Reproduzo artigo de Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, publicado no sítio da revista CartaCapital:
Em um país do tamanho do nosso, qualquer candidato bem votado recebe todo tipo de voto. Não faz sentido dizer que um só é votado por determinados eleitores, outro por outros. Nestas eleições, isso se aplica a Dilma, Serra e Marina.
É possível, contudo, identificar os traços mais característicos dos eleitores de cada um. Dos eleitores de Dilma, por exemplo. Sabemos o que costumam pensar sobre Lula e o PT, e como encaram a discussão sobre as políticas do governo e sua continuidade.
O mesmo vale para Serra. Conhecemos quem votou nele. Seus sentimentos em relação ao atual presidente, como o comparam a Fernando Henrique, o que acham do PT e dos petistas.
Entre os eleitores de Dilma e de Serra, há diversidade de opiniões, mas elas não variam de oito a oitenta. Quem vota nela pode não querer que tudo do governo seja mantido, mas não defende que tudo seja mudado. Pode fazer críticas a Lula, mas não diz que é péssimo. Talvez discorde do modo como o Bolsa Família é operacionalizado, mas não o chama de esmola.
Tampouco os eleitores de Serra pensam em bloco. Mas não deve haver um só que ache, sinceramente, que Lula é ótimo. Ou que não queira que muita coisa de seu governo mude. Que não antipatize (nem que seja um pouco) com o PT.
Em relação a Marina, no entanto, isso não vale. Seja nos atributos socioeconômicos, seja nos valores e atitudes políticas, seus eleitores são muito heterogêneos.
Todo mundo concorda que as eleições foram para o segundo turno por causa dela. Não foi o desempenho de Serra que o provocou. Ele obteve, na urna, quase exatamente o voto que, desde o primeiro semestre, as pesquisas projetavam. Ou seja, sua campanha não atraiu mais eleitores que aqueles com os quais sempre contou: uma boa parte de São Paulo, o antipetismo, o voto de homenagem por sua trajetória. O adicional que tinha, vindo do desconhecimento de suas adversárias, sumiu e não foi recuperado.
Dilma perdeu votos para Marina. Foi seu crescimento, lento a partir da segunda semana de setembro, e exponencial nos últimos três dias, que tirou cerca de 10 pontos da candidata do PT. Com isso, Marina mais que dobrou o tamanho que tinha em fins de agosto e provocou o segundo turno.
Houve dois votos em Marina nestas eleições: um que obteve cedo, outro que conquistou na reta final. É preciso entender os dois, para que possamos imaginar como será o segundo turno.
O voto “antigo” em Marina é o voto da agenda verde. Os 8% a 10% que ela havia alcançado ainda em maio provinham, na sua maioria, de eleitores sensíveis aos temas ambientais, que se revelavam tão atentos à questão que se dispunham - a um “voto de atitude”, para mostrar sua insatisfação com o descaso do sistema político brasileiro em relação ao assunto. Havia, nele, outros elementos, de cunho regional (pela origem da candidata no Norte) e religioso (decorrente de sua inserção na comunidade evangélica). Mas não seria errado dizer que era um “voto verde”, de quem conhecia Serra e Dilma e não pensava em nenhum dos dois.
O voto que ela adquiriu no final da eleição não é igual. Originou-se em outros segmentos da sociedade e foi movido por valores diferentes.
Esse voto “novo” em Marina veio de quem a escolheu pelos atributos pessoais e não pela agenda. É porque gostaram dela que esses eleitores se tornaram, subitamente, verdes. Não como os de antes, que o eram por convicção, independentemente de quem fosse o candidato que representasse o tema.
Houve uma segunda onda de votos em Marina. Como mostram algumas pesquisas, foi basicamente metropolitana, feminina e de classe média, típica de mulheres jovens, com média e alta escolaridade, muitas evangélicas. Um voto de quem a viu como uma “pessoa diferente”, mais “humana” e mais “gente” que Dilma e Serra. De quem tinha tendido para Dilma durante boa parte da eleição.
Se tivemos uma “onda verde”, essa foi uma “onda rosa”. A primeira com fundamentos racionais, a segunda assentada nas emoções.
E agora no segundo turno? É possível imaginar um só destino para eleitores tão díspares? Terão Dilma ou Serra como atrair os “verdes”, que não gostavam de nenhum dos dois? E como falar com os integrantes da segunda onda, que pouca atenção prestam às questões programáticas?
