barack Hussein Obama, cujo sobrenome denotava submissão a bin Laden.
6. Barack Obama, que estudou em uma madrassa (a escola religiosa islâmica).
Pouco importava, então, se isso tinha ou não relação com a realidade.
O objetivo, como escrevi, era ter um boato, uma ilação, uma suposição para se encaixar em cada um dos preconceitos já existentes no eleitorado.
Não disseram que Obama era gay, mas disseram que ele apoiava o casamento gay.
Como a campanha de Obama enfrentou a onda de boatos, mentiras, ilações e suposições?
Montou um site na internet exclusivamente dedicado a combater os boatos. Quando o internauta desse um Google atrás da informação, tinha um contraponto à máquina republicana de moer carne.
Além disso, Obama montou uma força-tarefa de militantes virtuais e advogados exclusivamente dedicada a combater os boatos, tentar identificar a origem deles e ingressar na Justiça com as medidas cabíveis.
Por que?
Porque vivemos no mundo da informação instantânea. Porque vivemos no mundo em que aqueles que tem acesso às tecnologias da informação se transformaram em produtores e disseminadores de conteúdo, para o bem e para o mal.
Uma mentira disseminada na internet tem o potencial de se replicar N vezes antes que você seja capaz de articular uma resposta.
No dia do primeiro turno, assisti a um debate inócuo e cheio de lugares-comuns na Globonews. O objetivo do debate era óbvio: dizer que a TV era a grande formadora de opinião e que o papel da internet era ínfimo.
Bobagem. A disseminação de boatos a respeito de Dilma Rousseff pode ter tido um papel central no período que precedeu o primeiro turno.
E o PT com isso? E a campanha de Dilma Rousseff com isso?
Nada.
O PT e a campanha de Dilma são jurássicos, quando se trata do uso da rede para combater a boataria.
O PT ainda é refém do ciclo de notícias dos jornais diários.
Aliás, o partido é fiador da mídia que investiu na destruição de seus candidatos.
Na campanha atual, de Dilma Rousseff, concedeu privilégios em três oportunidades a um repórter da TV Globo, que fez o perfil que estrelou o Jornal Nacional da véspera da eleição. O acesso a Dilma deu legitimidade ao perfil de Marina Silva, uma superprodução hollywodiana que estrelou o JN de sábado passado, com objetivos óbvios.
Aliás, no comício de encerramento da campanha de Dilma em Porto Alegre, um repórter da revista Veja teve acesso privilegiado ao palco.
.
Uma luta de sentido histórico
Reproduzo editoral do sítio Vermelho:
A eleição presidencial será decidida no segundo turno no dia 31 de outubro. Com alto índice de participação popular, foram computados mais de 111 milhões de votos válidos. Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, obteve 46,91% , José Serra, do PSDB, 32,61% e Marina Silva, do PV, 19,33%. Outros candidatos somados pontuaram pouco mais de 1%.
O resultado não surpreende, porquanto nos últimos dias da campanha foram detectados sinais de leve erosão nas intenções de voto em Dilma e de crescimento de Serra e Marina, sobretudo desta última. E não foge ao padrão das duas eleições anteriores, em que Lula teve que passar pela prova do segundo turno para eleger-se (2002) e reeleger-se (2006).
Obviamente, o resultado contraria as expectativas das forças democráticas e populares, cuja palavra de ordem era vencer já no primeiro turno.
A superioridade de Dilma Rousseff, de mais de 14 pontos percentuais sobre seu adversário, corresponde à ampla base de apoio popular de sua candidatura e é uma clara expressão da existência de uma maioria em favor da continuidade das mudanças iniciadas no Brasil a partir de 2003. Tem plenas condições de no segundo se transformar em maioria absoluta e conferir ao novo governo o necessário apoio à realização de seu programa democrático e patriótico.
As forças progressistas e do movimento popular engajadas na campanha de Dilma vão enfrentar o segundo turno, como disse a candidata, com garra e energia.
Nas próximas semanas será necessário intensificar o debate político e a mobilização popular. Não se ganha eleição antecipadamente, apenas através do monitoramento das pesquisas e do bom manejo das técnicas de “marketing político”. Uma batalha política da envergadura de uma eleição presidencial só pode ser vitoriosa com uma postura política ofensiva. A vitória nas urnas tem que partir das ruas, do corpo a corpo com o eleitor, da discussão franca, simples, direta e profunda com o povo, tocando fundo sua mente e seu coração.
