sábado, 9 de outubro de 2010

CGTB vai "às ruas para eleger Dilma"

Reproduzo mensagem de Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB):

Companheiros,

No início desta campanha presidencial, em discurso em São Bernardo do Campo, afirmei "que não existe nenhuma tarefa mais importante para a classe operária brasileira nos meses que se avizinham do que lutar e trabalhar para impedir o retrocesso representado pelos tucanos e para manter o rumo implementado pelo governo Lula, elegendo Dilma presidente".

Além de reafirmar esta frase, quero conclamar todos os companheiros a se somarem com toda a força ainda neste segundo turno, pois eleger Dilma representa a continuidade da política que vem transformando o Brasil.

Contudo, antes de prosseguir, quero fazer uma breve análise deste primeiro turno. Ao contrário do que dizem, os números finais das eleições realizadas no dia 3 de outubro não deixam dúvida de que ocorreu uma grande vitória do campo representado pelo presidente Lula.

A candidata do PT à Presidência da República Dilma Rousseff obteve 47,6 milhões de votos, 1 milhão a mais do que Lula alcançou na sua reeleição; Dilma venceu em 18 estados da federação; elegeu a maioria dos governadores; a base aliada do governo Dilma será maior da que estava alinhada com a administração Lula. Serão 402 deputados federais, ante os 357 eleitos em outubro de 2006. O PT será o partido com maior número de cadeiras, com 88 parlamentares, seguido pelo PMDB, com 79.

O PT de Dilma e o PMDB de Michel Temer, seu vice, foram os grandes vencedores na votação para o Senado. As duas siglas conquistaram praticamente metade das 54 vagas em disputa. A oposição elegeu apenas nove, ou seja, 16%.

Na outra ponta, Serra amargou 7 milhões de votos a menos do que Geraldo Alckmin em 2006; uma enorme leva de oposicionistas que representavam o coronelismo político (Tasso Jereissati, Arthur Virgílio, Efraim Moraes, César Maia e Heráclito Fortes) foram reprovados nas urnas; os que escaparam fizeram de tudo para esconder o seu candidato oficial, além de utilizarem desavergonhadamente a imagem do presidente Lula.

Mesmo assim, apesar dos números e da realidade, ainda existem aqueles que tentam imputar à Dilma uma derrota.

Contudo, a exemplo de 2006, consideramos que o segundo turno será fundamental para o aprofundamento do debate político e ideológico. A oposição não terá como se esconder todo o tempo atrás de promessas falsas e, muito menos, colocar no centro da eleição uma pauta baseada em factóides.

O segundo turno será um momento importante para a base aliada ampliar ainda mais a sua unidade, para que a campanha fique cada vez mais ampla e integre o conjunto das forças políticas do país, sejam elas partidárias ou dos movimentos sociais.

A partir de agora poderemos comparar projetos. Sabemos que estamos enfrentando a dissimulação dos que privatizaram 121 estatais, que cortaram os investimentos das empresas, que desnacionalizaram diversos setores do país, como telecomunicações, fertilizantes, elétrico, e que colocaram o BNDES para financiar a entrega do patrimônio público.

Já o governo Lula/Dilma recuperou os bancos públicos (Banco do Brasil e CEF), fortaleceu a Petrobrás, nacionalizou suas encomendas, reascendeu a Eletrobrás, recriou a Telebrás e comprou até as estatais que os tucanos queriam vender (Nossa Caixa).

Estarão em confronto dois lados extremamente opostos. Um da oposição, que trata professor com arrocho salarial e outro (Dilma) que criou condições para os filhos dos trabalhadores freqüentarem a universidade ao ampliar as vagas em 400% em cinco anos, que triplicou o orçamento da Educação, criou o ProUni e construiu 214 escolas técnicas.

Dilma representa um governo que recuperou a autoestima do nosso povo, que gerou mais de 14 milhões de empregos, que recuperou a indústria naval, a construção civil, a agricultura, que retomou o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e teve coragem de enfrentar as crises externas com medidas que impediram o país de atolar como acontecia num passado recente.