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Marina e o “apetite por cargos” do PV
Por Altamiro Borges
O jornalista Bernardo Mello Franco, da Folha, fez uma revelação ontem (7) que confirma as tensões na cúpula do Partido Verde. “Em reunião fechada com aliados, a candidata derrotada do PV à Presidência, Marina Silva, atacou a gula de dirigentes do partido por cargos e afirmou que não vai ´se apequenar´ nas negociações do segundo turno. Ela se mostrou irritada com a intenção do núcleo da campanha de José Serra (PSDB) de oferecer quatro ministérios em troca do apoio do PV”.
Ainda segundo a reportagem da insuspeita Folha, “em tom de ironia, Marina criticou o fisiologismo de parte da cúpula verde, sugerindo que a oferta seria alta demais para alguns dirigentes de seu partido”. Na reunião fechada, que teve a presença do teólogo Leonardo Boff – que já declarou apoio a Dilma para derrotar o “neoliberal Serra” -, a presidenciável do PV insinuou que tende a ficar “neutra” no segundo turno. A decisão deveria ser anunciada na convenção marcada para 17 de setembro.
Racha na cúpula verde
A “reunião fechada” causou estragos na direção do PV. Apesar do presidente do do partido, José Luiz Penna, rechaçar as criticas ao seu fisiologismo, ele tem o pé em várias canoas. No governo Lula, cumpre importante papel no Ministério da Cultura. Já em vários estados, o partido está umbilicalmente ligado aos demotucanos. Participou da prefeitura do Rio de Janeiro na gestão do demo César Maia – que acaba de ser rejeitado nas urnas. Em São Paulo, participa do governo estadual, controlado pelos tucanos, e na prefeitura da capital, dirigido pelo demo Kassab.
Para o segundo turno, dirigentes do PV já tinham declarado publicamente seu apoio a José Serra – sem ouvir a própria candidata, a maior responsável pela expressiva votação da legenda no primeiro turno. Com suas críticas ao “apetite por cargos”, Marina despertou a ira da direção do partido. “Próxima ao PSDB, a cúpula verde ameaça boicotar a convenção do dia 17 e anunciar apoio a Serra na semana que vem, à revelia da ex-presidenciável”, relata hoje (8) o UOL.
Minoritária da direção do partido
Segundo a matéria, “Marina foi duramente atacada na reunião organizada às pressas pelo presidente da sigla, José Luiz Penna, em Brasília. Participaram cerca de 20 pessoas, algumas com cargos no governo paulista e na Prefeitura de São Paulo, administrada pelo DEM. A senadora não foi chamada. No encontro fechado, o grupo de Penna acusou a candidata derrotada de desrespeita a cúpula do partido, ao qual se filiou em agosto de 2009”.
Numa nítida provocação à candidata, José Luiz Penna convocou reunião da executiva nacional do PV para a próxima quarta-feira (13), que pode precipitar a decisão da legenda. O grupo de Marina Silva, recém-ingresso no partido, tem apenas 10 dos 60 votos da executiva. “A tendência é pela aprovação do apoio a Serra”, garante o UOL. Nos bastidores, o clima é de guerra. Marina cancelou a reunião com a direção do PV e insiste que deseja debater “compromissos programáticos”; já a cúpula verde tucanou e assume “compromissos fisiológicos” com José Serra.
A encruzilhada de Marina Silva
Como se observa, a situação do PV é delicada. Marina Silva obteve quase 20% dos votos por várias razões. Numa avaliação generosa, ela surpreendeu porque expressou as justas preocupações ambientais, críticas às limitações do governo Lula e a busca de alternativa diante da polarização PSDB-PT. Numa leitura mais crítica, ela foi inflada pela mídia para viabilizar a ida de Serra para o segundo turno e colheu os votos conservadores, com base na manipulação religiosa rasteira.
Agora, PV e Marina Silva estão na berlinda. A tendência, como apontam vários especialistas em eleições, é que ocorra uma dispersão dos votos “verdes”. O problema não é apenas eleitoral. É político. Quanto ao PV, ele continuará sendo um partido sem consistência programática – nem mesmo a questão ambiental é levada muito a sério por sua direção. O maior dilema é mesmo o de Marina Silva. Ela servirá ao retrocesso neoliberal, maior inimigo do desenvolvimento sustentável, ou apostará na continuidade das mudanças no país? É uma baita encruzilhada!