Mais do que nunca é preciso ter a consciência aguda do que está em disputa. Dois projetos diametralmente opostos estão em jogo e é em torno destes que se decidirá o futuro do país. De um lado, está a possibilidade de o Brasil continuar trilhando o caminho do fortalecimento da democracia, da soberania nacional e da afirmação dos direitos do povo. Esta bandeira está nas mãos de Dilma Rousseff e das forças que a apoiam, que podem e devem alargar-se ainda mais no segundo turno. Do outro está a submissão do país ao imperialismo, a restrição da democracia, o ataque aos direitos do povo, a criminalização dos movimentos populares e a degradação das condições de vida de milhões de brasileiros.
É um embate político em campo aberto, uma luta de sentido histórico a que a imensa legião de militantes das forças progressistas e de esquerda não se irá furtar.
.
A eleição presidencial será decidida no segundo turno no dia 31 de outubro. Com alto índice de participação popular, foram computados mais de 111 milhões de votos válidos. Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, obteve 46,91% , José Serra, do PSDB, 32,61% e Marina Silva, do PV, 19,33%. Outros candidatos somados pontuaram pouco mais de 1%.
O resultado não surpreende, porquanto nos últimos dias da campanha foram detectados sinais de leve erosão nas intenções de voto em Dilma e de crescimento de Serra e Marina, sobretudo desta última. E não foge ao padrão das duas eleições anteriores, em que Lula teve que passar pela prova do segundo turno para eleger-se (2002) e reeleger-se (2006).
Obviamente, o resultado contraria as expectativas das forças democráticas e populares, cuja palavra de ordem era vencer já no primeiro turno.
A superioridade de Dilma Rousseff, de mais de 14 pontos percentuais sobre seu adversário, corresponde à ampla base de apoio popular de sua candidatura e é uma clara expressão da existência de uma maioria em favor da continuidade das mudanças iniciadas no Brasil a partir de 2003. Tem plenas condições de no segundo se transformar em maioria absoluta e conferir ao novo governo o necessário apoio à realização de seu programa democrático e patriótico.
As forças progressistas e do movimento popular engajadas na campanha de Dilma vão enfrentar o segundo turno, como disse a candidata, com garra e energia.
Nas próximas semanas será necessário intensificar o debate político e a mobilização popular. Não se ganha eleição antecipadamente, apenas através do monitoramento das pesquisas e do bom manejo das técnicas de “marketing político”. Uma batalha política da envergadura de uma eleição presidencial só pode ser vitoriosa com uma postura política ofensiva. A vitória nas urnas tem que partir das ruas, do corpo a corpo com o eleitor, da discussão franca, simples, direta e profunda com o povo, tocando fundo sua mente e seu coração.
Mais do que nunca é preciso ter a consciência aguda do que está em disputa. Dois projetos diametralmente opostos estão em jogo e é em torno destes que se decidirá o futuro do país. De um lado, está a possibilidade de o Brasil continuar trilhando o caminho do fortalecimento da democracia, da soberania nacional e da afirmação dos direitos do povo. Esta bandeira está nas mãos de Dilma Rousseff e das forças que a apoiam, que podem e devem alargar-se ainda mais no segundo turno. Do outro está a submissão do país ao imperialismo, a restrição da democracia, o ataque aos direitos do povo, a criminalização dos movimentos populares e a degradação das condições de vida de milhões de brasileiros.
É um embate político em campo aberto, uma luta de sentido histórico a que a imensa legião de militantes das forças progressistas e de esquerda não se irá furtar.
.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Lula vai se licenciar no segundo turno?
Por Altamiro Borges
Bem no início do processo eleitoral deste ano houve um forte boato de que Lula se licenciaria da Presidência da República para se engajar integralmente na campanha de Dilma Rousseff. O vice José Alencar teria sido, inclusive, aconselhado a não disputar qualquer cargo em Minas Gerais, aonde até aparecia como favorito para unificar a oposição e vencer a disputa para o governo. Sua permanência em Brasília visaria dar maior segurança para uma saída transitória de Lula.
Naquele período, o demotucano José Serra aparecia com folga nas pesquisas devido ao chamado “recall” – a forte exposição de seu nome em outros pleitos. Já a ex-ministra, que nunca disputará uma eleição, era pouco conhecida. Antes mesmo da propaganda na TV e rádio, porém, Dilma já ultrapassou o adversário, evidenciando o prestígio de Lula e a sua capacidade de transferência de voto. A sua licença da presidência não se fez necessária.
