Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
A boa notícia, para Fernão Lara Mesquita, um dos herdeiros do Estadão, é que nunca um artigo seu repercutiu tanto na internet.
A má é que a repercussão se deu na forma de gargalhadas.
Fernão é, neste momento, uma piada digital.
Merecidamente.
Num texto pomposo e pretensamente profundo, Fernão atribuiu todos os problemas do Brasil a Getúlio Vargas.
Getúlio se matou e entrou para a história em 1954, mas segundo Fernão ele reencarnou em Lula.
Num universo distópico, há um foco de resistência aos dois demônios: São Paulo.
São Paulo, diz Fernão, resistiu primeiro a Getúlio, na fracassada rebelião de 1932. E, mais recentemente, vem resistindo ao PT.
Um capítulo importante dessa saga paulista contra o mal se dará, avisa Fernão, nas eleições de outubro.
Bem, já foi dito que editores ruins fazem mais mal aos jornais que a internet. Antes que a internet varresse a mídia impressa, o Estadão já fora vítima disso, dos maus editores.
Mais especificamente, maus donos, uma vez que os Mesquitas sempre se puseram na condição de jornalistas.
Nos anos 1980, a Folha passou o Estadão muito mais pelos defeitos deste do que por seus próprios méritos.
O Estadão não enxergou a importância do movimento das Diretas Já, e sofreu uma humilhante ultrapassagem sem retorno.
Compare as contribuições de Getúlio e dos Mesquitas, para voltarmos a Fernão.
Getúlio deu o voto para as mulheres. Eliminou o voto de cabresto. Criou leis trabalhistas que civilizaram o ambiente do trabalho no Brasil: limite de jornada, férias, fundo de garantia foram algumas das conquistas.
Estimulou a formação de sindicatos, para que os trabalhadores não ficassem à mercê das empresas. Industrializou o Brasil. Criou a Petrobras.
Também de extrema importância, Getúlio derrotou os paulistas em 1932.
Se São Paulo tivesse vencido, o Brasil retrocederia aos tempos brutalmente arcaicos da República Velha.
Getúlio, numa frase, inaugurou o Brasil moderno.
Mais?
Por coisas assim, os barões da mídia jamais perdoaram Getúlio. Há uma passagem significativa em sua história, contada por seu biógrafo, Lira Neto.
Deposto pela direita em 1945, Getúlio foi se recuperar do desgaste em seu berço, no sul. Recebeu, um dia, jornalistas.
Perguntou a um deles o que achava de um decreto do governo que estipulava um piso para o trabalho dos jornalistas.
O jornalista teceu grandes elogios à medida.
Getúlio então disse que fora exatamente por causa do piso para os jornalistas que os barões da imprensa se bateram tanto para derrubá-lo.
Olhemos agora para o outro lado: as contribuições do Estadão.
A passagem mais marcante dos Mesquitas, na história recente, foi a participação ativa na conspiração que levou à ditadura militar.
Mas, para Fernão, o mal está em Getúlio Vargas, agora reencarnado em Lula.
Para o Estadão, portanto, a luta continua.
Enquanto essa luta épica, sem fim e sem sentido consome a energia do jornal e de seus donos, outras coisas acontecem sem serem notadas.
A passagem do tempo, por exemplo. A mudança de mentalidade das pessoas.
E, nos últimos anos, a internet.
Se você se absorve completamente numa guerra, não consegue administrar outros problemas. Pior: não os vê.
O Estadão está condenado a morrer lutando, ontem, hoje, sempre, contra um fantasma, o de GV – sem enxergar a realidade que vai liquidá-lo.
A boa notícia, para Fernão Lara Mesquita, um dos herdeiros do Estadão, é que nunca um artigo seu repercutiu tanto na internet.
A má é que a repercussão se deu na forma de gargalhadas.
Fernão é, neste momento, uma piada digital.
Merecidamente.
Num texto pomposo e pretensamente profundo, Fernão atribuiu todos os problemas do Brasil a Getúlio Vargas.
Getúlio se matou e entrou para a história em 1954, mas segundo Fernão ele reencarnou em Lula.
Num universo distópico, há um foco de resistência aos dois demônios: São Paulo.
São Paulo, diz Fernão, resistiu primeiro a Getúlio, na fracassada rebelião de 1932. E, mais recentemente, vem resistindo ao PT.
Um capítulo importante dessa saga paulista contra o mal se dará, avisa Fernão, nas eleições de outubro.
Bem, já foi dito que editores ruins fazem mais mal aos jornais que a internet. Antes que a internet varresse a mídia impressa, o Estadão já fora vítima disso, dos maus editores.
Mais especificamente, maus donos, uma vez que os Mesquitas sempre se puseram na condição de jornalistas.
Nos anos 1980, a Folha passou o Estadão muito mais pelos defeitos deste do que por seus próprios méritos.
O Estadão não enxergou a importância do movimento das Diretas Já, e sofreu uma humilhante ultrapassagem sem retorno.
Compare as contribuições de Getúlio e dos Mesquitas, para voltarmos a Fernão.
Getúlio deu o voto para as mulheres. Eliminou o voto de cabresto. Criou leis trabalhistas que civilizaram o ambiente do trabalho no Brasil: limite de jornada, férias, fundo de garantia foram algumas das conquistas.
Estimulou a formação de sindicatos, para que os trabalhadores não ficassem à mercê das empresas. Industrializou o Brasil. Criou a Petrobras.
Também de extrema importância, Getúlio derrotou os paulistas em 1932.
Se São Paulo tivesse vencido, o Brasil retrocederia aos tempos brutalmente arcaicos da República Velha.
Getúlio, numa frase, inaugurou o Brasil moderno.
Mais?
Por coisas assim, os barões da mídia jamais perdoaram Getúlio. Há uma passagem significativa em sua história, contada por seu biógrafo, Lira Neto.
Deposto pela direita em 1945, Getúlio foi se recuperar do desgaste em seu berço, no sul. Recebeu, um dia, jornalistas.
Perguntou a um deles o que achava de um decreto do governo que estipulava um piso para o trabalho dos jornalistas.
O jornalista teceu grandes elogios à medida.
Getúlio então disse que fora exatamente por causa do piso para os jornalistas que os barões da imprensa se bateram tanto para derrubá-lo.
Olhemos agora para o outro lado: as contribuições do Estadão.
A passagem mais marcante dos Mesquitas, na história recente, foi a participação ativa na conspiração que levou à ditadura militar.
Mas, para Fernão, o mal está em Getúlio Vargas, agora reencarnado em Lula.
Para o Estadão, portanto, a luta continua.
Enquanto essa luta épica, sem fim e sem sentido consome a energia do jornal e de seus donos, outras coisas acontecem sem serem notadas.
A passagem do tempo, por exemplo. A mudança de mentalidade das pessoas.
E, nos últimos anos, a internet.
Se você se absorve completamente numa guerra, não consegue administrar outros problemas. Pior: não os vê.
O Estadão está condenado a morrer lutando, ontem, hoje, sempre, contra um fantasma, o de GV – sem enxergar a realidade que vai liquidá-lo.
1 comentários:
É isso aí, Paulo. A elite defendida pelo Estadão tem o DNA do reacionarismo, do golpismo, do preconceito e da prepotência. Vesgos, só enxergam a realidade de forma enviesada. A cegueira moral é incurável.
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