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O jornalista Bernardo Mello Franco, da Folha, fez uma revelação ontem (7) que confirma as tensões na cúpula do Partido Verde. “Em reunião fechada com aliados, a candidata derrotada do PV à Presidência, Marina Silva, atacou a gula de dirigentes do partido por cargos e afirmou que não vai ´se apequenar´ nas negociações do segundo turno. Ela se mostrou irritada com a intenção do núcleo da campanha de José Serra (PSDB) de oferecer quatro ministérios em troca do apoio do PV”.
Ainda segundo a reportagem da insuspeita Folha, “em tom de ironia, Marina criticou o fisiologismo de parte da cúpula verde, sugerindo que a oferta seria alta demais para alguns dirigentes de seu partido”. Na reunião fechada, que teve a presença do teólogo Leonardo Boff – que já declarou apoio a Dilma para derrotar o “neoliberal Serra” -, a presidenciável do PV insinuou que tende a ficar “neutra” no segundo turno. A decisão deveria ser anunciada na convenção marcada para 17 de setembro.
Racha na cúpula verde
A “reunião fechada” causou estragos na direção do PV. Apesar do presidente do do partido, José Luiz Penna, rechaçar as criticas ao seu fisiologismo, ele tem o pé em várias canoas. No governo Lula, cumpre importante papel no Ministério da Cultura. Já em vários estados, o partido está umbilicalmente ligado aos demotucanos. Participou da prefeitura do Rio de Janeiro na gestão do demo César Maia – que acaba de ser rejeitado nas urnas. Em São Paulo, participa do governo estadual, controlado pelos tucanos, e na prefeitura da capital, dirigido pelo demo Kassab.
Para o segundo turno, dirigentes do PV já tinham declarado publicamente seu apoio a José Serra – sem ouvir a própria candidata, a maior responsável pela expressiva votação da legenda no primeiro turno. Com suas críticas ao “apetite por cargos”, Marina despertou a ira da direção do partido. “Próxima ao PSDB, a cúpula verde ameaça boicotar a convenção do dia 17 e anunciar apoio a Serra na semana que vem, à revelia da ex-presidenciável”, relata hoje (8) o UOL.
Minoritária da direção do partido
Segundo a matéria, “Marina foi duramente atacada na reunião organizada às pressas pelo presidente da sigla, José Luiz Penna, em Brasília. Participaram cerca de 20 pessoas, algumas com cargos no governo paulista e na Prefeitura de São Paulo, administrada pelo DEM. A senadora não foi chamada. No encontro fechado, o grupo de Penna acusou a candidata derrotada de desrespeita a cúpula do partido, ao qual se filiou em agosto de 2009”.
Numa nítida provocação à candidata, José Luiz Penna convocou reunião da executiva nacional do PV para a próxima quarta-feira (13), que pode precipitar a decisão da legenda. O grupo de Marina Silva, recém-ingresso no partido, tem apenas 10 dos 60 votos da executiva. “A tendência é pela aprovação do apoio a Serra”, garante o UOL. Nos bastidores, o clima é de guerra. Marina cancelou a reunião com a direção do PV e insiste que deseja debater “compromissos programáticos”; já a cúpula verde tucanou e assume “compromissos fisiológicos” com José Serra.
A encruzilhada de Marina Silva
Como se observa, a situação do PV é delicada. Marina Silva obteve quase 20% dos votos por várias razões. Numa avaliação generosa, ela surpreendeu porque expressou as justas preocupações ambientais, críticas às limitações do governo Lula e a busca de alternativa diante da polarização PSDB-PT. Numa leitura mais crítica, ela foi inflada pela mídia para viabilizar a ida de Serra para o segundo turno e colheu os votos conservadores, com base na manipulação religiosa rasteira.
Agora, PV e Marina Silva estão na berlinda. A tendência, como apontam vários especialistas em eleições, é que ocorra uma dispersão dos votos “verdes”. O problema não é apenas eleitoral. É político. Quanto ao PV, ele continuará sendo um partido sem consistência programática – nem mesmo a questão ambiental é levada muito a sério por sua direção. O maior dilema é mesmo o de Marina Silva. Ela servirá ao retrocesso neoliberal, maior inimigo do desenvolvimento sustentável, ou apostará na continuidade das mudanças no país? É uma baita encruzilhada!