Nós estamos diante de um projeto (Dilma) que garantiu um aumento real de 54% no salário mínimo e outro (oposição) que promete hipocritamente aumentá-lo para R$ 600,00, tendo participado de um governo que achatou o salário, criou o fator previdenciário e chamou os aposentados de vagabundos.

O governo de Lula/Dilma transformou o Brasil num canteiro de obras, investiu em saneamento básico, ampliou os repasses para estados e municípios e apoiou projetos independentemente dos partidos; A oposição fez a lei Lei Kandir, quebrou estados e municípios, engessou os investimentos e centralizou os recursos.

Dilma representa um Estado com planejamento a longo prazo, investimentos do PAC, saneamento básico, luz para todos, obras de infra-estrutura, modernização dos ministérios e dos serviços públicos e valorização do servidor; Eles representam o inverso, ou seja, desmantelamento, precarização de direitos, paralisação do país, importação de crises e submissão ao FMI.

Portanto, não tenho dúvida, de que o segundo turno será uma oportunidade única e fundamental para aprofundarmos este debate. E os dirigentes da CGTB serão o diferencial.

Vamos à luta!

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Assessor de Marina: "Tucano é repressão"

Reproduzo matéria de Danilo Augusto, publicada na Radioagência NP:

O coordenador da Rede Ecosocialista e assessor da candidata à presidência da República, Marina Silva, Pedro Ivo Batista, avalia que a coligação de Dilma Rousseff (PT) saiu na frente na disputa pelo apoio do PV.

O PT abriu a possibilidade de incluir no programa de governo pontos reivindicados pela candidata Marina Silva, que ficou em 3º lugar nas eleições. Já o candidato José Serra (PSDB) ofereceu quatro ministérios para conquistar o apoio do PV.

Pedro Ivo, que saiu do PT e entrou no PV junto com Marina, acredita que é positiva a proposta de Dilma. Entre os pontos que Marina quer discutir com o PT está a manutenção do Código Florestal.

“A Marina já deixou claro que esse debate é programático. Nenhum tipo de toma-lá-da-cá ela aceita. Ela acha que pode contribuir para o Brasil através dessa plataforma. É isso que ela quer discutir. Essa questão de oferecimento de quatro ministérios ao PV ela já condenou publicamente. O PT, por enquanto, de forma correta, procurou – parabenizou a própria ministra Dilma – e tem buscado fazer uma conversa mais programática. Isso é positivo”.

Batista avalia positivamente a política econômica, a política externa e as políticas de inclusão social do governo Lula, mas avalia que ficou a desejar na questão da sustentabilidade, da reforma agrária e na reforma política. Por isso, ele defende uma discussão programática em torno do apoio a Dilma no 2º turno.

“Sem dúvida, o governo Lula tem uma tradição democrática muito maior e tem uma relação muito mais respeitosa do ponto de vista das liberdades democráticas e sindicais, do que o governo tucano, Tucano é repressão. Por outro lado, isso não significa dizer que simplesmente essa questão é suficiente.”

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Latuff retrata os militantes de Serra



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Aldir Blanc pede pressa no apoio a Dilma



Reproduzo excelente notícia publicada no blog Buteco do Edu:

Tenho, e já disse isso aqui diversas vezes, um tremendo orgulho de ser amigo desse brasileiro máximo, Aldir Blanc, glória maior da música e das letras brasileiras, a quem carinhosamente chamo de meu orixá vivo, ele que é um mais-velho por quem tenho profundo respeito, conselheiro de todas as horas, brigador em nome das causas mais justas e incorruptível, no mais amplo sentido da palavra. Não se vende, não se rende, não desiste.

E é de novo com um tremendo orgulho que apresento hoje, no Buteco, a declaração pública de voto desse homem que reconhece a gravidade do momento que vivemos às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais. Peço a todos vocês, que me lêem, que façam correr as palavras do bardo tijucano, valendo-se da imagem abaixo - cuja cópia e divulgação são desde já autorizadas - a fim de que o maior número de pessoas possível possa ter acesso ao recado urgente que manda o Aldir.