Risco do retorno dos neoliberais
Agora a situação é outra, o que justificaria o envolvimento completo, de corpo e alma, de Lula na campanha. A direita ganhou novo fôlego, beneficiada pela “onda verde” de Marina Silva – que já foi ministra do atual governo –, e apostará tudo no segundo turno. Os cofres demotucanos devem engordar, com a contribuição generosa do grande capital que teme a continuidade do ciclo aberto por Lula; os governos estaduais sob comando da direita entrarão pesado na campanha.
Corre-se o risco do retorno do bloco neoliberal-conservador ao governo central. Da regressão na política externa altiva e soberana, com a retomada do “alinhamento automático” aos EUA. Da volta à criminalização dos movimentos sociais, com o rompimento do diálogo democrático. Do retrocesso nas políticas sociais, que tiraram da miséria milhões de brasileiros. Do fortalecimento da ortodoxia neoliberal, com seu desmonte do estado, da nação e do trabalho. Ou seja: o que foi construído nestes oito anos pode ser destruído, virando um simples parêntesis na história do país.
A força da militância nas ruas
Para evitar este desastre será preciso amplitude política e, principalmente, maior politização da sociedade. Lula, com seu carisma e sua popularidade, poderá dar ainda maior contribuição nesta hora decisiva. Liberado das suas funções da presidência, ele poderá percorrer o país alertando as camadas populares sobre o significado da batalha em curso. Com ele e Dilma Rousseff, será possível agendar mais comícios, passeatas e visitas, mobilizando milhares de ativistas.
A presença diária de Lula na campanha, com a sua pedagogia própria e a força do seu carisma, pode ser a principal arma da campanha neste segundo turno. Contra o arsenal da direita e da sua mídia, a força do povo, da militância politizada nas ruas. Os demotucanos e seus porta-vozes na imprensa vão chiar. Vão tremer. Mas não há como impedir o presidente de lutar, com todas suas energias, para dar continuidade a sua obra – que está apenas começando e não pode ser abortada.
.
Bem no início do processo eleitoral deste ano houve um forte boato de que Lula se licenciaria da Presidência da República para se engajar integralmente na campanha de Dilma Rousseff. O vice José Alencar teria sido, inclusive, aconselhado a não disputar qualquer cargo em Minas Gerais, aonde até aparecia como favorito para unificar a oposição e vencer a disputa para o governo. Sua permanência em Brasília visaria dar maior segurança para uma saída transitória de Lula.
Naquele período, o demotucano José Serra aparecia com folga nas pesquisas devido ao chamado “recall” – a forte exposição de seu nome em outros pleitos. Já a ex-ministra, que nunca disputará uma eleição, era pouco conhecida. Antes mesmo da propaganda na TV e rádio, porém, Dilma já ultrapassou o adversário, evidenciando o prestígio de Lula e a sua capacidade de transferência de voto. A sua licença da presidência não se fez necessária.
Risco do retorno dos neoliberais
Agora a situação é outra, o que justificaria o envolvimento completo, de corpo e alma, de Lula na campanha. A direita ganhou novo fôlego, beneficiada pela “onda verde” de Marina Silva – que já foi ministra do atual governo –, e apostará tudo no segundo turno. Os cofres demotucanos devem engordar, com a contribuição generosa do grande capital que teme a continuidade do ciclo aberto por Lula; os governos estaduais sob comando da direita entrarão pesado na campanha.
Corre-se o risco do retorno do bloco neoliberal-conservador ao governo central. Da regressão na política externa altiva e soberana, com a retomada do “alinhamento automático” aos EUA. Da volta à criminalização dos movimentos sociais, com o rompimento do diálogo democrático. Do retrocesso nas políticas sociais, que tiraram da miséria milhões de brasileiros. Do fortalecimento da ortodoxia neoliberal, com seu desmonte do estado, da nação e do trabalho. Ou seja: o que foi construído nestes oito anos pode ser destruído, virando um simples parêntesis na história do país.