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Aiatolá Serra vai apedrejar a Soninha?
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
A Soninha (que já foi da MTV, e era filiada ao PT) hoje é uma das coordenadoras da campanha do Serra. A Soninha – como tantas mulheres – reconhece – na reportagem reproduzida aí no alto – que já fez aborto. Não o fez porque é um monstro irresponsável. Mas porque tantas vezes essa é a única opção para as mulheres. Quem conhece alguém que já abortou sabe do drama que as mulheres - mas também alguns homens – enfrentam nessa hora.
Serra e Soninha, vamos ser honestos, não são fascistas nem fanáticos religiosos – ou não eram. Serra, quando ministro da Saúde, assinou portaria regulamentando aborto no SUS. Só que Serra não tem limites para chegar ao poder. Na tentativa desesperada de ganhar de Dilma, ele se aliou ao que há de mais atrasado no Brasil. Até TFP (seita de extrema direita que é monarquista , contra o divórcio e contra os gays) está apoiando Serra.
Serra, pra ganhar, aposta no atraso, no pensamento mais consevador. Aposta no preconceito contra as mulheres. Serra quer ganhar votos espalhando que Dilma é “abortista, e quer matar criancinhas” (a própria mulher de Serra disse isso num corpo-a-corpo na rua).
Sei que há muita gente, homens e mulheres, que não gosta da Dilma. Gente que até já votou no PT , mas se decepcionou com o PT. Muita gente nessa situação escolheu no primeiro turno Marina, Plinio ou até Serra. Mas será que esse povo quer o atraso no Brasil? Duvido…
Serra, se vencer (e acho que não vence), trará com ele o preconceito, o atraso, a visão de que “gay é pecador” e “mulher está aí pra procriar, não pra decidir sobre sua saúde”.
Serra não era assim. Mas ficou assim. Serra hoje é o atraso. Não é à toa que, no twitter, Serra virou “#aiatoláSerra”.
Coitada da Soninha.
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A Soninha (que já foi da MTV, e era filiada ao PT) hoje é uma das coordenadoras da campanha do Serra. A Soninha – como tantas mulheres – reconhece – na reportagem reproduzida aí no alto – que já fez aborto. Não o fez porque é um monstro irresponsável. Mas porque tantas vezes essa é a única opção para as mulheres. Quem conhece alguém que já abortou sabe do drama que as mulheres - mas também alguns homens – enfrentam nessa hora.
Serra e Soninha, vamos ser honestos, não são fascistas nem fanáticos religiosos – ou não eram. Serra, quando ministro da Saúde, assinou portaria regulamentando aborto no SUS. Só que Serra não tem limites para chegar ao poder. Na tentativa desesperada de ganhar de Dilma, ele se aliou ao que há de mais atrasado no Brasil. Até TFP (seita de extrema direita que é monarquista , contra o divórcio e contra os gays) está apoiando Serra.
Serra, pra ganhar, aposta no atraso, no pensamento mais consevador. Aposta no preconceito contra as mulheres. Serra quer ganhar votos espalhando que Dilma é “abortista, e quer matar criancinhas” (a própria mulher de Serra disse isso num corpo-a-corpo na rua).
Sei que há muita gente, homens e mulheres, que não gosta da Dilma. Gente que até já votou no PT , mas se decepcionou com o PT. Muita gente nessa situação escolheu no primeiro turno Marina, Plinio ou até Serra. Mas será que esse povo quer o atraso no Brasil? Duvido…
Serra, se vencer (e acho que não vence), trará com ele o preconceito, o atraso, a visão de que “gay é pecador” e “mulher está aí pra procriar, não pra decidir sobre sua saúde”.
Serra não era assim. Mas ficou assim. Serra hoje é o atraso. Não é à toa que, no twitter, Serra virou “#aiatoláSerra”.
Coitada da Soninha.
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Mino Carta não está preocupado com aborto
Reproduzo artigo hiláro de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
Ligo para o Mino Carta, autor de notável artigo na CartaCapital desta semana, de título “Patética mídia nativa”.
- Mino, você não está preocupado com o aborto?, pergunto angustiado.
- Não, ao contrário.
- Ao contrário? Você não vê que contemplamos as Ruínas da Nação?, a irremediável Decadência dos Costumes … e você não está preocupado?