"Pilatos não pode mais lavar as mãos com sabonete verde. Lamentável que Marina e o PSOL estejam 'pensando'. Os que morrem de fome, de pancada, os que foram torturados e mortos, esses não tiveram esse confortável tempo para optar. A reação, desde a Comuna de Paris, desde os Espartaquistas, sempre matou mais rápido, enquanto gente do "bem" pensava...

Votem em Dilma - ou regridam às privatizações selvagens, à perda da Petrobras, ao comando do latifúndio, dos ruralistas, dos banqueiros, de todas as forças retrógradas do país, incluindo os torturadores".


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Bastidores da demissão de Maria Rita Kehl

Reproduzo entrevista concedida à jornalista Conceição Lemes, publicado no blog Viomundo:

Maria Rita Kehl é psicanalista, ensaísta e cronista. Tem seis livros publicados. O mais recente, O Tempo e o Cão, foi lançado em 2009, pela Boitempo. Nele, aborda o significado da depressão como sintoma psíquico da sociedade contemporânea. Maria Rita é a ganhadora do Prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise com O Tempo e o Cão.

Formada em psicologia pela USP, durante muitos anos se dedicou exclusivamente ao jornalismo cultural. Foi editora do Movimento, jornal que, ao lado do Opinião e d’O Pasquim, foi um dos mais importantes órgãos da imprensa alternativa durante o regime militar. Participou também da fundação do jornal Em Tempo e escreveu como freelancer para veículos, como Veja, Isto É e Folha de S. Paulo.

Em 1979, Maria Rita decidiu fazer mestrado em psicologia social. Sua tese: O Papel da Rede Globo e das Novelas da Globo em Domesticar o Brasil Durante a Ditadura Militar.

Em 1981, começou a atender pacientes — e nunca mais parou. Em 1997, doutorou-se em psicanálise pela PUC-SP com uma pesquisa que resultou no livro Deslocamentos do Feminino – A Mulher Freudiana na Passagem para a Modernidade (Imago, 1998).

Nos últimos oito meses, manteve uma coluna quinzenal no Caderno 2, em O Estado de S. Paulo. Nessa quarta-feira, ela foi demitida depois de ter escrito o artigo Dois Pesos, publicado no último sábado (2), onde abordou a “desqualificação” dos votos dos pobres.

Em entrevista na manhã de quinta-feira (7) a Bob Fernandes, da Terra Magazine, ela denunciou.

– Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um “delito” de opinião (…) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?

[Ricardo Gandour, diretor do Estadão, deu entrevista mais tarde ao Terra Magazine, dizendo que não houve censura].

Em entrevista ao Viomundo, Maria Rita detalha os bastidores.

Na terça-feira, começou a circular na internet boatos de sua demissão. Antes, em algum momento, você foi alertada sobre “problemas” com os seus textos?

Nunca. Foi o que eu argumentei com a editora do Caderno 2, que me convidou para escrever a coluna. Na verdade, ela me chamou para escrever sobre psicanálise. Argumentei que só sobre psicanálise conflitava com o meu consultório. De vez em quando, disse-lhe, poderia escrever sobre o tema, mas eu gostaria mesmo era de escrever sobre tudo, inclusive política, assunto que me interessa muito. Ela aceitou.

Essa conversa foi…?

No final do ano passado, mas eu só comecei a escrever em fevereiro deste ano. Aí, fui escrevendo. Cada vez mais sobre política, pois ficando cada vez mais apaixonante. Eu já fui jornalista, tenho uma cabeça muito política também…

Após cada artigo, eu sempre perguntava: “E, aí, tudo bem?” Ela: “Tudo bem”.

Desta vez foi engraçado porque eu perguntei: “Tudo bem? Será que eles não vão pedir a minha cabeça?”. A resposta que veio: “Não vão, pode ficar tranqüila.” Eu fiquei. Imagino que a editora não iria me enganar…

Quando soube dos “problemas” com os seus artigos?