A força da militância nas ruas
Para evitar este desastre será preciso amplitude política e, principalmente, maior politização da sociedade. Lula, com seu carisma e sua popularidade, poderá dar ainda maior contribuição nesta hora decisiva. Liberado das suas funções da presidência, ele poderá percorrer o país alertando as camadas populares sobre o significado da batalha em curso. Com ele e Dilma Rousseff, será possível agendar mais comícios, passeatas e visitas, mobilizando milhares de ativistas.
A presença diária de Lula na campanha, com a sua pedagogia própria e a força do seu carisma, pode ser a principal arma da campanha neste segundo turno. Contra o arsenal da direita e da sua mídia, a força do povo, da militância politizada nas ruas. Os demotucanos e seus porta-vozes na imprensa vão chiar. Vão tremer. Mas não há como impedir o presidente de lutar, com todas suas energias, para dar continuidade a sua obra – que está apenas começando e não pode ser abortada.
.
Favoritismo não garante vitória de Dilma
Por Altamiro Borges
O favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno é algo inquestionável. A diferença entre ela e o demotucano José Serra, de 14,5 milhões votos, é a maior prova. Mas só o favoritismo não garante a vitória da primeira mulher na Presidência. Prefiro seguir a cautela do revolucionário italiano Antonio Gramsci, que dizia que é “preciso ser pessimista no diagnóstico e otimista na ação”.
Uma batalha de vida ou morte
Após se mostrar abatida com decadente campanha do demotucano, a direita volta se ouriçar. Nos comentários de seus colunistas na mídia, a excitação é despudorada. Ela festeja a ida ao segundo turno como se fosse uma grande vitória. A “onda verde”, inventada pela própria mídia, salvou os tucanos, num ecologismo às avessas. Agora, a direita jogará todas as fichas na disputa decisiva.
Se o jogo já foi sujo e rasteiro no primeiro turno, pior ainda será neste segundo. Para a direita, é uma guerra de vida ou morte. Não tem meio-termo ou respeito à democracia. Derrotada, ela calcula que demorará a retornar ao núcleo central do poder. Neste esforço derradeiro, as forças conservadoras contarão com algumas peças importantes, que não podem ser subestimadas:
O violento arsenal da direita
- A grande burguesia, mesmo não tendo do que reclamar do governo Lula – nunca ganhou tanto dinheiro na vida –, desconfia de um futuro governo Dilma. Teme que ela aprofunde as mudanças no país. O intragável José Serra, do bloco neoliberal-conservador, é mais confiável, mais seguro, e terá agora bem mais apoio;
- A mídia golpista se reanimou com o êxito obtido no primeiro turno. Seus petardos fustigaram a candidata governista e a invenção da “onda verde” garantiu o segundo turno. Ela comemora seu êxito. Mostrou que não está morta, como alguns imaginavam. Para ela, não há possibilidade de qualquer recuo. Se a direita for derrotada, ela perderá o pouco que ainda tem de credibilidade. Ela será, sem dúvida, a mais feroz e venenosa inimiga de Dilma Rousseff neste segundo turno.
- As forças do atraso – os generais do pijama do Clube Militar e os fundamentalistas religiosos, entre outros setores conservadores – agora radicalizarão seu discurso fascistóide. Eles ainda não conseguem repetir as marchas “com Deus, pela liberdade”, que prepararam o clima para o golpe militar de 1964, mas continuam bem ativos no submundo da política. Seu veneno ainda amedronta muita gente, inclusive do povo.
- A chamada “classe média”, que come mortadela e arrota caviar, também será acionada para o segundo turno. No seu egoísmo suicida, ela será uma importante reserva das forças de direita. Principalmente nos centros urbanos do Sul e Sudeste, ela tentará seduzir os trabalhadores que lhe prestam serviços, os “agregados sociais”. A “classe mérdia” sempre se atiça nas horas decisivas.
Habilidade e firmeza na ação
Diante deste arsenal da direita, as forças que apostam na “continuidade com avanços” precisarão de muita habilidade política e muita firmeza na ação. Habilidade para reconquistar o eleitor seduzido pela “onda verde”; para agregar todas as forças, do centro à esquerda, do PMDB ao PSOL, que estiveram metidas nas suas próprias campanhas; para engajar o conjunto das forças progressistas do país.
E firmeza para politizar o debate, principalmente na TV, escancarando a disputa de projetos. Não dá mais para continuar apanhando, ouvindo mentiras, sem dar resposta, sem partir para o contra-ataque. Os demotucanos representam o que há de pior na política brasileira, o que há de mais regressivo e destrutivo. Eles precisam ser desmascarados com argumentos e coragem, sem vacilações. Esta firmeza política é que poderá contagiar e ativar a militância na guerrilha cotidiana até 31 de outubro.