- Não, meu filho. Estou até reconfortado.
- Reconfortado? Mino, você não vive neste mundo de Degradação e Luxúria. Onde você vive?, em que planeta?
- Jamais confiei tanto nas Reservas Morais desta Nação. Jamais imaginei que os Valores que os editoriais do Estadão pregam pudessem estar tão vivos no Espírito da Pátria.
- Confiante, por que?, Mino?, perguntei tomado de angústia.
- Porque percebo no Horizonte, onde a Ética se encontra com a Fé e a Esperança, uma solução para a Grave Crise Moral que nos assola.
- Por favor, tranquilize-me, disse eu, súplice.
- Você verá que a Elite Paulista, neste momento sitiada por vândalos e depravados, soube reunir as Forças do Espírito para enfrentar a ofensiva do Mal. E venceu a batalha entre a Luz e a Treva! A Luz prevaleceu!
- Aleluia!
- Aleluia!
- Verdade, Mino? Tranquilize-me.
- Satã foi expulso do relógio do Itaú, que fica em cima da Avenida Paulista.
- O relógio do Itaú está salvo, Mino?
- Sim, meu filho, tranquilize-se.
- Como foi isso possível, tal Milagre?
- Muito simples.
- Como “simples”?
- Na Avenida Brasil, uma clínica passará a oferecer três tratamentos à livre escolha da Mulher Paulista de 400 Anos.
-Três?
- Sim. Veja bem. Ela desce de sua Mercedes e logo à porta poderá optar, já com a secretária, uma espécie de Gisele Bunchen da Moóca.
- Optar entre que possibilidades?
- Ela poderá escolher: fazer um aborto, uma lipoaspiração, ou, com a ajuda da equipe do Dr Abdelmasih, uma fertilização in vitro.
- Perfeito. Genial, bradei, reconfortado!
- Você já imaginou? Ter à sua disposição, por um punhado de dólares – sem recibo – uma lipo, um aborto ou um bebê rechonchudo sob os cuidados do Dr Roger? Tudo em três prestações, sem juros. Sem recibo.
- Isso é que é uma combinação perfeita, bradei, reanimado: Marketing e Moral, num mesmo pacote. Estamos salvos, Mino!
- Você percebe como a Crise de Valores foi superada?
- Sim, sim, claro! Mas, Mino, me perdoe, nessa Crise tão profunda, não há o risco de o bebê, contaminado pela Degradação dos Costumes, nascer um mostrengo?
- Sim, respondeu, pausadamente o Mino. Sim …
- Verdade, Mino? Isso é um perigo.
- Sim, meu caro.
- Qual é o risco?
- Se a representante da Moral e dos Costumes quiser ser fertilizada pelo sêmen de um tucano paulista da melhor espécie, corre sério risco.
- É mesmo, Mino? Que risco?
- Nascer o Bebê de Rosemary.
Pano rápido.
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Ligo para o Mino Carta, autor de notável artigo na CartaCapital desta semana, de título “Patética mídia nativa”.
- Mino, você não está preocupado com o aborto?, pergunto angustiado.
- Não, ao contrário.
- Ao contrário? Você não vê que contemplamos as Ruínas da Nação?, a irremediável Decadência dos Costumes … e você não está preocupado?
- Não, meu filho. Estou até reconfortado.
- Reconfortado? Mino, você não vive neste mundo de Degradação e Luxúria. Onde você vive?, em que planeta?
- Jamais confiei tanto nas Reservas Morais desta Nação. Jamais imaginei que os Valores que os editoriais do Estadão pregam pudessem estar tão vivos no Espírito da Pátria.
- Confiante, por que?, Mino?, perguntei tomado de angústia.
- Porque percebo no Horizonte, onde a Ética se encontra com a Fé e a Esperança, uma solução para a Grave Crise Moral que nos assola.
- Por favor, tranquilize-me, disse eu, súplice.
- Você verá que a Elite Paulista, neste momento sitiada por vândalos e depravados, soube reunir as Forças do Espírito para enfrentar a ofensiva do Mal. E venceu a batalha entre a Luz e a Treva! A Luz prevaleceu!
- Aleluia!
- Aleluia!
- Verdade, Mino? Tranquilize-me.
- Satã foi expulso do relógio do Itaú, que fica em cima da Avenida Paulista.