Na terça [5 de outubro]. Recebi um telefonema muito constrangido de que a coisa tinha ficado muito feia… cartas de leitores estavam reclamando muito da minha presença no jornal… tinha gente do Conselho Editorial muito enfurecida… a situação estava muito difícil. Ela lembrou de que a ideia inicial era que eu escrevesse sobre psicanálise…

“Bem, posso tentar escrever mais sobre psicanálise… Mas nunca mais escrever sobre política, isso não, isso eu não aceito”. Até porque o período em que o tema é mais polêmico é agora, depois relaxa…

Ela disse que iria conversar novamente com o Gandour [Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estadão], que eu não conheço pessoalmente.

Aí, aconteceu uma coisa que eu não sei explicar, é um mistério. Mas acho que partiu de dentro do jornal, de alguém que ouviu essa conversa. Uma hora depois já tinha gente me ligando, para saber se eu tinha sido demitida.

O que a leva a suspeitar de que alguém do Estadão tenha passado a informação adiante?

Foi um detalhe da nossa conversa [entre a editora e Maria Rita]. Só alguém de dentro do jornal, que tinha ouvido a editora conversar comigo, tinha a informação… Tanto que o boato foi de que eu “estava proibida de escrever sobre política, só poderia escrever sobre psicanálise”.

Você pensou em divulgar?

Eu não tinha nenhum interesse em começar a divulgar, enquanto não tivesse a resposta. Eu não poderia criar um escândalo sem antes conhecê-la.

Acredito que ficou para eles [direção do jornal] a impressão de que fui eu que fiz toda a movimentação na internet. Até quis tornar público. Não fiz. E não porque sou boazinha. É porque não tinha nenhum interesse em divulgar antes de ter a resposta final do jornal.

Nessa quarta [6], depois da reunião que a editora teve com o Gandour, veio a resposta. Gandour disse que por conta da repercussão, a minha posição havia ficado insustentável, intolerável.

A repercussão na rede da sua demissão foi apenas pretexto…

É, a coisa já não estava boa. E por ter tido muita repercussão, ficou, segundo o jornal, insustentável. É como se eu tivesse organizado uma passeata petista na frente da redação com bandeiras vermelhas, com ameaça de exigências.

A minha demissão virou top10 do twitter. Eu não esperava. Fiquei atônita. Virou um acontecimento. A minha coluna era quinzenal… Eu não sou Jânio de Freitas nem nada… O fato é que virou um acontecimento na internet com muitas acusações contra o Estadão.

O seu trabalho foi censurado, concorda?

A palavra censura não é boa. No meu conceito, censura seria você não pode escrever sobre isso ou aquilo, corta uma linha aqui, outra ali… O que o meu caso demonstrou é que o jornal não permite uma visão diferente da do jornal nas suas páginas. É isso. Essa é dita imprensa liberal.

As grandes empresas que controlam a informação no país estão nas mãos de poucas famílias… Teoricamente seriam imparciais, dando voz ao outro lado, só que elas têm um posicionamento muito claro de que não são imparciais. Veja o meu caso. O meu artigo é assinado, não estou falando pelo jornal. Mas nem isso cabe.

Na verdade, os grandes veículos se dizem imparciais, alardeiam isso para a sociedade, só que a prática é oposta…

Eu acho honesto que o jornal assuma uma posição. É pior dizer que é imparcial e dar a notícia só com um lado. Isso confunde muito mais o leitor.

É pena que não tenha gente com dinheiro suficiente para apoiar outros candidatos. …Um grande jornal que apóie a Dilma, um grande jornal que apóie a Marina, um grande jornal que apóie o Plínio…

Na verdade, todos os jornais estão apoiando o mesmo candidato. Esse é o problema da política brasileira, da burguesia brasileira, da concentração do dinheiro na sociedade brasileira… Os donos dos jornais são parciais, mesmo… Ninguém é imparcial. Mas, para que os leitores sejam adequadamente informados e se posicionem, é fundamental ter o outro lado. Infelizmente, o que os donos dos jornais revelam é que não cabe voz a outra posição, nem mesmo em artigos assinados. Que liberdade de expressão é esta?

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