Do contrário, o favoritismo de Dilma Rousseff pode virar frustração, como enormes prejuízos para a acumulação de forças no Brasil e na América Latina.
.
O favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno é algo inquestionável. A diferença entre ela e o demotucano José Serra, de 14,5 milhões votos, é a maior prova. Mas só o favoritismo não garante a vitória da primeira mulher na Presidência. Prefiro seguir a cautela do revolucionário italiano Antonio Gramsci, que dizia que é “preciso ser pessimista no diagnóstico e otimista na ação”.
Uma batalha de vida ou morte
Após se mostrar abatida com decadente campanha do demotucano, a direita volta se ouriçar. Nos comentários de seus colunistas na mídia, a excitação é despudorada. Ela festeja a ida ao segundo turno como se fosse uma grande vitória. A “onda verde”, inventada pela própria mídia, salvou os tucanos, num ecologismo às avessas. Agora, a direita jogará todas as fichas na disputa decisiva.
Se o jogo já foi sujo e rasteiro no primeiro turno, pior ainda será neste segundo. Para a direita, é uma guerra de vida ou morte. Não tem meio-termo ou respeito à democracia. Derrotada, ela calcula que demorará a retornar ao núcleo central do poder. Neste esforço derradeiro, as forças conservadoras contarão com algumas peças importantes, que não podem ser subestimadas:
O violento arsenal da direita
- A grande burguesia, mesmo não tendo do que reclamar do governo Lula – nunca ganhou tanto dinheiro na vida –, desconfia de um futuro governo Dilma. Teme que ela aprofunde as mudanças no país. O intragável José Serra, do bloco neoliberal-conservador, é mais confiável, mais seguro, e terá agora bem mais apoio;
- A mídia golpista se reanimou com o êxito obtido no primeiro turno. Seus petardos fustigaram a candidata governista e a invenção da “onda verde” garantiu o segundo turno. Ela comemora seu êxito. Mostrou que não está morta, como alguns imaginavam. Para ela, não há possibilidade de qualquer recuo. Se a direita for derrotada, ela perderá o pouco que ainda tem de credibilidade. Ela será, sem dúvida, a mais feroz e venenosa inimiga de Dilma Rousseff neste segundo turno.
- As forças do atraso – os generais do pijama do Clube Militar e os fundamentalistas religiosos, entre outros setores conservadores – agora radicalizarão seu discurso fascistóide. Eles ainda não conseguem repetir as marchas “com Deus, pela liberdade”, que prepararam o clima para o golpe militar de 1964, mas continuam bem ativos no submundo da política. Seu veneno ainda amedronta muita gente, inclusive do povo.
- A chamada “classe média”, que come mortadela e arrota caviar, também será acionada para o segundo turno. No seu egoísmo suicida, ela será uma importante reserva das forças de direita. Principalmente nos centros urbanos do Sul e Sudeste, ela tentará seduzir os trabalhadores que lhe prestam serviços, os “agregados sociais”. A “classe mérdia” sempre se atiça nas horas decisivas.
Habilidade e firmeza na ação
Diante deste arsenal da direita, as forças que apostam na “continuidade com avanços” precisarão de muita habilidade política e muita firmeza na ação. Habilidade para reconquistar o eleitor seduzido pela “onda verde”; para agregar todas as forças, do centro à esquerda, do PMDB ao PSOL, que estiveram metidas nas suas próprias campanhas; para engajar o conjunto das forças progressistas do país.
E firmeza para politizar o debate, principalmente na TV, escancarando a disputa de projetos. Não dá mais para continuar apanhando, ouvindo mentiras, sem dar resposta, sem partir para o contra-ataque. Os demotucanos representam o que há de pior na política brasileira, o que há de mais regressivo e destrutivo. Eles precisam ser desmascarados com argumentos e coragem, sem vacilações. Esta firmeza política é que poderá contagiar e ativar a militância na guerrilha cotidiana até 31 de outubro.
Do contrário, o favoritismo de Dilma Rousseff pode virar frustração, como enormes prejuízos para a acumulação de forças no Brasil e na América Latina.
.
Assinar:
Postagens (Atom)