- O relógio do Itaú está salvo, Mino?
- Sim, meu filho, tranquilize-se.
- Como foi isso possível, tal Milagre?
- Muito simples.
- Como “simples”?
- Na Avenida Brasil, uma clínica passará a oferecer três tratamentos à livre escolha da Mulher Paulista de 400 Anos.
-Três?
- Sim. Veja bem. Ela desce de sua Mercedes e logo à porta poderá optar, já com a secretária, uma espécie de Gisele Bunchen da Moóca.
- Optar entre que possibilidades?
- Ela poderá escolher: fazer um aborto, uma lipoaspiração, ou, com a ajuda da equipe do Dr Abdelmasih, uma fertilização in vitro.
- Perfeito. Genial, bradei, reconfortado!
- Você já imaginou? Ter à sua disposição, por um punhado de dólares – sem recibo – uma lipo, um aborto ou um bebê rechonchudo sob os cuidados do Dr Roger? Tudo em três prestações, sem juros. Sem recibo.
- Isso é que é uma combinação perfeita, bradei, reanimado: Marketing e Moral, num mesmo pacote. Estamos salvos, Mino!
- Você percebe como a Crise de Valores foi superada?
- Sim, sim, claro! Mas, Mino, me perdoe, nessa Crise tão profunda, não há o risco de o bebê, contaminado pela Degradação dos Costumes, nascer um mostrengo?
- Sim, respondeu, pausadamente o Mino. Sim …
- Verdade, Mino? Isso é um perigo.
- Sim, meu caro.
- Qual é o risco?
- Se a representante da Moral e dos Costumes quiser ser fertilizada pelo sêmen de um tucano paulista da melhor espécie, corre sério risco.
- É mesmo, Mino? Que risco?
- Nascer o Bebê de Rosemary.
Pano rápido.
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Inimigo do MST tenta seduzir Marina
Por Altamiro Borges
Em artigo publicado no blog de Ricardo Noblat, um velho conhecido dos movimentos sociais e ecológicos, Xico Graziano, investiu na ignorância coletiva para seduzir o eleitor de Marina Silva. Ex-deputado federal do PSDB, ex-presidente do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) no triste reinado de FHC, ex-secretário de Agricultura e Meio Ambiente nos governos tucanos de São Paulo e coordenador de programa de José Serra, Graziano abusou dos sofismas em seu texto.
Logo de cara, ele tenta enganar o leitor (eleitor) insinuando enorme intimidade entre os tucanos e a ex-ministra. Até parece que Marina Silva foi fundadora do PSDB (e não do PT) e ministra do governo FHC (e não de Lula). Maroto, ele afirma que “ela conhece, e bem, nossa posição sobre a agenda da sustentabilidade. E a valorosa senadora do Acre sabe que o governo de Serra em São Paulo tomou medidas efetivas, como bons resultados, na defesa ecológica”. Haja cinismo!
A devastação do verde em São Paulo
Na maior caradura, o ex-secretário do Meio Ambiente lista as medidas dos governos tucanos, no estado e no país, para falar da “proximidade do PSDB com a agenda socioambiental”. São Paulo até parece um “paraíso verde”, exemplo mundial de desenvolvimento sustentável. Graziano, um homem com sinistros vínculos com os barões do agronegócio, só não explica porque o estado se transformou num grande canavial e na terra dos eucaliptos. São Paulo foi devastado pelo agro-business, envenenado pelo agrotóxico e virou um cemitério dos pequenos agricultores.
As bravatas do tucano visam colher parte dos 19 milhões votos dados à candidata verde. “Marina respeita a história tucana na questão da sustentabilidade. Serra visualiza o ambientalismo a partir de um raciocínio desenvolvimentista. Seu grande mentor se chama Ignacy Sachs, economista que é pai do ecodesenvolvimento... Nem o PSDB nem José Serra temem o debate ambiental, pois nós somos protagonistas da agenda da sustentabilidade... Demonstramos vontade e tranqüilidade para receber o apoio dos verdes no segundo turno das eleições. Aliados ao PV, nós juntaremos forças e, certamente, vamos acelerar a construção da economia verde do futuro”. É um demagogo!
Capacho dos barões do agronegócio
Neste artigo, Xico Graziano tenta parecer um democrata convicto, disposto ao diálogo com todos os setores da sociedade. Mas esta não é a característica principal do coordenador de programa de José Serra. Ele sempre foi arrogante e autoritário. Como assessor especial do ex-presidente FHC e chefão do Incra, ele se projetou como capacho dos barões do agronegócio, responsáveis pelo desmatamento e outras pragas. Ficou famosa a sua frase “a reforma agrária é um atraso”.
Graziano também ficou conhecido como inimigo hidrófobo dos movimentos sociais do campo. Para ele, o MST é expressão do “banditismo rural”. Num outro artigo, escrito às vésperas da eleição de 2006, ele rosnou: “Ao lado do MST, você tem um setor muito atrasado da Igreja Católica, aglutinado na Comissão Pastoral da Terra, cujo expoente é Tomás Balduíno. À esquerda atrasada da Igreja, soma-se a esquerda atrasada petista... E o governo Lula não tem coragem de assumir a modernidade”. Agora, ele faz discurso para atrair os ambientalistas.
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Em artigo publicado no blog de Ricardo Noblat, um velho conhecido dos movimentos sociais e ecológicos, Xico Graziano, investiu na ignorância coletiva para seduzir o eleitor de Marina Silva. Ex-deputado federal do PSDB, ex-presidente do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) no triste reinado de FHC, ex-secretário de Agricultura e Meio Ambiente nos governos tucanos de São Paulo e coordenador de programa de José Serra, Graziano abusou dos sofismas em seu texto.
Logo de cara, ele tenta enganar o leitor (eleitor) insinuando enorme intimidade entre os tucanos e a ex-ministra. Até parece que Marina Silva foi fundadora do PSDB (e não do PT) e ministra do governo FHC (e não de Lula). Maroto, ele afirma que “ela conhece, e bem, nossa posição sobre a agenda da sustentabilidade. E a valorosa senadora do Acre sabe que o governo de Serra em São Paulo tomou medidas efetivas, como bons resultados, na defesa ecológica”. Haja cinismo!
A devastação do verde em São Paulo
Na maior caradura, o ex-secretário do Meio Ambiente lista as medidas dos governos tucanos, no estado e no país, para falar da “proximidade do PSDB com a agenda socioambiental”. São Paulo até parece um “paraíso verde”, exemplo mundial de desenvolvimento sustentável. Graziano, um homem com sinistros vínculos com os barões do agronegócio, só não explica porque o estado se transformou num grande canavial e na terra dos eucaliptos. São Paulo foi devastado pelo agro-business, envenenado pelo agrotóxico e virou um cemitério dos pequenos agricultores.
As bravatas do tucano visam colher parte dos 19 milhões votos dados à candidata verde. “Marina respeita a história tucana na questão da sustentabilidade. Serra visualiza o ambientalismo a partir de um raciocínio desenvolvimentista. Seu grande mentor se chama Ignacy Sachs, economista que é pai do ecodesenvolvimento... Nem o PSDB nem José Serra temem o debate ambiental, pois nós somos protagonistas da agenda da sustentabilidade... Demonstramos vontade e tranqüilidade para receber o apoio dos verdes no segundo turno das eleições. Aliados ao PV, nós juntaremos forças e, certamente, vamos acelerar a construção da economia verde do futuro”. É um demagogo!
Capacho dos barões do agronegócio
Neste artigo, Xico Graziano tenta parecer um democrata convicto, disposto ao diálogo com todos os setores da sociedade. Mas esta não é a característica principal do coordenador de programa de José Serra. Ele sempre foi arrogante e autoritário. Como assessor especial do ex-presidente FHC e chefão do Incra, ele se projetou como capacho dos barões do agronegócio, responsáveis pelo desmatamento e outras pragas. Ficou famosa a sua frase “a reforma agrária é um atraso”.
Graziano também ficou conhecido como inimigo hidrófobo dos movimentos sociais do campo. Para ele, o MST é expressão do “banditismo rural”. Num outro artigo, escrito às vésperas da eleição de 2006, ele rosnou: “Ao lado do MST, você tem um setor muito atrasado da Igreja Católica, aglutinado na Comissão Pastoral da Terra, cujo expoente é Tomás Balduíno. À esquerda atrasada da Igreja, soma-se a esquerda atrasada petista... E o governo Lula não tem coragem de assumir a modernidade”. Agora, ele faz discurso para atrair os ambientalistas.
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